Os cientistas acreditam que o estudo das funções do novo órgão pode abrir caminho para novos métodos cirúrgicos do aparelho digestivo
O mesentério é uma dobra dupla em formato de leque, no peritônio - a maior membrana do corpo (J Calvin Coffey/D Peter O'Leary/Henry Vandyke Cart/Reprodução)
Até pouco tempo, o chamado mesentério era apenas um ligamento do aparelho digestivo. Mas, ao fim de um estudo que durou mais de seis anos, cientistas agora acreditam que a estrutura é, na verdade, um órgão único e contínuo. “A descrição anatômica de cem anos atrás era incorreta. Este órgão está longe de ser fragmentado. É uma estrutura simples, contínua e única”, assinalou J. Calvin Coffey, pesquisador do University Hospital Limerick, na Irlanda, responsável pela equipe que realizou a descoberta do mais novo órgão do corpo humano.
A reclassificação foi publicada em um artigo assinado por Coffey e por seu colega Peter O’Leary na prestigiada revista científica The Lancet Gastroenterology & Hepatology . “No estudo, que foi revisado e aprovado por colegas, dizemos que agora temos um órgão no corpo que até esta data não era reconhecido como tal”, assinalou Coffey.
No início do século 16, Leonardo da Vinci já havia mencionado o mesentério em um de seus escritos sobre a anatomia humana. O mesentério é uma dobra dupla em formato de leque, no peritônio – a maior membrana do corpo, transparente, que recobre tanto a parede abdominal quanto as vísceras.
Função
Depois de detalhar estrutura e características anatômicas, cientistas ainda querem entender melhor a função do novo órgão, além de proporcionar sustentação e permitir a irrigação sanguínea às vísceras. “Esse é o próximo passo. Se entendemos sua função, podemos identificar as anomalias, e estabelecer quando há uma doença, ou seja, quando o órgão passe a funcionar de modo anormal”, afirma Coffey, em nota enviada à imprensa.
Dessa forma, o estudo das funções deste novo órgão pode abrir caminho para novos métodos cirúrgicos do aparelho digestivo.
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