quarta-feira, 26 de março de 2008

A doença do constrangimento



Os sintomas são inconvenientes, mas ignorá-los pode ser fatal
Por Josiane nogueira e Márcio Gomes

No fim de 2006, o motorista Edson de Oliveira,* de 42 anos, começou a sentir cólicas e dor durante a evacuação, acompanhadas de sangramento moderado. “Achei que fosse só um mal-estar qualquer e uma inflamação por conta de hemorróidas, que atribuía ao fato de ficar muito tempo sentado. Pensei que bastava melhorar minha alimentação”, disse ele. Mas, com o passar das semanas, as dores e o sangramento se tornaram mais freqüentes e, por fim, após seis meses, e diante da insistência da mulher, Edson venceu sua resistência e decidiu procurar o médico.

O que Edson sentia eram manifestações clássicas de sintomas do câncer colorretal, que se desenvolve nas porções média ou terminal do intestino – no cólon ou no reto. Em uma consulta com o proctologista Yuri Yamane, do Hospital Aldenora Bello, em São Luís (MA), Edson descobriu que tinha um tumor ulcerado de 4 cm no reto. A recomendação do médico era fazer uma cirurgia o mais rápido possível para extrair o tumor. “Eu achava que tinha uma saúde de ferro. Hoje lamento não ter procurado o médico no início dos sintomas.” E por que ele demorou tanto? “Nunca me passou pela cabeça que eu tivesse câncer”, disse.

Edson foi submetido a uma cirurgia para retirada do tumor em junho de 2007 e, dois meses depois, já não sentia nada. Os exames patológicos confirmaram que o tumor não invadira outros órgãos e que não havia vestígio de células cancerosas. “Foi um alívio, um peso que saiu das minhas costas.” Edson de Oliveira teve muita sorte.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer colorretal figura entre os seis mais freqüentes entre homens e mulheres. Em 2005, 10.321 pessoas morreram da doença. A estimativa em 2006 foi de mais de 25 mil novos casos. Esses dados correspondem a 12 novos casos a cada 100 mil homens e 15 a cada 100 mil mulheres. Mas graças aos avanços no diagnóstico e no tratamento desse tipo de câncer, se ele for detectado no início a taxa de sobrevida é de 89%.

O câncer colorretal é um tumor maligno que se desenvolve quando as células se tornam anômalas e formam pequenas saliências, chamadas pólipos, na mucosa do cólon e do reto. A remoção dos pólipos em estágio inicial, antes que tenham a chance de se tornar cancerosos, é um procedimento simples e seguro. Quando o pólipo é pequeno, a solução é retirá-lo com a ajuda de um endoscópio. O tamanho e o formato do pólipo indicam sua propensão a se transformar em câncer. De modo geral, ao ser detectado o pólipo, é indicada a sua retirada porque, mais tarde, ele pode evoluir e se tornar um tumor maligno.

Segundo o Dr. Jurandir Dias, chefe do Serviço de Cirurgia Abdominopélvica do Inca, boa parte dos pacientes é assintomática ou tem apenas sintomas leves, como alteração do ritmo intestinal e cólicas. Nestes casos, muitos demoram de três a seis meses para procurar ajuda médica. “Quanto mais rápido o diagnóstico for feito, maiores são as chances de sucesso.” No Brasil, depois do câncer de pele, o câncer colorretal é o que tem maior perspectiva de cura, até nos casos em que a doença se encontra em estágio avançado. “A média geral de cura para esse tipo de câncer é superior a 60%”, afirma ele.

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