Dois pacientes britânicos com perda severa de visão conseguiram ler normalmente depois de receberem uma terapia com células estaminais embrionárias humanas.
A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Biotechnology.
Sucesso
Os pacientes que receberam o tratamento foram um homem de 80 anos e uma mulher de 60 anos, ambos com degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma condição que leva a uma rápida perda de visão central.
Ambos passaram de não conseguir ler para ler 60 a 80 palavras por minuto com óculos de leitura normais.
Os pacientes foram monitorados por 12 meses após o procedimento, e não relataram efeitos colaterais graves.
“Os resultados sugerem que esta nova abordagem terapêutica é segura e proporciona bons resultados visuais. Os pacientes que receberam o tratamento apresentavam DMRI muito grave, e sua visão aprimorada contribuirá de alguma forma para aumentar sua qualidade de vida”, disse Lyndon da Cruz, consultor de oftalmologia do Moorfields Eye Hospital, do Serviço Nacional de Saúde britânico.
O problema
Nossos olhos possuem uma camada chamada de epitélio pigmentário retinal (EPR), essencial para sustentar e nutrir as células da retina que capturam luz para visão.
Em um tipo de DMRI, um vazamento de fluidos danifica o EPR, levando à morte de células sensíveis à luz e por consequência à perda de visão.
Da Cruz e sua equipe cultivaram células da EPR através de células-tronco embrionárias humanas em laboratório, antes de transplantá-las na parte de trás dos olhos dos pacientes.
A nova camada reabasteceu a saúde das células sensíveis à luz da retina, melhorando a visão de ambos os pacientes.
Células-tronco
Um estudo semelhante com células da EPR criadas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas, que são células adultas transformadas em células-tronco, também demonstrou certo sucesso no ano passado.
Uma mulher com DMRI recebeu uma nova camada de EPR cultivada a partir de células de sua própria pele e implantada ao lado de sua retina. O tratamento não melhorou a nitidez de sua visão, mas impediu maior deterioração.
Os tratamentos usando células-tronco induzidas são preferíveis aos que utilizam células-tronco embrionárias, pois não envolvem a destruição de embriões humanos.
No entanto, existe uma preocupação de que transformar células adultas em células-tronco possa levar a mutações genéticas causadoras de câncer.
Próximos passos
No caso das duas técnicas, são necessários mais ensaios clínicos para confirmar sua viabilidade e eficácia. As terapias são muito promissoras, entretanto.
De acordo com Pete Coffey, da Universidade College London, que fez parte da equipe do novo estudo, os resultados representam um progresso real na medicina regenerativa e abrem novas opções de tratamento para pessoas com degeneração macular relacionada à idade.
“Esperamos que isto leve a uma terapia acessível que possa ser disponibilizada aos pacientes do Serviço Nacional de Saúde [britânico] nos próximos cinco anos”, disse. [NewScientist]
por Natasha Romanzoti
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