quarta-feira, 21 de junho de 2017

As condutas e incertezas no câncer de reto

No Brasil são diagnosticados cerca de 15 000 novos casos de câncer do reto por ano. Quando tratado de forma apropriada, apresenta bons índices de cura

Diagnóstico de câncer colorretal escrito em uma prancheta. (IStock/Getty Images)

No Brasil são diagnosticados cerca de 15 000 novos casos por ano de câncer do reto. Esse tumor deve ser suspeitado e investigado quando a pessoa apresenta sangue e/ou muco nas fezes e também quando tem a sensação de evacuação incompleta.

O diagnóstico pode ser feito através de um simples toque retal ou por meio de exame endoscópico. Quando tratado de forma apropriada, em especial nas fases mais iniciais, apresenta bons índices de cura. O tratamento desse tumor depende das suas características e, em geral, é realizado por uma associação de métodos terapêuticos: radioterapia, quimioterapia e cirurgia.

A decisão do que fazer passa pelo que se chama de estadiamento da doença e do tumor. Vamos focar neste artigo os casos onde a doença está localizada no reto, isto é, sem metástases à distância.

Opções de tratamento
O tratamento clássico é a cirurgia de ressecção do reto. Assim, lesões localizadas até cerca de um a dois centímetros acima do ânus são tratadas com a retirada de segmento do intestino grosso que inclui o reto e seus linfonodos de drenagem. O trânsito intestinal é restabelecido por meio de uma anastomose (sutura) do cólon com o coto retal.

Por outro lado, se o tumor estiver invadindo os esfíncteres ou muito próximo a eles, em especial em idosos, com o mecanismo esfincteriano menos competente, a conduta é a amputação de reto com colostomia definitiva.

Cerca de 85 a 90% dos tumores de reto são diagnosticados em fase mais avançada, ou seja, envolvendo toda a parede do reto e, às vezes, invadindo órgãos e estruturas vizinhas ao reto. Eventualmente, linfonodos de drenagem que estão ao redor do reto podem estar comprometidos. Nesses casos, o tratamento começa com um esquema de radioterapia associada à quimioterapia, que é denominado de neoadjuvante, e que tem como objetivos reduzir o tamanho do tumor e permitir uma cirurgia mais radical, diminuir o risco de recidiva local do tumor e, em algumas situações, favorecer uma cirurgia onde se possa preservar os esfíncteres anais.

Somente depois de 8 a 12 semanas após o término da neoadjuvância é que se realiza a cirurgia, para que seu efeito possa obter os melhores resultados e para que os tecidos normais possam se recuperar. Esse é o padrão ouro atualmente praticado.

Contudo, na tentativa de se evitar uma grande cirurgia, que é o tratamento clássico, tem-se buscado alternativas onde o reto é preservado, parcial ou totalmente. Uma das técnicas em avaliação é a da ressecção local do tumor, ou seja, ressecando-se apenas a região onde o tumor está localizado.

Essa técnica, como tratamento exclusivo, é aceitável apenas para tumores em fases bem iniciais e com características anatomopatológicas que denotam baixa agressividade. Em lesões que praticamente sumiram com a neoadjuvância, esta pode ser uma alternativa, dependendo de vários fatores específicos.

Outra alternativa para preservação do reto é quando a neaodjuvância leva a uma regressão total do tumor, podendo-se nestes casos apenas acompanhar o paciente e operá-lo ao menor sinal de recidiva. O problema desta conduta é definir o que é regressão total (resposta completa à neaodjuvância) e o risco do tumor se reapresentar de forma agressiva, perdendo-se a oportunidade de cura.

Equipe multidisciplinar é essencial
Os conceitos evolventes no tratamento do câncer do reto fazem com que os processos decisórios sobre o que fazer dependam, mais do que nunca, de uma equipe multidisciplinar, que congrega endoscopista, especialista em imagens, cirurgião, radioterapeuta e oncologista clínico, os quais devem atuar de forma integrada, em centros de referência.

Aliás, a experiência mundial mostra que os melhores resultados de sobrevida são obtidos nestes centros, que reúnem expertise e volume de casos.



Por Raul Cutait
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