domingo, 30 de maio de 2010

Dieta protéica?

Publicação: 30 de Maio de 2010 às 00:00
Tribuna do Norte
Dr. Jorge Boucinhas Médico e professor da UFRN

Um dos assuntos que sempre despertam a atenção dos leitores é o referente a dietas para perda de peso. Parece que todos (quase todos!) estão sempre a postos para manter uma forma mais aceitável e, porque não o dizer, já que a cada dia amontoam-se mais provas da veracidade disto, mais saudável.

Os tipos e nomes das dietas variam, cada uma gozando de seus momentos de sucesso, sendo, após maior ou menor espaço de tempo, sucedidas por outras, cridas melhores (e nem sempre o são).

O tratamento mais adequado para emagrecer e permanecer no peso alcançado continua a ser uma dieta baseada na reeducação alimentar, sendo equilibrada e usada em associação a exercícios físicos. Nenhuma outra solução tem valor nutricional adequado e conseguirá adesão por tempo suficiente, mas, como a obesidade é uma doença crônica e os gordinhos, em grande maioria, já ensaiaram vários esquemas de perda ponderal, sem sucesso duradouro, por vezes há necessidade de iniciar o tratamento com uma dieta mais restrita como forma de estimulá-los a perseverar a longo prazo. Outra situação encontrável é aquela em que se apresenta necessidade de perder quilos em pouco tempo, como nas vésperas de cirurgias, na urgência do alívio rápido da sobrecarga jogada sobre articulações doentes ou da o controle rápido de um Diabetes não-insulino dependente, ou ainda (e por que não?) na expectativa do sonhado casamento ou de outro inadiável evento de primeira linha. Também podem ser lembrados os momentos em que se precisa “descansar” da dieta-padrão.

Ultimamente tem obtido certa voga, nos Estados Unidos e dentre os membros da classe médica, a chamada “Very Low Calorie Diet” (VLCD), definida como uma dieta que oferece de 800 a 1.000 quilocalorias/dia e cobrindo as necessidades de nutrientes reguladores. Obviamente deve ser feita uma prévia avaliação clínica e laboratorial do paciente antes de prescrevê-la. Sua base são proteínas de alto valor biológico (que contêm os aminoácidos essenciais), na proporção de 1 a 1,5g/kg de massa magra/dia, associadas a macrominerais, vitaminas e elementos-traço. Obviamente pode-se conseguir esse objetivo com alimentos usuais, mas fica mais fácil a utilização de produtos comerciais adrede preparados. Por segurança, este tipo de dieta deve ser orientado e prescrito diretamente por médicos e nutricionistas, dentro de uma estratégia geral mais ampla (como parte de um tratamento amplo). Na Europa há várias marcas comerciais de proteínas oferecidas em sabores e apresentações variáveis e têm-se algumas opções no Brasil. Precisa-se orientar o paciente a comer carboidratos alguns complexos (amidos), na quantidade de 10 a 80 gramas por dia para diminuir a provável cetose que se instala, ingerindo ainda pelo menos 30g de fibras, afora 5 a 20g de gordura (sob forma de ácidos graxos essenciais, dos quais pelo menos ¼ sob forma de ômega-3).

A duração deste tipo de dieta, segundo as publicações, varia de 1 a 8 semanas, dependendo do excesso de peso inicial, da necessidade e da adesão dos pacientes. A idéia é lançar mão dela sempre que for necessário, por exemplo, quando dos platôs de parada de perda de peso que ocorrem em tratamentos a médio prazo, além das situações já citadas. Mal indicada, empregada de modo crônico, sem suplementação adequada, pode causar problemas. Em mãos habilitadas, pode ser usada com pleno sucesso, mesmo alternada com o uso de alimentos comuns, mas sempre calculando-se de modo a atingir um balanço calórico negativo (ingerindo menos energia que queimando).

É inelutável programar a ida para outra dieta de perda de peso ou o retorno à de manutenção (reeducativa), sempre com um número de calorias adequado para evitar retenção inicial de líquidos, a qual aparenta recuperação de parte do peso perdido.

Quando surge a pergunta sobre quantos quilos se pode perder com esse esquema dietético, a resposta é a padrão: é impossível predizer, pois depende de diversos fatores quais sexo, idade, atividade física, grau de aderência à dieta, dimensão do excesso de peso inicial, doenças concomitantes, tendências genéticas de cada paciente. Não obstante, pode ser dito que pode-se esperar uma perda maior do que com uma dieta hipocalórica tradicional. Quanto a possíveis problemas por uso ao longo prazo, os trabalhos não são conclusivos, porém é recomendável o uso por tempo restrito, de maneira intermitente e adaptado segundo caso. Outrossim, não está nos hábitos nacionais seguir dietas de exceção por tempo indeterminado, pois fica-se saudoso do feijão com arroz, do pão francês com manteiga e café, da cervejinha ...

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