terça-feira, 17 de novembro de 2015

Carnes processadas foram classificadas como cancerígenas; aqui está o que você precisa saber


Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde classificou oficialmente carnes processadas como “cancerígenas”, ao lado de substâncias notórias como tabaco, arsênio e pesticidas. A decisão foi tomada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), baseada em uma revisão de 800 estudos de todo o mundo que encontraram “provas suficientes em humanos que o consumo de carne processada provoca câncer colorretal”.
Ao mesmo tempo, a carne vermelha foi avaliada como “provavelmente cancerígena”, porque, enquanto que uma ligação direta entre ela e o câncer ainda não tenha sido encontrada em seres humanos, os estudos descobriram fortes evidências disso em animais de laboratório. Então, o que isso significa para todos que não são vegetarianos?

Risco sério
Para encurtar a história, sim, estas classificações são graves e baseadas ciência de verdade. Apesar disso, não, você não é obrigado a parar de comer bacon, salsichas, carne bovina ou qualquer outro tipo de carne em um esforço para evitar um maior risco de câncer. E o portal Science Alert foi buscar o porquê.

Primeiro, quando falamos de carnes processadas, estamos falando de qualquer coisa que tenha sido salgada, curada, fermentado ou defumada – o que inclui salsichas, salames, bacon, presunto, carne enlatada, carne seca e molhos à base de carne. A carne vermelha, por outro lado, é classificada como qualquer carne comestível de mamíferos, como carne de vaca, vitela, porco e de caça, como veado ou cervo.
De acordo com a avaliação da IARC, para cada 50 gramas de carne consumidas diariamente – ou seja, duas fatias de bacon por dia – o risco médio de desenvolver câncer de cólon é 18% maior. Como explica o jornalista científico Joshua A. Krisch no portal Vocativ, neste momento, as suas chances sofrer de câncer colorretal na vida é de cerca de 5%. Isto significa que se você comer 50 gramas de carne processada a cada dia, esse risco aumenta em 18% destes 5% – por isso, o risco total é de 5,9%.

Classificação complicada
Depois, precisamos entender o sistema de classificação utilizado pelo IARC, que é o braço da OMS centrado no câncer. Seu trabalho é classificar tudo de acordo com cinco categorias possíveis: Grupo 1 são os agentes comprovadamente cancerígenos, no Grupo 2A estão os “provavelmente cancerígenos”, no Grupo 2B estão os “possivelmente cancerígenos”, o Grupo 3 é para coisas que não podem ser classificadas devido à falta de dados, e o Grupo 4 é de “provavelmente não cancerígenos”. O Grupo 4 tem apenas um item: a caprolactama, uma substância usada para fazer fibras sintéticas, como o nylon nas suas calças de ioga e nas cerdas da sua escova de dentes.
Vale notar duas coisas sobre esses grupos: Como aponta Ed Yong, do site The Atlantic, a linguagem utilizada, por exemplo, “provavelmente” e “possivelmente”, é bastante ambígua. Mas o mais importante, embora seja fácil de interpretar as coisas nessas categorias como iguais, de nenhuma maneira elas têm o mesmo risco de câncer. Por exemplo, o consumo de tabaco e de carne processada estão ambos do Grupo 1 de agentes cancerígenos, porém isso não quer dizer que eles transmitem o mesmo risco de câncer – nem de longe.
Conforme explica a organização Cancer Research UK, o risco de contrair câncer de pulmão se você fuma é extremamente elevado. Estudos descobriram que dos 44.488 novos casos de câncer de pulmão no Reino Unido em 2012, 86% delas foram causadas pelo tabaco. Além disso, a pesquisa mostrou que 19% de todos os tipos de cânceres são causados ​​pelo fumo. Por ano, se ninguém fumasse no Reino Unido, teríamos 64.500 menos casos de câncer.

Por essa mesma lógica, se nós acabássemos com a carne processada, apenas 8.800 casos de câncer seriam evitados no Reino Unido a cada ano. Tanto o tabagismo quanto a carne processada foram diretamente ligados ao câncer, mas isso não significa que o nível de risco é igual. “As classificações refletem o quão forte é a base de evidências”, explica David Wallinga, oficial de saúde sênior do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais dos Estados Unidos, em entrevista ao site Motherboard. “Isso não diz nada sobre o quão fortemente cancerígena determinada substância é. [A classificação] não está dizendo que comer cachorros-quentes é tão potente para causar câncer como ser exposto ao amianto”.
Então, fica o alerta para não acreditar em manchetes que tentem fazer esse tipo de conexão, como, por exemplo: “OMS classifica carnes processadas classificar ao lado do tabagismo como causadoras de câncer”.

Elementos cancerígenos
Com isso em mente, o que torna a carne processada definitivamente cancerígena? A causa exata ainda não está clara, mas é isso que diz o relatório do IARC:
“A carne consiste em vários componentes, tais como o ferro heme. A carne também pode conter produtos químicos que se formam durante o processamento ou cozimento da carne. Por exemplo, os produtos químicos cancerígenos que se formam durante o processamento da carne incluem compostos N-nitrosos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos”.
“O ato de cozinhar a carne vermelha ou carne processada também produz aminas aromáticas heterocíclicas, bem como outros produtos químicos que incluem hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, os quais também são encontradas em outros alimentos e na poluição do ar”, continua o artigo. “Alguns destes produtos químicos são cancerígenos conhecidos ou suspeitos, mas apesar deste conhecimento, ainda não é totalmente compreendido como o risco de câncer é aumentado com a carne vermelha ou com a carne processada”.

Não entre em pânico
Apesar de ainda não sabermos a verdadeira razão por que as carnes processadas e a carne vermelha, possivelmente, estão ligadas ao câncer de intestino, nós certamente não devemos ignorar o relatório dos cientistas enquanto eles não descobrem este motivo. Contudo, isso também não significa que devemos entrar em pânico. A chave é a quantidade de carne processada que você está comendo.
Ainda que aqui no Brasil não tenhamos o hábito de, por exemplo, consumir bacon ou salsicha no café da manhã, o presunto está constantemente presente no nosso dia a dia. Por isso, se você não está confortável com o fato de que está definitivamente aumentando suas chances de contrair câncer, é preciso diminuir esse consumo.

Um sanduíche de salsicha ou bacon aqui e ali não vão te matar, mas você não deve comê-los com mais frequência que isso – o que nós já sabíamos, convenhamos. “Eu não acho que seja novidade que salsichas não são boas para você”, apontou o médico Yoni Freedhoff ao Motherborad. Um bom truque é trocar um pouco da carne processada e vermelha por opções menos questionáveis, como frango, peru e peixe.
Levando tudo isso em consideração, o conselho dos especialistas basicamente o mesmo de sempre: pelo amor de Deus, tenha uma alimentação saudável! “Nossos conselhos sobre dieta permanecem os mesmos: comer muita fibra, frutas e legumes; reduzir a carne vermelha e processada e o sal; e limitar a ingestão de álcool. Pode parecer chato, mas é verdade: uma vida saudável só depende de moderação”, garante Casey Dunlop, do Cancer Research UK. “Exceto por fumar: isso é sempre ruim para você”. [Science Alert, Motherboard, The Atlantic, Cancer Reasearch UK]

fonte:hypescience.com
por: Jéssica Maes
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