sexta-feira, 20 de junho de 2008

Diabetes tipo 1 e tipo 2

O diabetes melito é um distúrbio metabólico caracterizado pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue e alteração no metabolismo (funcionamento físico-químico dentro do organismo) das proteínas e gorduras. É uma doença crônica e tem um grande potencial de complicações. Entretanto, se for muito bem controlado durante toda a vida, as complicações são evitadas ou minimizadas e os diabéticos podem levar uma vida normal.

É dividido em diabetes tipo 1 e 2. O tipo 1 geralmente aparece em crianças e indivíduos jovens, na maior parte das vezes magros, com predisposição genética para desenvolver a doença. É causado por um processo auto-imune (quando nós desenvolvemos substâncias - anticorpos "anormais" - que destroem estruturas nossas que são normais) que leva à destruição de uma parte das células do pâncreas, o órgão produtor de insulina. Ou seja, as doenças auto-imunes ocorrem quando o organismo reconhece como estranho um ou mais órgãos e produz anticorpos para "atacá-los". Isso seria um descontrole do sistema de defesa.

O diabetes tipo 2 é bem mais comum e geralmente se manifesta em indivíduos mais velhos (acima de 40 anos) e obesos. Ao contrário do tipo 1, inicialmente estas pessoas possuem insulina, entretanto existe um mecanismo que impede que a insulina funcione direito. Não é uma doença hereditária (genética), mas existe uma alta associação familiar, maior que a do tipo 1, indicando predisposição genética. Os outros tipos de diabetes são o gestacional, isto é, aquele que é diagnosticado durante a gestação, e o diabetes relacionado ao uso de certos medicamentos, como corticóides, ou associado a doenças endócrinas, como por exemplo, acromegalia, hipertireoidismo, síndrome de cushing, ou doenças pancreáticas como a pancreatite e o câncer de pâncreas.

Sintomas do diabetes

O diabetes tipo 2 pode levar até dez anos para ser diagnosticado, pois o paciente, na maioria das vezes, permanece sem sintomas por muito tempo, e quando estes aparecem, podem demorar um longo período para incomodar o indivíduo e fazê-lo procurar o médico. No diabetes tipo 1 o surgimento da doença é mais agudo, isto é, os sinais são mais intensos, decorrentes da hiperglicemia causada pela rápida destruição das células produtoras de insulina.
Os principais sintomas do diabetes descontrolado são sede excessiva, aumento do apetite acompanhado de emagrecimento exagerado e aumento do volume e freqüência urinária, além de boca seca. Também é muito comum a pessoa dizer que acorda várias vezes durante a noite para urinar.

Como o médico diagnostica?

O exame ideal para diagnosticar o diabetes é o de glicemia, que mede as taxas de açúcar no sangue. Caso a pessoa tenha os sintomas de descontrole da doença, o teste não precisa ser feito em jejum, e se a glicemia for maior que 200 mg/dl o diagnóstico estará confirmado. Em pacientes sem sintomas, o diagnóstico é dado com duas glicemias de jejum (8 à 12 horas de jejum) maiores do que 126 mg/dl. Entretanto, a avaliação dos resultados das glicemias só pode ser feita pelo médico que está acompanhando o caso, pois alguns resultados que aparentemente indicariam que a pessoa é diabética podem não significar exatamente isto.

Complicações agudas

O bom controle da doença é a melhor forma de evitar as complicações de hiperglicemia (aumento da glicose) ou hipoglicemia (queda da glicose). Isto inclui, além do uso correto da medicação (insulina ou outros remédios), alimentação adequada, prática correta de atividades físicas, e, principalmente, saber identificar precocemente os sintomas de descompensação (quando a glicose está alta ou está baixa). Quando os níveis de glicose estão muito altos em pacientes com diabetes tipo 1, há risco de desenvolvimento de cetoacidose diabética, complicação grave que exige tratamento hospitalar, podendo levar ao coma. Os sintomas são os mesmos descritos anteriormente, associados também a vômitos, desidratação e mal estar geral.

No caso do diabetes tipo 2 também podem ocorrer complicações. Na maioria das vezes as pessoas desenvolvem o coma hiperosmolar, que é muito semelhante à cetoacidose em relação aos sintomas e tratamento. As principais diferenças são a hiperglicemia e desidratação, que tendem a ser mais intensas nas pessoas com o tipo 2. A hipoglicemia ocorre quando os níveis de glicemia diminuem muito ou de forma muito rápida. Os principais sintomas são tremor, tonteira, taquicardia, sudorese, sensação de fome e fraqueza. O tratamento deve ser a ingestão imediata de açúcar ou alimentos doces, como bala, biscoito, chocolate e outros.



Complicações crônicas

O diabetes é uma doença que se não for bem controlada pode produzir, ao longo dos anos, complicações graves e potencialmente fatais, como infarto do miocárdio, cegueira, impotência, derrame (acidente vascular cerebral), doença renal (nefropatia), úlcera nas pernas, e até mesmo amputação de membros. A única forma de evitar o desenvolvimento destas complicações é manter sempre um controle adequado da doença. Atualmente o diabetes é a principal causa de cegueira entre pessoas de 20 a 74 anos. Sabe-se ainda que os diabéticos têm duas vezes mais chances de desenvolver infarto do miocárdio e derrame, 17 vezes mais chances de desenvolver nefropatia, e 40 vezes mais chances de sofrer amputações.

Formas de prevenção

Infelizmente ainda não se descobriu uma forma para evitar o aparecimento do diabetes tipo 1. Já em relação ao diabetes tipo 2, como ele está associado na maioria das vezes à obesidade; a manutenção do peso ideal, dieta adequada evitando a ingestão excessiva de açúcar e gorduras, e prática de atividade física regular, podem prevenir ou retardar o aparecimento da doença.

Como proceder quando se descobre que está diabético?

A pessoa diabética deve procurar orientação médica imediatamente para obter um controle ideal da doença. Se for o diabete tipo 2, deve iniciar logo que possível uma avaliação clínica e laboratorial para as possíveis complicações crônicas (nefropatia, retinopatia). Todo diabético bem controlado deve fazer pelo menos dosagem de glicemia e hemoglobina glicosilada (que reflete o controle glicêmico dos últimos três meses) no mínimo três vezes por ano. Este intervalo deverá ser menor em pacientes descontrolados.

É verdade que os diabéticos e seus familiares sempre se deparam com uma realidade inexorável: a de que o diabetes é uma condição crônica e irá acompanhar o diabético e o resto da família por todos os seus dias.

Saber que é diabético desde pequeno e compreender que do controle da glicemia depende sua qualidade de vida é difícil e penoso. Para os pais existe um período de aceitação a esta dura realidade, o que é absolutamente compreensível ("como dói ver meu filho ser o único em sua classe sem comer doces e balas") . Por outro lado, a descoberta do diabetes em pessoas com mais idade é igualmente complicado, pois seu controle interfere em hábitos alimentares adquiridos.

Parece que uma das maiores benesses que se pode obter é aceitar esta condição de cronicidade. Se sou diabético ou se meu filho é diabético, meu maior trunfo é aceitar isto ao invés de procurar curas milagrosas para algo impossível. Desde pequeno, saber controlar a glicemia, lidar com seringas, insulina, dietas, outros remédios e restrições é tarefa que envolve trabalho, investimento e força de vontade. A experiência de diabéticos e médicos mostra que a troca de informações entre os pacientes e os grupos de discussão ajuda individualmente não só em termos de informação, mas principalmente no suporte psicológico.

Por fim, a relação do diabético com seu médico deve estar baseada na compreensão e confiança, e esta é uma relação que provavelmente irá influir no comportamento desta pessoa pelo resto de sua vida. Para a sociedade e para cada homem, a marca de uma doença crônica pode se transformar de um peso absurdo em uma tarefa produtiva.


Fonte: Medscape

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