
Vanda Munhoz
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Um remédio que surgiu na década de 1980 usado para depressão ganha popularidade nas prateleiras das farmácias, quase 30 anos depois, como emagrecedor. O Cloridrato de Sibutramina, que desponta no mercado para alegria dos gordinhos, é na verdade o nome científico do princípio ativo que integra a fórmula de remédios com nomes diferentes.
O primeiro de todos, do laboratório Abbott, chama-se Reductil e é referência para os outros que surgiram depois. A vantagem apontada por profissionais da área é que a Sibutramina quase (quase) não oferece efeitos colaterais, mas só é vendida para adultos e com retenção da receita médica.
Os profissionais da área avisam que não é nenhuma poção milagrosa e que o medicamento deve ser usado estritamente sob orientação médica. Não há números oficiais da quantidade vendida no Brasil, mas uma empresa argentina, a IMS Health Latin America, que assessora a indústria farmacêutica na América do Sul, diz que no Brasil, apenas no mês de julho, foram vendidos 6.961.813 de doses. Isso representa US$ 104.953.228 ou R$ 216.517.657.
O endocrinologista maringaense Wesley Pereira dos Santos explica que, inicialmente, a pesquisa sobre a Sibutramina foi direcionada para o tratamento de depressão, mas os pesquisadores descobriram que a substância tinha um efeito antidepressivo fraco.
“Por outro lado, tinha um efeito maior em aumentar a saciedade, ou seja, a pessoa ficava satisfeita mais rápido e com menos alimento. Há também um efeito menor, de inibição do apetite”, explica o médico, acrescentando que não há atualmente indicação deste remédio para a depressão, apenas para o tratamento de obesidade.
A sibutramina é indicada para redução do peso, no tratamento da obesidade, e deve ser usada em conjunto com dieta e exercícios, como parte de um programa de controle de peso, desde que a orientação alimentar e a atividade física não sejam suficientes para atingir o objetivo clínico.
O medicamento não deve ser prescrito a pessoas com hipersensibilidade à substância ou qualquer outro componente da fórmula ou que tenham histórico de anorexia nervosa ou bulimia. Mulheres grávidas ou que estejam amamentando também não devem fazer uso da substância.
Santos explica que os efeitos colaterais são raros, mas podem acontecer. Entre muitos, ele destaca dor de cabeça, tontura, aumento da pressão arterial, taquicardia, insonia. “Tem que ter um cuidado maior em pessoas cardiopatas e indivíduos idosos e observar se o paciente está fazendo uso de outras drogas”, diz.
Segundo o endocrinologista, a Sibutramina é um dos medicamentos mais indicados pelos médicos para dietas de emagrecimento. “Hoje a substância está em primeiro lugar, comparado com os anorexígenos antigos, que são considerados uma segunda opção quando o individuo não se dá bem com a Sibutramina”, observa Santos.
Panáceia? Não
Ele alerta que a substância é como qualquer outro medicamento para emagrecer. “Não é uma ‘panacéia milagrosa’ que resolve todos os casos. Tem que ser visto como um auxílio complementar a uma boa dieta com mudanças de hábitos alimentares e acompanhado de atividades físicas. Nenhum remédio resolve desacompanhado destas medidas”, aconselha.
Os remédios com o princípio ativo da Sibutramina têm controle especial – são tarja vermelha – e são vendidos apenas sob prescrição médica. “As mulheres são as que mais procuram este medicamento, mas sem o acompanhamento médico há riscos”, adverte o professor do curso de Farmácia do Cesumar, Cássio Murilo Valer.
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