terça-feira, 4 de agosto de 2009

Resfriado Comum

Espirros, garganta arranhada, nariz entupido - todos sabem os primeiros sinais de um resfriado, provavelmente a doença conhecida de maior incidência. Embora o resfriado comum seja geralmente leve, com sintomas durando uma ou duas semanas, nos Estados Unidos ele é a principal causa de visitas a médicos e faltas à escola e trabalho.

O problema

Resfriados são predominantes em crianças, e parecem estar relacionados à relativa falta de resistência a infecções nos mais jovens e ao contato com outras crianças em creches e escolas. Crianças têm em torno de 10 resfriados ao ano. Em famílias com crianças na escola, o número de resfriados por criança pode chegar a 12 por ano. Os adultos têm em média de dois a quatro resfriados por ano, embora essa faixa varie muito. Mulheres, especialmente entre os 20 e 30 anos de idade, têm mais resfriados do que os homens, provavelmente por causa do contato mais próximo com crianças. Na média, pessoas com mais de 60 anos têm menos de um resfriado por ano.

O impacto econômico do resfriado comum é enorme. O National Center for Health Statistics (NCHS) estima que, em 1996, 62 milhões casos de resfriado comum nos Estados Unidos precisaram de atenção médica ou resultaram em restrição de atividades. Em 1996, resfriados causaram 45 milhões de dias de restrição de atividades e 22 milhões de dias perdidos em escolas, de acordo com a NCHS.

As causas do resfriado

Os vírus. Mais de 200 vírus diferentes são conhecidos por causar os sintomas do resfriado comum. Alguns, como rhinovirus, raramente produzem doença séria. Outros, como parainfluenza e vírus respiratório sincicial, produzem infecções leves em adultos, mas podem precipitar infecções respiratórias severas em crianças pequenas. Estima-se que o rhinovirus (do grego rhin, significando "nariz") cause de 30 a 35% de todos os resfriados em adultos, e são mais ativos no começo do Outono, Primavera e Verão. Mais de 110 tipos distintos de rhinovirus foram identificados. Esses agentes desenvolvem-se melhor em 33 graus Celsius, a temperatura da mucosa nasal humana.

Acredita-se que coronavirus são responsáveis por uma grande porcentagem de todos os resfriados em adultos. Eles causam resfriados principalmente no Inverno e começo da Primavera. Das mais de 30 linhagens isoladas, 3 ou 4 infectam humanos. A importância do coronavirus como agente infeccioso é difícil de verificar porque, diferente do rhinovirus, eles são difíceis de desenvolver em laboratório.

Aproximadamente de 10 a 15% dos resfriados em adultos são causados por vírus que também são responsáveis por outras doenças mais severas: adenovirus, coxsackievirus, echovirus, orthomyxovirus (incluindo vírus Influenza A e B), paramyxovirus (incluindo vários vírus parainfluenza), vírus respiratório sincicial e enterovirus.

A causa de 30 a 50% dos resfriados em adultos, presumidamente viral, permanece sem ser identificada. Os mesmos vírus que produzem resfriados em adultos parecem causar a doença em crianças também. A importância relativa dos muitos vírus em resfriados pediátricos, porém, ainda não é clara por causa da dificuldade em isolar a causa precisa dos sintomas em estudos de crianças com resfriado.

A temperatura fria causa resfriado? Embora muitas pessoas estejam convictas que o resfriado é resultante de exposição ao frio, a National Institutes of Allergy and Infections Diseases garante que isso tem pouco ou nenhum efeito na desenvolvimento ou severidade do resfriado. Tão pouco, a susceptibilidade aparenta não estar relacionada a fatores como exercício físico, dieta ou amídala expandida ou adenóide. Por outro lado, pesquisas sugerem que fatores como estresse psciológico, desordens alérgicas que afetam as passagens nasais ou a faringe, e ciclo menstrual, podem tem impacto na susceptibilidade das pessoas a resfriados.

Sintomas do resfriado

Sintomas do resfriado comum geralmente começam dois ou três dias depois da infecção e costumam incluir escorrimento nasal, obstrução da respiração nasal, inchaço das membranas do sinus, espirros, garganta irritada, tosse e dor de cabeça. A febre geralmente é leve, mas pode subir a 38 graus em crianças. Os sintomas do resfriado podem durar por de 2 a 14 dias, porém 2/3 das pessoas recuperam-se em uma semana. Caso os sintomas ocorram com freqüência, ou persistam por mais de duas semanas, podem ser resultado de uma alergia ao invés de resfriado.

Resfriados ocasionalmente levam a infecções bacterianas secundárias no ouvido médio e sinusite, requerendo tratamento com antibióticos. Febre alta, glândulas significativamente inchadas, dor forte na face decorrente da sinusite e tosse que produz muco, podem indicar uma complicação ou doença mais séria que precisa de atenção médica.

Como os vírus de resfriado causam a doença

Vírus causam infecção ao sobrepujar o complexo sistema de defesa do organismo. A primeira linha de defesa do corpo é o muco, produzido pelas membranas no nariz e garganta. Muco captura o material que inalamos: pólen, poeira, bactérias e vírus. Quando um vírus penetra o muco e entra numa célula, ele comanda o máquina de produção de proteína para fazer um novo vírus, o qual, por sua vez, ataca as células vizinhas.

Sintomas do resfriado: o primeiro ataque do corpo. Os sintomas do resfriado são provavelmente os resultados da resposta do sistema imunológico à invasão viral. Células infectadas por vírus no nariz enviam sinais que recrutam células brancas especializadas para o local da infecção. Por sua vez, essas células emitem uma gama de químicos do sistema imunológico, os quais provavelmente levam aos sintomas do resfriado ao causar inchaço e inflamação das membranas nasais, vazamento de proteínas e fluidos dos capilares e vasos linfáticos, e elevação da produção de muco.

Como o resfriado é disseminado

Dependendo do tipo do vírus, qualquer um ou todos os caminhos abaixo podem disseminar o resfriado:


Tocar nas secreções respiratórias infecciosas na pele e em superfícies no ambiente, e então tocar nos olhos ou nariz.

Inalar partículas relativamente grandes das secreções respiratórias transportadas pelo ar.

Inalar gotas de Pflugge: partículas infecciosas menores suspensas no ar por períodos de tempo mais longos.

Pesquisa sobre a transmissão do rhinovirus. Muita da pesquisa sobre a transmissão do resfriado comum tem sido feita com rhinovirus, o qual é encontrado em maiores concentrações nas secreções nasais. Estudos sugerem que uma pessoa está mais propensa a transmitir o rhinovirus do segundo ao quarto dia de infecção quando a quantidade de vírus na secreção nasal é maior. Pesquisas também têm mostrado que o uso de aspirina para tratar resfriado aumenta a quantidade de vírus eliminado nas secreções nasais, o que possivelmente faz a pessoa com resfriado mais perigosa para os outros.

Prevenção de resfriados

Lavar as mãos é a forma mais simples e eficiente de não contrair resfriado pelo rhinovirus. Não tocar no nariz e olhos é outra. Indivíduos com resfriado sempre devem espirrar ou tossir em lenços descartáveis e depois jogá-los fora. Se possível, deve-se evitar exposição próxima e prolongada a pessoas resfriadas. Uma vez que o rhinovirus pode sobreviver até 3 horas fora das passagens nasais sobre objetos e pele, limpar as superfícies do ambiente com desinfetantes que matam vírus poderia ajudar a prevenir o alastramento da infecção.

Uma vacina para resfriados? O desenvolvimento de uma vacina que poderia prevenir o resfriado comum alcançou um impasse devido à descoberta de muitos vírus de resfriado diferentes. Cada vírus carrega seus próprios antígenos específicos, substâncias que induzem a formação de proteínas protetoras específicas (anticorpos) produzidas pelo corpo. Até que seja encontrado um meio de combinar muitos antígenos virais em uma vacina, ou de aproveitar as relações cruzadas que existem entre os antígenos, a probabilidade de uma vacina é remota. Evidência que mudanças acontecem nos antígenos dos vírus do resfriado comum também complica o desenvolvimento de uma vacina. Tais mudanças ocorrem em alguns antígenos do vírus influenza o que torna necessário alterar a vacina cada ano.

Tratamento de resfriados

Apenas o tratamento dos sintomas está disponível para casos de resfriado sem complicações: descanso na cama, ingestão de muito líquido, gargarejo com água quente com sal, e aspirina ou acetaminofeno para aliviar a dor de cabeça ou febre.

Uma nota de cautela: vários estudos têm relacionado o uso de aspirina ao desenvolvimento da Síndrome de Reye em crianças recuperando de influenza ou catapora. Síndrome de Reye é uma doença rara, porém séria, que geralmente acontece em crianças entre as idades de 3 a 12 anos. Ela pode afetar todos os órgãos do organismo, mas geralmente lesiona o cérebro e fígado. Ainda que a maioria das crianças sobrevivam à Síndrome de Reye sem sofrer quaisquer conseqüências duradouras, a doença pode levar à lesão permanente do cérebro ou morte. A American Academy of Pediatrics recomenda não dar aspirina, ou qualquer medicamento contento aspirina, a crianças e adolescentes quando tiverem uma doenças causada por vírus, particularmente catapora e influenza. Muitos médicos somente recomendam esses medicamentos para serem usados em adultos com resfriado quando há dor de cabeça ou febre. Porém, pesquisadores tem descoberto que aspirina e acetaminofeno podem suprimir certas respostas imunológicas e aumentar o entupimento nasal em adultos.

Remédios sem prescrição médica para resfriados, incluindo descongestionantes e supressores de tosse, podem aliviar alguns dos sintomas do resfriado mão não irão prevenir, curar ou mesmo diminuir a duração da doença. Ainda mais, a maioria tem efeitos colaterais como sonolência, tonteira, insônia e transtornos intestinais, e por isso devem ser tomados com cuidado.

Anti-histaminas sem prescrição médica podem ter algum efeito em aliviar as respostas inflamatórias, como nariz escorrendo e olhos lacrimejando, que são comumente associados a resfriados.

Antibióticos não matam vírus. Esses medicamentos sob prescrição médica apenas devem ser usados para complicações raras por bactérias, como sinusite ou infecção no ouvido, que podem se desenvolver como infecções secundárias. Os uso de antibióticos "somente por precaução" não irá prevenir infecções bacterianas secundárias.

A vitamina C tem importância em relação a resfriados? Muitas pessoas estão convencidas que ingerir grandes quantidades de vitamina C irá prevenir resfriados e aliviar os sintomas. Para testar essa teoria, foram conduzidos vários estudos controlados de larga escala em crianças e adultos. Até o momento, nenhum dado conclusivo tem mostrado que grandes quantidades de vitamina C previnam resfriados. A vitamina poderia reduzir a severidade e duração dos sintomas, porém não há evidência definitiva.

Tomar grande quantidade de vitamina C por longo período de tempo pode ser perigoso. Muita vitamina C pode causar diarréia, um perigo especialmente para idosos e crianças pequenas. Além disso, muita vitamina C distorce os resultados de testes comumente usados para medir a quantidade de glicose na urina e sangue. A combinação de medicamentos orais anticoagulantes e quantidade excessiva de vitamina C pode produzir resultados anormais em testes de coagulação sangüínea.

A inalação de vapor tem sido proposta como tratamento para resfriados na suposição de que elevar a temperatura dentro do nariz inibiria a replicação do rhinovirus. Estudos recentes mostraram que esse procedimento não tem efeito sobre os sintomas ou quantidade de vírus em indivíduos com resfriados por rhinovirus. Porém, a inalação de vapor pode aliviar temporariamente os sintomas de congestionamento associados ao resfriado.

Interferon-alfa tem sido estudado extensivamente para o tratamento do resfriado comum. Investigações têm mostrado que interferon, dado em doses diárias via spray nasal, pode prevenir a infecção e doença. Porém, interferon causa efeitos colaterais inaceitáveis como hemorragia nasal e não parece ser útil ao tratar resfriados já estabelecidos. A maioria das pesquisas sobre resfriados está concentrada em outros métodos para combater os vírus de resfriados.

A perspectiva

Graças a pesquisas, os cientistas sabem mais sobre o rhinovirus do que praticamente qualquer outro vírus, e tem novas ferramentas poderosas para desenvolver medicamentos antivirais. Embora o resfriado comum possa nunca ser incomum, investigações adicionais oferecem a esperança de reduzir o grande peso desse problema universal.

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