Documento elaborado pela Human Rights Watch diz que população está vulnerável a outras epidemias e ameaças sérias à saúde pública.
Vírus da zika causa microcefalia em bebês, entre outras malformações (Foto: AP Photo/Felipe Dana)
Os problemas que permitiram que a epidemia de zika atingisse há dois anos o Brasil persistem, advertiu nesta quinta-feira (13) João Guilherme Bieber, pesquisador da Human Rights Watch (HRW).
"É preciso que hajam investimentos e políticas governamentais que resolvam estes problemas. Não basta considerar que porque a emergência acabou o perigo desapareceu. Ele continua, a qualquer momento pode surgir uma nova epidemia", destacou Bieber, durante a apresentação do relatório "Abandonadas e desprotegidas: O impacto da epidemia de zika em mulheres e jovens no nordeste do Brasil".
Segundo o documento de 103 páginas, não responder aos problemas que contribuíram para a escalada da zika no Brasil "deixa a população vulnerável a futuras epidemias e a ameaças sérias à saúde pública".
Entre 2015 e abril de 2017, o total de 2.753 casos de zika foram registrados no Brasil, e mais de 3 mil estão sendo investigados.
"Descobrimos que o surto do vírus no Brasil impactou desproporcionalmente as mulheres e as meninas e agravou antigos problemas de direitos humanos, incluindo o acesso inadequado à água e ao saneamento, as disparidades raciais e socioeconômicas no acesso à saúde e as restrições aos direitos sexuais e reprodutivos", destaca o relatório.
A Human Rights Watch analisou a questão dos direitos humanos através da lente do surto da zika.
"Nossa pesquisa encontrou lacunas nas respostas das autoridades brasileiras que têm impactos particularmente prejudiciais sobre mulheres e meninas e deixam a população em geral vulnerável a surtos contínuos de doenças graves causadas por mosquitos".
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