domingo, 25 de julho de 2010

Para engordar com saúde, abuso de gorduras é dispensável

25/07/2010 08h00

Especialistas dizem que dieta saudável e exercícios são melhores métodos.
Magreza excessiva pode ser tanto genética como patológica.

Iberê Thenório e Mário Barra Do G1, em São Paulo

A tentativa de engordar rápido e disfarçar pernas e braços finos leva muitas pessoas a se precipitar quanto à estratégia correta para ganhar peso. Preocupadas em números mais interessantes na balança, muitas utilizam remédios e iniciam dietas com muitas calorias, nem sempre com atenção voltada à saúde.
"Frituras e doces podem exigir mais trabalho digestivo para o organismo, mais gasto de energia e, no fim, chances menores para formação gordura e músculos ausentes", explica Virgínia Nascimento, nutricionista clínica e vice-presidente da Asssociação Brasileira de Nutrição (ASBRAN).
A técnica em radiologia Izabella com 46 quilos e depois de ganhar peso, com 51 
Izabella com 46 quilos e depois de ganhar peso,
com 51 (Fotos: Izabella Conceição/arquivo pessoal)
É o caso de Izabela Conceição da Silva, de 27 anos. "Eu ficaria satisfeita com 56 ou 58 quilos. Vou ganhar o meu peso e depois vou ver colesterol, essas coisas", diz a técnica em radiologia na cidade de Silva Jardim (RJ).
O cuidado com gorduras e o controle no aumento do colesterol HDL e dos triglicérides são preocupações dos especialistas ao tratar pacientes com baixo peso. "A dieta adequada deve conter vitaminas e minerais, calorias que podem ser aumentadas e não simplesmente açúcar e gordura", explica Virgínia.
Izabela tem 1,72 metro e já chegou a pesar 42 quilos. Atualmente, está com 54. "Após tomar apevitin, ganhei algum peso, voltei a fazer exercícios e como muito hambúrguer, pois o remédio abre muito o apetite", explica Izabela, que também toma repositores energéticos, shakes e coquetel de maltodextrina.
Atividade física x calorias
Já no caso da bióloga Cibelle Mazzucato, de 26 anos, a dieta hipercalórica não funcionou e a prática de exercícios com alimentação saudável foi imprescindível. "Quando eu estava bem magra, meus triglicérides eram altos", explica a habitante de Maracaju (MS).
Cibelli mede 1,63 m e pesava 43 quilos há dois anos. Após o início da prática de exercícios e de uma nova dieta, a bióloga pulou para 52 quilos, mas ainda deseja ganhar mais três. "A primeira nutricionista que visitei, aos 19 anos, me passou uma muita caloria e eu não dei conta", explica a bióloga.
"Engordei quatro quilos e comecei a acumular gordura no abdome por não fazer atividade física, o que também não me deixou satisfeita", diz Cibelle. "Após me formar, fui a um endocrinologista e passei a comer direito e fazer atividade física."
Cibelle, com 43 quilos e atualmente, com 52 
Cibelle, com 43 quilos há dois anos e atualmente,
com 52 (Foto: Cibelle Mazzucato / arquivo pessoal)
Desconforto
Deixada em segundo plano na comparação com o debate sobre obesidade, a magreza excessiva também é uma condição capaz de gerar desconforto e pressa para engordar.
"Assim como uma pessoa tem dificuldade para perder peso, o magro também faz dietas malucas, a sensação é a mesma", afirma Izabela. "O que mais perturba é a roupa, as pessoas têm a ideia de que toda roupa cai bem com com o magro, mas pernas e braços sempre incomodam."
"Ninguém dá bola ao problema dos magrinhos, mas nunca fui contente em ser a magrelinha da família", diz Cibelli. "Na adolescência a situação foi piorando e na faculdade passei por uma situação constrangedora, não queria mais ir à aula."
Diagnóstico
Para saber se uma pessoa é magra por natureza ou se possui algum distúrbio alimentar ou doença, os médicos solicitam exames de sangue para detectar indícios de anemia, deficiência de vitaminas no corpo, medir níveis de proteína e a qualidade de cabelos, pele, unha e mucosas.
Câncer, doenças intestinais e deficiências como intolerância ao glúten ou à lactose são exemplos de causas para a magreza excessiva.
O Índice de Massa Corporal (IMC), padrão internacional usado para calcular a relação entre altura e massa ideal nas pessoas, também serve como base para identificar casos de obesidade ou magreza em pessoas acima de 18 anos (veja tabela abaixo).
Valor do IMC Diagnóstico
Abaixo de 18,5 Excesso de magreza
Entre 18,5 e 24,9 Peso normal
Entre 25 e 29,9 Excesso de peso
Entre 30 e 34,9 Obesidade (grau I)
Entre 35 e 40 Obesidade (grau II)
Acima de 40 Obesidade (grau III)
Segundo a endocrinologista Cláudia Cozer, uma das diretoras da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), o mais comum são pessoas magras em função da genética desejarem engordar.
A médica recebe em seu consultório tanto pacientes saudáveis, que se alimentam bem e não precisam de remédios para abrir o apetite, e pessoas magras que comem muito pouco.
"Há muitas pessoas abaixo do peso por causa da genética que em geral comem bem, mas pouco", diz Cláudia. "Existem vitaminas que ajudam a abrir o apetite nesses casos, porém não existe medicamento milagroso."
Mantendo o peso
Cláudia também destaca a importância de associar atividade física com boa alimentação. "Quando a pessoa começa a ganhar peso, se não fizer exercício começa a ter barriga, especialmente depois dos 30 anos", explica a endocrinologista. "Se o objetivo for fortalecer braço ou perna a pessoa deve fazer musculação ou aulas de jazz, dança, pilates."
"Vou à academia cinco vezes por semana, durante no máximo uma hora", afirma Cibelle. "Quem faz atividade física para manter peso, não pode parar, as pessoas sempre esperam milagres, têm pressa, querem remédio."
É preciso cuidado com a rotina de exercícios, especialmente no caso dos aeróbicos, seja para intensificar como para reduzir. "A primeira vez que comecei a fazer exercícios físicos em cai de 50 para 42 quilos", diz Izabela.
"Minha maior dificuldade é manter o peso", afirma Cibelle. "Parei as atividades físicas durante 20 dias porque viajei a outra cidade e perdi 3 quilos."

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