quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Desvende os rótulos dos alimentos



Na correria do dia-a-dia nem passa pela sua cabeça perder tempo tentando decifrar aquelas letrinhas miúdas nos rótulos dos alimentos? Pois deveria. Hoje, além da data de validade, do preço, da lista de ingredientes e do valor calórico, você pode encontrar alguns termos que têm muito a dizer sobre os benefícios de cada produto para a sua saúde e bem-estar.

Não é à toa que muitos consumidores já estão conscientes do quanto é importante traduzir "avisos" como "0% de gordura trans", "sem colesterol", "sem lactose", "sem glúten"..."Há uma preocupação cada vez maior com a saúde, o que leva o consumidor a se atentar ao que está escrito no rótulo de um alimento", acredita Mariana Corradi, nutricionista do Centro Médico Integrado Dr Chalela.

Além disso, a indústria alimentícia aproveita os novos anseios e às mudanças à mesa dessa geração saúde para facilitar ao máximo a leitura dos rótulos. Segundo a especialista Mariana, há um interesse por parte dos fabricantes de chamar a atenção para certas mensagens, especialmente às que sugerem um produto mais saudável ou menos calórico. "Alguns termos são, inclusive, destacados", completa.

E é aí que o consumidor menos atento pode levar gato por lebre no carrinho de supermercado. A concorrência acirrada entre os produtos industrializados e a má-fé de alguns fabricantes favorecem "a maquiagem" de algumas embalagens.

De acordo com Daniel Magnoni, cardiologista, chefe do Serviço de Nutrologia do Hospital do Coração e diretor do Instituto de Metabolismo e Nutrição, por exemplo, há produtos que estampam nos rótulos apenas a quantidade de gordura total. Ou seja, a embalagem não deixa claro qual o tipo de gordura - se insaturadas (as gorduras do bem, de origem vegetal, que protegem o coração) ou saturadas (aquelas derivadas dos animais e que aumentam o colesterol e os riscos de doenças cardiovasculares). "Sem essa distinção, o consumidor pode comprar um produto com pouca gordura, mas com muita gordura saturada", alerta.

Mas não é só. Confira a seguir a "tradução" de alguns desses novos termos e entenda por que você deve gastar alguns minutinhos coma leitura das embalagens - mesmo daqueles produtos que já são velhos conhecidos da sua despensa.

O bê-á-bá da embalagem
0% de gordura trans: esse é uma aviso de que o alimento não poussui ou possui quantidade reduzida dessa temida gordura. A gordura trans é resultado de um processo industrial de hidrogenação que transforma óleos vegetais em gordura sólida. É essa gordura que dá o textura crocante de alimentos como biscoitos e pipoca de microondas. Ela é perigosa porque aumenta o mau colesterol (o LDL) e leva a problemas cardiovasculares, assim como as gorduras saturadas (de origem animal). A diferença é que as trans oferecem um risco a mais à saúde: também reduzem o bom colesterol (o HDL), que tem a função de varrer o mau colesterol (LDL) do sangue.
Fique atento: produtos com quantidades menores ou iguais a 0,2g de trans já podem levar o termo "0% de gordura trans" na embalagem. O problema é que o consumo de mais de uma porção desse alimento pode elevar o teor de gordura trans ingerido, tornando-o significativo.

Diet: quer dizer que o produto é indicado, em geral, para dietas com restrição de nutrientes. O alimento com esse termo no rótulo pode ter ausência de carboidrato, gordura, proteína, sódio ou açúcar, por exemplo. "Se apresentar uma quantidade reduzida de sal, por exemplo, o produto é indicado para pessoas com hipertensão, por exemplo", explica Manuela Dias, nutricionista da Pro Teste - entidade de defesa do consumidor.
Fique atento: além de um produto diet não ser necessariamente menos calórico, não é comum que se destaque na embalagem qual nutriente foi cortado da composição. Portanto, verifique sempre a listagem de ingredientes para não cair em uma armadilha.

Light: sinônimo de alimento com baixo teor ou teor reduzido de algum nutriente (açúcares, gorduras totais e saturadas, colesterol e sódio). O termo pode ser ainda empregado quando há a redução de, no mínimo, 25% do valor calórico total. O produto é mais indicado para o controle de peso.
Fique atento: não há um produto referência para a classificação light, portanto, alimentos light de uma linha podem ser tão calóricos quanto o tradicional da concorrência.

Fenilalanina: esse aminoácido não é metabolizado pelo organismo de pessoas com fenilcetonúria, uma doença caracterizada pela ausência de uma enzima. Se forem consumidos, alimentos com fenilalanina podem causar intoxicação e sérios problemas neurológicos. O termo é encontrado em rótulos de produtos com aspartame (açúcar dietético)ou ainda no feijão, carne e sucos de uva e laranja.

Com ômega 3: o aviso é um bom sinal. Essencial para uma dieta saudável, esse tipo de gordura não é sintetizado pelo organismo e precisa ser obtido por meio de alimentos, como peixes de águas frias (sardinha, salmão). Entre os benefícios no consumo de ômega 3, estão a redução do triglicérides e do colesterol.
Fique atento: nenhum produto pode, sozinho, suprir a quantidade de ômega 3 necessária para proteger nossa saúde. Por isso, os médicos recomendam ingerir, diariamente, fontes in natura dessa gordura.

Rico em vitaminas, minerais e fibras: o alimento pode ser naturalmente rico nesses nutrientes ou enriquecido industrialmente.

Selo da SBC: o símbolo em formato de coração atesta que o produto é indicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), quanto aos teores de sal, gordura e colesterol.
Fique atento: certifique-se de que o coração estampado na embalagem seja realmente o da SBC, e não apenas o símbolo de algum fabricante.

Sem colesterol: o alimento é isento de uma substância que, em excesso, é danosa ao sistema circulatório e pode aumentar os riscos de doenças cardiovasculares. "Somente alimentos de origem animal contêm colesterol. Quanto mais gordura ele tiver, mais colesterol", afirma Mariana Corradi, nutricionista do Centro Médico Integrado Doutor Chalela. Vale lembrar: 70% do colesterol presente no organismo é fabricado pelo próprio fígado - apenas 30% vem da alimentação.
Fique atento: alguns fabricantes estampam o termo em embalagens de produtos de origem vegetal - ou seja, que naturalmente não possuem tal substância. Por isso, o aviso soa como um benefício extra do produto, quando na verdade é uma característica natural. A boa notícia é que a Anvisa exige agora que tais produtos, como óleos vegetais, estampem a seguinte frase na embalagem: "não contém colesterol, como todo produto de origem vegetal".

Sem lactose: o termo indica que o produto é desenvolvido sem lactose(açúcar do leite de vaca e de alimentos derivados) ou possui uma quantidade muito pequena da substância.
Fique atento: produtos com redução da lactose podem não ter a ausência completa do açúcar, o que pode ser prejudicial a pessoas com uma intolerância muito alta à substância.

Sem glúten: presente no trigo, centeio, cevada, aveia e malte, a proteína pode causar fortes desconfortos a pessoas que sofrem de doença celíaca (uma intolerância ao glúten).

Achou muito difícil decorar tantos nomes? Para quem se preocupa com a saúde, mas tem receio de não conseguir checar todos esses termos na embalagem, o nutrólogo Carlos Werutsky, diretor da Sociedade Brasileira de Nutrologia, sugere observar pelo menos as substâncias mais nocivas. Os nomes a seguir, nessa ordem, devem estar longe das embalagens dos produtos ou em quantidades bem reduzidas. Tome nota: gordura trans, gordura saturada, açúcar simples (refinado) e sal.

As normas de rotulagem
De acordo com a resolução RDC 259/02 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), seis informações são obrigatórias no rótulo de um alimento: designação do produto (recomendação de uso), lista de ingredientes, conteúdos líquidos, identificação da origem, identificação do lote e prazo de validade.

Dados como tabela nutricional e valor energético também são estipulados pela Anvisa e devem constar em todos os rótulos alimentares. "A quantidade de gordura trans deve ser informada em todas as embalagens. A norma existe desde 2005, mas a lei entrou em vigor apenas em 2007", salienta Manuela Dias, nutricionista e pesquisadora de alimentos da Proteste.

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