terça-feira, 11 de julho de 2017

Em estudo, droga para tratar malária protegeu fetos de camundongo contra vírus da zika

Quando grávida é infectada, zika chega até o feto e eleva risco de microcefalia. Cientistas descobriram que ação de hidroxicloroquina inibe passagem de vírus por placenta.

Células da placenta humana (azul) infectadas pelo vírus da zika (verde). Na imagem da esquerda, as células foram protegidas pela droga hidroxicloroquina (contra malária) que inibe a autofagia. Na imagem da direita, células tratadas com droga que estimula a autofagia são infectadas pelo vírus (Foto: Bin Cao/Divulgação)

Desde que se descobriu que o súbito aumento de casos de microcefalia no Brasil - identificado no fim de 2015 - estava relacionado ao vírus da zika, cientistas têm buscado maneiras de proteger o feto da ação desse agente infeccioso. Agora, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington descobriram que a resposta a esse problema de saúde pública pode estar em um remédio que já existe e já está aprovado para o uso em gestantes: a hidroxicloroquina, utilizada contra malária e reumatismo.

Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira (10) na revista "The Journal of Experimental Medicine".
A placenta funciona como uma barreira contra agentes tóxicos e infecciosos. Mas quando uma mulher grávida é infectada por zika, o vírus consegue ultrapassar a barreira da placenta e chegar até o feto, provocando danos neurológicos e afetando o desenvolvimento do bebê.
Um dos mecanismos que a placenta usa para servir como barreira é a autofagia, o processo pelo qual a célula "digere" seus próprios componentes com o objetivo de eliminar organelas envelhecidas, micróbios invasores e outros resíduos nocivos.

Driblando a placenta
Para descobrir como o vírus da zika reage ao mecanismo da autofagia, cientistas infectaram células de placenta humana com o vírus e as trataram com uma droga que estimula a realização da autofagia. Para a surpresa dos pesquisadores, a ação da droga fez com que mais células fossem infectadas pelo vírus.

Ou seja, o mecanismo de autofagia, que deveria tornar a placenta uma barreira mais forte para proteger o feto, na verdade favorece a infecção pelo vírus da zika. "Parece que o vírus da zika tira vantagem do processo de autofagia na placenta para promover sua sobrevivência e infecção das células da placenta", diz Bin Cao, um dos autores do estudo.

O grupo de pesquisadores resolveu, então, testar essa teoria em dois grupos de fêmeas de camundongos grávidas: o primeiro apresentava mecanismo de autofagia normal e o segundo tinha um mecanismo de autofagia falho. Os dois grupos foram infectados pelo vírus da zika. Cinco dias depois, o grupo que tinha o mecanismo falho de autofagia apresentou uma quantidade muito menor de vírus na placenta do que o grupo controle.

Inibindo a autofagia
Em seguida, a equipe resolveu testar a droga hidroxicloroquina - que inibe a autofagia - nas fêmeas grávidas infectadas por zika. Desta vez, um grupo recebeu a droga e outro grupo recebeu placebo durante cinco dias após a infecção.

O resultado foi que as roedoras tratadas com a droga apresentaram menos vírus no feto e na placenta. As placentas estavam menos danificadas e os fetos tiveram crescimento normal, diferentemente do que ocorreu nos animais tratados com placebo.

"Pedimos cautela, no entanto sentimos que nosso estudo fornece novos caminhos para intervenções terapêuticas viáveis", diz Indira Mysorekar, autora sênior do estudo e professora de ginecologia e obstetrícia da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

Apesar de o uso de hidroxicloroquina ser considerado seguro em gestantes, mais estudos são necessários para indicar se o uso seria seguro para o propósito de proteger os fetos contra zika. Uma possível estratégia para o futuro, segundo os pesquisadores, seria indicar o uso contínuo da droga para mulheres que vivem em áreas intensamente afetadas pelo zika.

Por Mariana Lenharo, G1
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