18/03/2010
Vítima tinha 34 anos e era moradora do bairro Alto Cafezal; exame necroscópico vai indicar a exata causa da morte
Jornal da Cidade
Da Redação/ Com Lilian Grasiela
Marília - Um mulher de 34 anos, moradora de Marília (100 quilômetros de Bauru), que estava infectada com o vírus da dengue, faleceu ontem de manhã no Hospital das Clínicas (HC) da cidade duas horas após ter dado entrada na unidade. O resultado do exame que confirmou a doença foi divulgado pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) na terça-feira. Até ontem, a cidade havia registrado 216 casos de dengue.
O município aguarda o resultado da necropsia que irá indicar se a mulher realmente faleceu em decorrência da dengue. Se a suspeita se confirmar, esta será a primeira morte causada pela doença neste ano na cidade. Em 2009, não foi registrada mortes nenhuma morte por dengue em Marília.
A mulher (que teve a identidade preservada) é moradora do bairro Alto Cafezal, região central de Marília. Segundo a coordenadora da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Carina Rejane Fernandes Biffe, ainda não se pode afirmar que a paciente morreu por causa da dengue. “Temos a confirmação da dengue pelo IAL. A causa da morte só poderá ser determinada após o exame de necropsia”, diz.
De acordo com o município, a paciente foi ao Pronto Atendimento (PA) da zona norte da cidade na última sexta-feira apresentando sintomas como febre, mialgia (dor muscular), dores de cabeça e no fundo dos olhos, sendo medicada.
Também foi coletada amostra de sangue para detecção da dengue. Em seguida, ela foi orientada a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima à sua residência na segunda-feira.
Como a mulher não compareceu à unidade, na terça-feira uma enfermeira telefonou para ela, que continuava se queixando de dores. Após o contato, a paciente foi até o local, passou por avaliação médica, foi medicada e reorientada sobre a doença. Na ocasião, também foi colhido exame de sangue (hemograma).
Ontem, às 4h, a mulher deu entrada no HC, onde faleceu duas horas depois. Segundo a prefeitura, a vítima não tinha história conhecida de comorbidades (fatores de risco) e uso de medicações.
Prevenção
Do início do ano até ontem, Marília registrou 216 casos de dengue. As regiões com maior incidência da doença são as zonas norte e oeste. Segundo o coordenador de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses da SMS, Lupércio Lopes Garrido Neto, o trabalho de prevenção e contenção da dengue é realizado durante todo o ano e com mais intensidade no verão.
“Durante todo o ano, realizamos trabalho por todo o município de orientação e eliminação de potenciais criadouros de Aedes aegypti, mas com o surgimento de casos é que fazemos o BCC (Bloqueio de Controle de Criadouros) e a aplicação de inseticida”, explica.
Quando são diagnosticados casos positivos, a Vigilância Ambiental e o Controle de Zoonoses realizam o BCC e a nebulização de forma que o mosquito não circule em outras áreas. A aplicação de inseticida é feita na área de cobertura, de fora para dentro e das limítrofes até o centro onde foi diagnosticado o caso, para evitar que o Aedes se desloque para outra região.
O coordenador afirma que o calor excessivo e o longo período de chuvas do final do ano passado e início deste ano colaboraram para a proliferação do mosquito transmissor da dengue nesta temporada.
“Infelizmente não é só Marília que está sofrendo com o crescimento do número de casos da doença, mas várias cidades. Em São José do Rio Preto, ultrapassou 6.000 casos; em Araçatuba já foram registrados mais de 3.900 ocorrências”, relata.
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Epidemia
O coordenador de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Marília, Lupércio Lopes Garrido Neto ressalta que, se Marília alcançar 300 casos de dengue, cessará a realização de exames e a doença será considerada como epidemia no município, conforme determinação do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo (CVE-SP) e Ministério da Saúde.
O coordenador destaca que, independentemente da morte da paciente ter sido ocasionada pela dengue ou não, é necessária a colaboração da população para a eliminação de criadouros do mosquito transmissor.
“Todos têm consciência de que a dengue pode matar e, pior, a maioria das pessoas sabe como deve proceder para evitar criadouros do vetor, mas nem todos fazem o que é necessário”, desabafa.
Os sintomas mais comuns da dengue clássica são febre alta, dor de cabeça, náusea, vômitos, dores abdominais (principalmente em crianças), dores no corpo e até pequenas hemorragias. “É recomendado sempre procurar o serviço médico da unidade de saúde mais próxima. E ainda, evitar a automedicação, que pode agravar ainda mais o quadro da doença”, recomenda a Divisão de Vigilância Epidemiológica.
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