A anorexia nervosa, transtorno que faz a pessoa comer cada vez menos e nunca estar satisfeita com seu peso, não é uma doença exclusiva de modelos e adolescentes, como no passado.
Embora a maioria das pacientes ainda seja adolescente, o distúrbio é cada vez mais diagnosticado em mulheres maduras. Em clínicas e ambulatórios como o do Programa de Orientação e Atenção ao Pacientes com Transtorno Alimentar (Proata), da Unifesp, duas em cada dez pacientes hoje têm mais de 40 anos de idade.
Para o psiquiatra Táki Cordás, coordenador do Ambulatório de Transtornos Alimentares (Ambulim) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, há alguns anos, os grandes relatos médicos sobre anorexia nem faziam referência às mais velhas. Entretanto, atualmente, elas já são notadas.
Segundo Cordás, a mulher mais velha se preocupa mais do que antes com sua imagem corporal. Para ela entre outras coisas, há o papel da competição, afetiva ou profissional, com as mais jovens. Essas mulheres maduras que “estão no mercado” se voltam para todos os recursos de embelezamento e rejuvenescimento disponíveis, incluindo dietas agressivas, explica o psiquiatra. E as dietas elevam em 20 vezes o risco de desenvolver anorexia, complementa o médico.
A dermatologista Luciana Conrado, que pesquisa transtornos de imagem, considera o problema uma doença social. A nossa sociedade valoriza a imagem, e a beleza é a forma jovem e magra, o que complica ainda mais a vida de quem tem 40 ou mais, revela Luciana. Não dá para ela ficar com corpo de magra de 20 anos, por mais que passe fome e malhe na academia, declara a médica.
A doença não deve ser dissimulada em nenhuma idade, mas a mulher madura consegue fingir a doença por mais tempo e demora mais para buscar ajuda. Mas, quanto mais tarde o tratamento, mais difícil é a cura, já que em jovens, o prognóstico é sempre melhor, conclui o psiquiatra Táki Cordás.
Por Mondarto
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