quinta-feira, 16 de julho de 2009

Não há pílulas mágicas para emagrecer

Por Javier Parra/ Agência EFE
O sonho de muitas pessoas com sobrepeso é uma pílula que as ajude a perder os quilos a mais sem renunciar a seus hábitos alimentares e a seu estilo de vida. Existem no mercado cápsulas antiobesidade há muito tempo, mas elas não são mágicas. Para que façam efeito, devem ser combinadas com dietas hipocalóricas e exercício moderado. E, sobretudo, tomadas com precaução.

Os grandes grupos farmacêuticos pesquisam há décadas fórmulas para tentar frear a epidemia de obesidade no mundo desenvolvido e, ao mesmo tempo, satisfazer a demanda de um importante nicho de mercado. Só nos Estados Unidos, o país com maior porcentagem de população obesa, o negócio dos remédios para emagrecer movimenta ao ano cerca de US$ 33 bilhões, segundo dados da Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês).
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A FTC calcula que, atualmente, circulam no mercado americano cerca de 25 mil produtos emagrecedores, e a maioria deles não tem base científica. Este fenômeno obrigou Washington a intervir, sancionando alguns fabricantes destes produtos, apesar de a grande maioria deles poderem continuar sendo adquiridos livremente em lojas, farmácias e parafarmácias.

Segundo o Centro Nacional de Estatísticas da Saúde, com sede em Hyattsville (Maryland), mais de 30% dos adultos americanos maiores de 20 anos - cerca de 60 milhões de pessoas - sofre de obesidade. Entre as crianças e adolescentes, de 6 a 19 anos, 16% são consideradas acima do peso.

Soluções fáceis

As causas principais do excesso de quilos e da obesidade são evidentes: dieta inadequada e falta de exercício físico. Mas a maioria dos americanos, da mesma forma que acontece com cidadãos de outros países afetados pelo mesmo problema, prefere as soluções fáceis: alguma pílula mágica que acelere o metabolismo, queime o excesso de gorduras e elimine os quilos restantes sem necessidade de disciplina, dieta ou exercício físico.


A comercialização de produtos emagrecedores sem fundamentos científicos obrigou, há dois anos e após comprovações trabalhosas, a FTC a impor sanções aos quatro fabricantes e distribuidores de cinco tipos de cápsulas: XenadrineEFX, CortiSlim, CortiStress, TrimSpa, e One-A-Day-WeightSmart.

Paradoxalmente, o Governo americano não impediu que esses produtos continuem sendo vendidos, pois o objetivo principal destas sanções é evitar que a publicidade divulgue promessas falsas que enganam os consumidores.

"Nos EUA, a publicidade destes produtos pode fazer quase qualquer tipo de promessa, pois o Governo não contempla uma regulamentação a respeito. Por outro lado, o que se afirma no rótulo do frasco do produto pode ser mais controlado", diz, em seu site, Bruce Silverglade, do Centro para a Ciência de Interesse Público (CSPI, em inglês), um grupo independente de apoio à saúde.

A FTC lembrou, em seu relatório prévio às sanções, que os estudos encomendados pelos fabricantes não encontraram provas dos resultados espetaculares que prometiam na publicidade, e que uma pesquisa científica posterior determinou que os participantes do grupo de controle, que tomaram placebos em lugar dos compostos, perderam mais peso do que os que ingeriram as pílulas.

O Orlistat

No mercado, existe também um reduzido número de fármacos que demonstraram sua eficácia no tratamento da perda de peso, como os derivados da droga orlistat, também conhecida como tetrahidrolipostatina. O princípio ativo orlistat é conhecido comercialmente como Xenical, Redustat e Alli. A Administração de Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou, em junho de 2007, a venda sem receita do Alli para maiores de 18 anos, enquanto, na Europa, ele também pode ser adquirido livremente.

As autoridades sanitárias americanas justificaram a autorização da venda destas pílulas sem prescrição facultativa prévia dizendo que só afetam o intestino "de forma não agressiva" e não têm efeitos secundários no aparelho circulatório ou no sistema nervoso, como ocorre com as que precisam de receita.

Combinado com uma dieta baixa em gorduras e calorias e um exercício moderado, este composto ajuda a perder até 50% mais de peso do que se não fosse ingerida, segundo a empresa farmacêutica GlaxoSmithKline.

Tanto nos prospectos do remédio como no site da empresa fabricante do Alli, recomenda-se tomar uma cápsula três vezes ao dia antes, durante ou até uma hora depois das refeições, para bloquear aproximadamente 25% a gordura que os alimentos poderiam conter.

Segundo a doutora Pilar Rioboo, endocrinologista do hospital Fundação Jiménez Díaz de Madri, este fármaco não é "uma pílula mágica nem tira o apetite", mas, "combinada com uma dieta saudável e um mínimo de exercício", pode facilitar a perda de peso e ajudar a prevenir problemas de saúde derivados da obesidade, como o diabetes tipo 2, o colesterol e a hipertensão.

"Tenho pacientes, e posso provar isso, que perderam até 80 e 90 quilos, após vários meses de tratamento, com uma combinação de dieta hipocalórica, exercício e três doses diárias de orlistat", acrescentou a especialista em nutrição. A multinacional Roche, fabricante de Xenical, indica na bula do remédio que ele é um inibidor das lipases gastrointestinais, potente, específico e de longa duração.

As razões pelas quais o remédio ajuda a perder peso são baseadas em que essas lipases desativadas são incapazes de hidrolizar as gorduras da dieta, o que permite que 30% da gordura ingerida com os alimentos passe pelo trato intestinal sem ser digerida. Em consequência, o organismo não pode transformar a gordura da dieta em fonte de energia e em tecido adiposo.

A doutora Rioboo reconhece que a maioria dos efeitos não desejados relacionados com a ingestão deste remédio é resultado de sua ação local sobre o aparelho digestivo, mas assegura que só se manifestam no princípio do tratamento, em geral. Estes efeitos não desejados incluem urgência ou incontinência fecal, diarréias moderadas ou flatulência, entre outros.

A especialista adverte que este produto é contraindicado para grávidas e lactantes, ou em casos de problemas de absorção intestinal ou disfunções na vesícula biliar. Por Javier Parra

Destaques:

- A Comissão Federal de Comércio dos EUA calcula que, atualmente, circulam no mercado americano cerca de 25 mil produtos emagrecedores, e a maioria deles não tem base científica.

- A comercialização de produtos emagrecedores sem fundamentos científicos obrigou, há dois anos e após comprovações trabalhosas, a FTC a impor sanções aos quatro fabricantes e distribuidores de cinco tipos de cápsulas.

- No mercado, existe também um reduzido número de fármacos que demonstraram sua eficácia no tratamento da perda de peso, como os derivados da droga orlistat, também conhecida como tetrahidrolipostatina.

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