sábado, 13 de março de 2010

Mulheres adeptas do anticoncepcional oral têm menos chances de morrer que as não usuárias Método está prestes a completar meia década

Correio Braziliense
Rodrigo Craveiro

Publicação: 13/03/2010 08:21
Revolução no comportamento sexual das mulheres e no planejamento familiar. Vantagens para a saúde. Ontem, na antevéspera do aniversário de meio século da pílula, um estudo realizado pela Universidade de Aberdeen, na Escócia, revelou que as usuárias do anticoncepcional oral têm menos chances de morrer por qualquer causa, incluindo todos os tipos de câncer e as doenças cardíacas, em comparação com aquelas mulheres que jamais aderiram à droga. Os resultados da pesquisa foram publicados pela revista científica British Medical Journal. “Além de ser um contraceptivo altamente eficiente, a pílula protege contra tumores de intestino, ovário e endométrio”, explicou ao Correio, por e-mail, Philip Hannaford, diretor da Divisão de Ciências Aplicadas da Saúde da Universidade de Aberdeen e principal autor do estudo. “Esses benefícios parecem durar muitos anos, mesmo após a interrupção do uso”, acrescentou.

Hannaford e seus colegas estudaram 46 mil mulheres que se dispuseram a participar voluntariamente da pesquisa em 1968, quando o Colégio Real de Clínicos Gerais (RCGP, pela sigla em inglês) começou o Estudo de contraceptivo oral RCGP, uma das maiores investigações médicas sobre os efeitos desses medicamentos à saúde. “Nós as seguimos por 39 anos. Isso significa 1,2 milhão de anos-mulheres (uma medida para calcular os efeitos da droga). Observamos um grupo de usuárias frequentes e o comparamos com as mulheres que jamais haviam utilizado a pílula. Percebemos uma redução do perigo de mortes no primeiro grupo”, afirmou o cientista. De acordo com ele, a taxa de risco comparado entre as duas amostras era de 0,88. “Trata-se de uma redução de 12%, algo estatisticamente importante no risco relativo”, garantiu.

O especialista adverte que a conclusão não indica necessariamente que a pílula tenha sido a responsável direta pelo benefício. Isso porque ele encontrou importantes diferenças nas características ou nos estilos de vida de adeptas da pílula, em comparação às não usuárias. “Por exemplo, as usuárias fazem checapes médicos com maior frequência”, comentou Hannaford. “Em termos gerais, se as mulheres escolherem usar o contraceptivo oral, não causarão danos a si mesmas a longo prazo.”

Desmentidos
Apesar de reconhecer os mitos de que a pílula seria nociva se usada por períodos prolongados e que o uso deveria ser interrompido após poucos anos, Hannaford não encontrou um padrão consistente de risco aumentado. “Durante a utilização da pílula, as mulheres têm um pequeno aumento no risco de coágulos sanguíneos, doença cardíaca, derrame, câncer de colo do útero e de mama. Esses efeitos permanecem enquanto a pílula é usada, mas desaparecem cerca de 10 anos depois. As usuárias de pílulas podem reduzir riscos ao deixarem de fumar, ao se manterem com peso normal, ao monitorarem a pressão arterial, ao se exercitarem e ao terem uma dieta saudável, além de se submeterem a exames ginecológicos”, recomendou o escocês.

Durante o estudo, os cientistas constataram uma redução de 52 mortes para cada 100 mil anos-mulheres. Naquelas voluntárias com mais de 50 anos, os benefícios superaram os riscos modestos — se entre 100 mil adeptas da pílula — com faixa etária entre 40 e 49 anos — houve 14 menos mortes, entre aquelas entre 50 e 59 anos apresentaram 86 menos mortes. A redução de risco aumenta com a idade: mulheres entre 60 e 69 anos tinham 122 menos mortes por amostra de 100 mil; entre aquelas com mais de 70 anos, o índice era de 308 menos óbitos.

Os resultados do estudo se aplicam diretamente à primeira geração de contraceptivos orais. Como as pílulas mudaram no decorrer dos anos, os métodos de avaliação de riscos também são diferentes. Segundo Hannaford, muitas mulheres, especialmente aquelas que usavam a primeira geração de pílulas, provavelmente vão se manter tranquilizadas com as conclusões da pesquisa. Apesar de reconhecer a alteração na forma de fabricação dos novos contraceptivos, ele acredita que os efeitos serão semelhantes.

Na conclusão do artigo publicado pelo British Medical Journal, os cientistas escreveram: “A contracepção oral não foi associada ao aumento de risco a longo prazo de morte; ao contrário, um benefício em rede foi aparente”. Ainda de acordo com o texto, “o balanço de riscos e benefícios, no entanto, pode variar em âmbito global, dependendo dos padrões do uso de contracepção oral e do risco de doenças”.

BENÇÃO IRLANDESA
Maraci Sant´Ana

Parece que foi ontem que a pílula foi aprovada para uso. Mas isso aconteceu há meio século. Que revolução! Finalmente um controle seguro da natalidade. Em pouco tempo, mulheres de todo o mundo podiam relaxar e gozar, literalmente, sem o risco de engravidar e, por que não dizer, sem medo de que os outros descobrissem que elas andavam fazendo "aquilo". Era dada a largada para a corrida da repressão ao escancaro, caminho que percorremos em tempo record, como sempre.

A cinquentona mudou a história da Humanidade, sepultando a equação sexo igual a reprodução. O prazer passou a ser o primeiro e, para muitos, o único apelo. Chegou mesmo a parecer que a invenção era garantia de uma vida sexual perfeita. Mas a coisa mostrou-se bem mais complexa. Porque não basta controlar a natalidade. Ninguém domina um leão apenas o impedindo de rugir. É preciso aprender a lidar com ele. E, diferentemente do que muitos pensam, a origem do instinto sexual não está no corpo, mas na essência do ser. Isso quer dizer que o controle desse poder não está nas mãos das incautas personalidades que habitam o planeta, mas nas do Universo.

Não sou do tipo moralista. Aliás, nem de longe. Mas o sexo está tão banalizado que dá até tristeza. E quem tem um mínimo de entendimento a respeito da força que ele representa, de tudo o que está envolvido no encontro sexual, da energia criadora, da troca, da renovação, do poder de cura, sabe os riscos da prática desprovida de bons sentimentos, do desregramento, desse "oba oba" tão cultuado que vemos em qualquer esquina, entre criaturas de quase todas as idades.

As pessoas creem saber o que é o sexo, mas, também nisso, estamos apenas engatinhando. Há muito mais entre o Céu e a Terra do que pode supor nossa vã filosofia. Mal conhecemos nosso corpo. Mal entendemos nossos sentimentos. Mal nos respeitamos. Imagine como estamos em relação ao outro! É por isso que vemos tantas doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS, que, pra piorar, parece estar caindo no esquecimento, embora siga devastadoramente fazendo mais e mais vítimas, especialmente entre os nossos jovens.

A pílula é uma conquista que merece ser comemorada. Mas não dá pra dispensar uma ajuda Superior em se tratando de sexo. Então, deixo a cada um a beleza da benção irlandesa: "Que a estrada se erga ao encontro do seu caminho; que o vento esteja sempre às suas costas; que o sol brilhe quente sobre sua face; que a chuva caia suave sobre seus campos; e, até que nos encontremos de novo, que Deus o guarde na palma da Sua mão". E peço, de coração, que SEMPRE USEM CAMISINHA.
Maraci Sant´Ana é psicóloga clínica

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