terça-feira, 8 de julho de 2008

Mamografia reduz mortalidade por câncer em até 30%

De acordo com especialistas, o exame pode detectar a doença precocemente e facilitar o tratamento

Maíra Portela

A cada ano, cerca de oito mil mulheres morrem de câncer de mama no Brasil. O índice elevado poderia ser reduzido em 30% se a população feminina, assintomática, com idades entre 50 e 69 anos realizassem o exame da mamografia a cada dois anos. Já na faixa etária entre 40 e 49 anos, os óbitos poderiam diminuir em 11%. Os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) servem como base para a estratégia de rastreamento adotada pelo Ministério da Saúde, que aconselha a mamografia em três situações: dos 35 aos 39 anos (mulheres de alto risco), dos 40 aos 49 anos (mulheres com alteração no exame clínico) e dos 50 aos 59 anos (a cada dois anos).

A estimativa do Inca, apenas para este ano, é de que apareçam 49.900 novos casos da doença no Brasil. Na Bahia, espera-se 1.790 registros e, em Salvador, 710. A mamografia é um exame radiológico do seio indicado pelo médico em duas situações: diagnóstico ou detecção precoce. A primeira investigação é feita quando a mulher identifica algum nódulo (caroço) na mama – nesse caso, o exame pode ser feito em qualquer idade. Já a segunda investigação, deve ser realizada a partir dos 35 anos e a paciente não precisa apresentar sintomas.

O técnico de coordenação de prevenção e vigilância do câncer do Inca, Ronaldo Silva, explica que o exame aos 35 anos é indicado para mulheres de alto risco, ou seja, que possuem histórico da doença na família. Já entre 40 e 49 anos é indicado quando há alguma alteração no exame clínico. A idade ideal para realizar a mamografia, do ponto de vista da saúde pública é dos 50 aos 69 anos. “Mulheres com idade entre 40 e 49 anos, assintomáticas, apresentam uma redução na mortalidade de 8% a 11%, por isso a detecção a partir dos 50 anos surte mais efeito. Mas essa redução também é importante”, informa Silva.

Resultado falso - Dos 35 aos 39 anos, o técnico do Inca afirma que não há nenhum estudo que comprove baixa na mortalidade. “Até os 35 anos, a mama da mulher é densa, cheia de glândulas que impedem a visualização através da radiologia, nesses casos a ultra-sonografia é mais indicada”, explica. Mas isso não impede que mulheres nessa faixa etária, que não apresentem sintomas, realizem o exame. A partir dos 35 anos, a mulher deve procurar um ginecologista ou mastologista e se orientar sobre a realização da mamografia.

No âmbito da saúde pública, a mamografia antes dos 40 anos em mulheres assintomáticas resultaria em gasto de verbas e exposição da mulher a diversos procedimentos médicos. O técnico do Inca explica que, nessas situações, o resultado pode sair “mascarado”. Segundo ele, o exame pode ser falso positivo ou falso negativo. O primeiro indica que a mulher possui um nódulo, mas, após uma investigação, através de outros exames, constata-se que não há alterações. Já o falso negativo apresenta diagnóstico contrário, o exame não indica anomalias, mas, após meses, a paciente manifesta a doença.

Caso semelhante aconteceu com Maria Santana, 48 anos, que descobriu o câncer no seio, meses após realizar mamografia. O que a motivou procurar o médico foram as dores na mama, nos braços e no pescoço. “Sentia um caroço e as dores, mas a mamografia não mostrou nada. Cinco meses depois, descobri que estava com o câncer avançado”, lamenta. Ela é oriunda de Jequié, a 336km de Salvador, mas só identificou o tumor quando chegou na capital baiana.

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Descuido pode levar à perda da mama

O diretor do Departamento de Mamografia da Sociedade Brasileira de Mastologia, Marconi Luna, garante que o exame é o carro-chefe na saúde pública, já que pode identificar nódulos com até 5mm. “Infelizmente, falta educação da população. No Brasil, ainda não temos a cultura da medicina preventiva, só se procura o médico quando está com o caroço”, lamenta. Nos países desenvolvidos, 80% dos tumores de mama são diagnosticados na fase inicial, quando possuem tamanho inferior a 1cm. Já no Brasil, acontece o contrário – 80% dos casos são detectados na fase avançada, quando o tumor atinge tamanho superior a 2cm.

Aos 43 anos, Marlene Nascimento Lisboa, hoje com 45, descobriu que estava com câncer da mama. “Estava deitada em casa e por acaso passei a mão no peito, aí senti o caroço”, relembra. Ao procurar o ginecologista, ela foi encaminhada ao mastologista e, pela primeira vez, fez o exame de mamografia. “Eu fiquei com muito medo, mas tive muito apoio da família e dos amigos. E hoje estou bem”, comemora. Marlene descobriu o tumor ainda na fase inicial, fez a cirurgia, mas não precisou retirar o seio. Após sessões de quimioterapia e radioterapia, realiza o exame a cada seis meses.

O mastologista Marconi Luna acha inadmissível a retirada do seio no Brasil. “Nos EUA, retira-se apenas o quadrante, não precisa estripar a mama”, compara. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, mulheres com idades entre 35 e 39 anos devem fazer a mamografia pelo menos a cada dois anos, já a partir dos 40 anos, fazer a mamografia anualmente.

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