Apesar de a taxa de ataques cardíacos ser maior entre os homens, as mulheres são mais propensas a morrer quando ocorre este evento cardiovascular, segundo estudo francês apresentado esta semana no encontro científico do American College of Cardiology. De acordo com os autores, os resultados indicam a necessidade de uma maior atenção às mulheres que sofrem infarto, visto que sua taxa de morte é maior porque seu tratamento não é tão agressivo quanto o de homens infartados.
Em estudo com mais de 3,5 mil pessoas internadas por causa de um infarto, os pesquisadores notaram que o uso de angiografia para visualizar artérias obstruídas ou de angioplastia para desobstruir essas artérias é bem menor entre as mulheres. E, como resultado desse “padrão”, as mulheres teriam taxas de morte um mês após o infarto duas vezes maior em relação aos homens.
“A alta taxa de morte entre as mulheres está relacionada ao fato de não ter o mesmo tratamento do homem”, ressaltou a especialista Maria Rosa Costanzo, da Associação Americana do Coração, que não participou da pesquisa. “Se as mulheres tivessem o mesmo acesso aos procedimentos e medicações que os homens, elas teriam os mesmos benefícios”, acrescentou.
De acordo com a especialista, há algum tempo, é sabido que as mulheres têm piores resultados com um ataque cardíaco, porém as razões ainda estariam obscuras. Alguns estudos indicam que isso seria resultado de diferenças biológicas, como o fato de a mulher ter vasos sanguíneos menores, aumentando os riscos de complicações; e outros apontam que isso se dá porque a mulher infartada tende a ser bem mais velha e a ter pior saúde que os homens que sofrem infartos, e, ainda, pela diferença no tratamento.
O novo estudo mostrou que, em parte, tudo isso faz sentido. As mulheres, comparadas aos homens que participaram da pesquisa, eram, em média, nove anos mais velhas, tinham mais problemas de saúde e recebiam menos tratamentos eficazes para o ataque cardíaco. Porém, quando as análises foram ajustadas pela idade, pressão sanguínea, função renal, e outras características, assim como tratamento recebido, os pesquisadores notaram que não havia diferença nas taxas de morte. “Uma vez que você compara maçãs com maçãs, isso mostra que as mulheres têm os mesmos benefícios de procedimentos e medicações que os homens”, concluiu a especialista.
Fonte: Uol
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