terça-feira, 7 de abril de 2015

O verme moribundo azul brilhante que poderia ser a chave para a longevidade humana


Parece ficção científica, mas é apenas um estudo científico – que chegou a uma descoberta estranha, para não dizer outra coisa.

Caenorhabditis elegans é uma espécie de nematódeo que mede cerca de 1 milímetro de comprimento.
Estudando o verme, pesquisadores da University College London (Reino Unido) encontraram evidências de uma “cascata de morte celular” envolvendo a via de sinalização controladora da necrose calpaína-catepsina, que conduz à morte no organismo do animal.

A morte de C. elegans é acompanhada por uma explosão intensa de fluorescência azul, gerada no interior das células intestinais pela necrose. Ou seja, os vermes morrendo emitem um brilho intenso, que começa em seus intestinos e irradia para seus corpos inteiros até que seu organismo seja desligado.

A pesquisa sugere que analisar essa “fluorescência terminal” irá permitir aos pesquisadores entenderem como a morte por envelhecimento funciona em seres humanos e, possivelmente, desenvolverem maneiras de diminuir a velocidade com que ocorre.

Conclusões brilhantes



O vídeo acima mostra a “morte brilhante” do verme. O corpo do animal atravessa o que os pesquisadores chamam de “cascata de necrose”, na qual a morte percorre o organismo através de sinalização de cálcio entre as células.

A ideia de acompanhar esse processo é entender como a morte viaja através do corpo e quais sinalizações químicas ela usa, para identificar maneiras de retardar ou mesmo impedir a morte em humanos.

“Nós identificamos um caminho químico de autodestruição que propaga a morte celular em vermes, que é o que vemos conforme essa fluorescência azul viajava através do seu corpo. Descobrimos que, quando bloqueamos essa via, podemos adiar a morte induzida por estresse, como uma infecção, mas não podemos retardar a morte por velhice. Isto sugere que o envelhecimento provoca a morte a partir de um número de processos que atuam em paralelo”, explica David Gems, que liderou o estudo.

Segundo ele, os resultados lançam dúvidas sobre a teoria de que o envelhecimento é simplesmente uma consequência do acúmulo de danos moleculares. “Precisamos focar os eventos biológicos que ocorrem durante o envelhecimento e a morte para entender corretamente como podemos ser capazes de interromper esses processos”, diz.

Em outras palavras, a morte por envelhecimento não é causada apenas pelo decomposição lenta do corpo. Na verdade, é o resultado de muitos fatores, assim como sinais químicos que passam entre as células.

Seres humanos podem não brilhar azul conforme morrem, mas nossas células também enviam sinais químicos, como os vistos nos vermes.

No futuro, pesquisadores podem ser capazes de desvendar o caminho químico humano até a morte, e impedir que essa cascata necrótica ultrapasse nosso corpo.
Para ver o artigo completo (em inglês) sobre o estudo, publicado online na revista PLOS Biology, clique aqui. [io9]

fonte
Autor: Natasha Romanzoti
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