De acordo com novo estudo, crianças que passam muito tempo em frente a telas têm maior risco de desenvolver a síndrome pediátrica do olho seco
Criança com smartphone (iStock/Getty Images)
A verdade é só uma: crianças que passam muito tempo utilizando tablets e smarthphones serão vítimas de síndrome pediátrica do olho seco, caracterizada pela evaporação mais rápida do canal lacrimal.
Pesquisadores na Coreia do Sul conduziram exames oftalmológicos em 916 crianças com idades entre 7 e 12 anos. Destas, 60 – ou 6,6% do total – apresentaram característicos da síndrome pediátrica do olho seco com base em várias avaliações; entre elas o tempo de dissolução da lágrima – com a finalidade de testar a estabilidade do canal lacrimal.
Do grupo estudado, 97% dos que apresentaram sintomas da síndrome pediátrica do olho seco informaram que usaram tablets ou smartphones por 3,2 horas por dia, em média. Em contraste, 55% das crianças que não apresentaram sintomas usaram seus gadgets por apenas 37 minutos por dia, além de passarem mais tempo em atividades ao ar livre. Outro dado interessante foi que, quando as crianças deixaram de usar seus telefones por cerca de um mês, os sintomas de olho seco melhoraram significativamente.
De acordo com estudos da Academia Americana de Oftalmologia, quando olhamos para telas de smarthphones, tablets e computadores por muito tempo, por haver menor distância de visão em telas significativamente menores, piscamos menos. Isso faz com que haja maior esforço dos olhos e, assim, adquirimos a chamada vista cansada. Isso pode levar a evaporação mais rápida do canal lacrimal e, consequentemente, evoluir para a síndrome do olho seco: quando a produção de lágrimas é menor do que deveria e provoca uma anomalia na produção natural de muco e lubrificação do órgão da visão.
Tal situação, muitas vezes incômoda, pode afetar negativamente a visão da criança e, consequentemente, prejudicar seu desempenho escolar.
No final do ano passado, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um manual de orientação para médicos, pais, educadores, crianças e adolescentes. O foco é a “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”. O documento inédito no país foi inspirado em estudos e recomendações internacionais e adaptadas à realidade nacional.
Desde então, a entidade recomenda que telas sejam proibidas para bebês com até dois anos – principalmente nas refeições ou antes do sono. Entre os dois e os cinco anos, acreditam que o limite é que o uso seja de uma hora por dia. Até os seis anos, crianças não devem ter contato com jogos violentos e, até os dez anos, crianças não devem ter televisão ou computador nos próprios quartos para evitar que fiquem vulneráveis a conteúdos inapropriados.
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