Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
Há cinco anos a estudante de Santo André Carolina (nome fictício) de 20 anos fuma. "Aos 15 comecei a observar a minha mãe com o cigarro, que há dois parou de fumar. Quando vi estava fazendo o mesmo com as minhas amigas. Minha irmã começou ainda mais cedo aos 13. Ela nos aconselhou a não fazer isso, mas continuamos até hoje", disse a jovem.
Ela se enquadra na pesquisa da Sociedade Brasileira de Cadiologia, que indica que meninas superam meninos quando o assunto é tabagismo na adolescência. O estudo aponta que de 2.829 estudantes, 282 fumam, sendo que 61% são mulheres. Além de serem a maioria, iniciam o vício cedo, a partir dos 13 anos, segundo Silvia Cury, integrante do Comitê Antitabaco e coordenadora da pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia. EMO resultado justifica o tema escolhido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a campanha deste ano do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado hoje, que é: Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres.
"Além da indústria do tabaco, os principais fatores para que meninas comecem a fumar tão cedo são questões emocionais, ansiedade e insegurança", explicou Silvia.
De acordo com a cardiologista, a nicotina diminui a ansiedade. "A mulher tem mais chances a depressão e ao tragar um cigarro leva sete segundos para a substância fazer uma mudança no cérebro e trazer a sensação de prazer e bem-estar. Além disso, no início a jovem fuma de 5 a 9 cigarros por dia e em três meses já está dependente", esclareceu. "Temos de realizar um trabalho com os jovens para evitar que sejam os fumantes de amanhã".
A estudante conta que chega a fumar um maço por dia. "Eu levanto e antes de tomar café preciso fumar um cigarro. É bom para relaxar. Já tentei parar, mas não consegui. Quando bebo a vontade aumenta", disse .
Silvia explica que ao beber, o álcool elimina a nicotina. " Quando a pessoa está em um bar ou balada, por exemplo, passa a fumar o dobro, porque a bebida acaba com efeito mais rápido",
Redução - A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que no Brasil 17,1 milhão de mulheres ainda fumam, apesar de o número ter caído nos últimos anos.
Para o presidente da regional ABCDM da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de são Paulo, Silvio Cembranelli Neto, a mulher começa a fumar além das questões emocionais, por o fumo é associado a perda de peso. "Não há uma explicação que comprove, mas sabe-se que elimina a sensação de fome. Por outro lado, o cigarro penitenciária os riscos cardiovascular em 39 vezes o risco de enfarte associado ao uso do anticoncepcional",
Prefeituras oferecem tratamento gratuito para fumantes
As prefeituras da região têm programas de auxílio e orientação para quem pretende parar de fumar. São Caetano possui um Programa Municipal Antitabagismo que funciona no Caps (Centro de Atenção Piscossocial) AD Jordano Pedro Segundo Vincenzi (Avenida Senador Roberto Simonsen, 502 - Santo Antônio), em que são realizadas terapias de grupo de discussão, atendimentos individuais e distribuição controlada de medicação. com duração de até dois meses e meio. Quem tiver interesse, pode assistir uma palestra, no dia 10, às 10h.
Em Diadema, ainda há serviço municipal específico para atendimento a tabagistas, mas a administração pretende implantar projeto voltado aos fumantes. Por enquanto, o Espaço Fernando Ramos da Silva (Rua Oriente Monti, 28, Centro , tel.: 4053-5300) é referência para avaliar casos de dependência de álcool, drogas e outras substâncias. Os casos mais graves são atendidos no espaço, que realizam consultas médicas, psiquiátricas, atendimento psicológico, psicoterapias individuais e em grupos. A Prefeitura também oferece acompanhamento do Programa Saúde da Família nas unidades básicas de Saúde.
A Prefeitura de São Bernardo conclui um programa voltado ao tabagismo idealizado pela equipe do Centro de Doenças Respiratórias da UBS Vila Dayse (Rua Vicente de Carvalho, 255, tel.: 4121-2318), que atenderá grupos de discussão com duração de dois meses, além de acompanhamento psicológico e palestras. Em Ribeirão Pires, o atendimento é no Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas que faz encaminhamento para hospitais de referência. As demais prefeituras não responderam. (Colaborou Deborah Moreira)
Publicidade tem grande influência sobre os jovens
Para especialistas, o apelo publicitário contribui para que jovens iniciem tão cedo a fumar. "As propagandas levam a entender que se a pessoa fumar será melhor e isso atrai os adolescentes. Mesmo com a proibição na televisão, a indústria do tabaco passa a ideia de prazer e bem-estar", explicou Silvio Cembranelli Neto, presidente da regional ABCDM da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de São Paulo, que explica que muitas vezes o foco é a mulher.
Para o presidente e psiquiatra da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), Carlos Salgado houve mudanças culturais nos últimos anos. "Fumar faz você se inserir dentro de um ambiente social e também faz parte da busca da identidade".
Por isso, ele aponta que a indústria de tabaco tem como alvo esse público. "É a publicidade encantadora. E vamos encontrar isso em porta baladas e bares, locais frequentados por muitos adolescentes", explicou. o presidente que ressalta que isso é feito ainda mais devido a lei antifumo. Pesquisas são feitas para conhecer o perfil do cliente. " Para atrair os jovens as aromatizações ganham força e acabam tendo mais teor das substâncias".
Vontade de parar de fumar é importante para o tratamento
Parar de fumar ou reduzir a quantidade de cigarros ao longo dos dias. Esse é o dilema de quem quer deixar o vício.
Para especialistas, não há diferença. É preciso conhecer o paciente para determinar qual o melhor tratamento. "Algumas pessoas não conseguem parar drasticamente, por isso, precisam reduzir gradualmente até conseguir zerar. Enquanto que outros acham melhorar eliminar de vez da vida", explicou Silvia Cury, integrante do Comitê Antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Caso a pessoa queira parar sem a ajuda médica é preciso força de vontade. "A pessoa precisa ter certeza daquilo que quer, caso contrário, será difícil. Afinal o cigarro proporciona prazer", explicou Silvio Cembranelli Neto, presidente da regional ABCDM da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Já para Silvia, o melhor é tentar parar de uma vez. "Precisa ter muita disciplina para reduzir aos poucos e sem ajuda acho mais difícil", explicou. Dentre os tratamentos oferecidos estão desde chicletes que inibem a vontade de fumar até medicamentos que agem no sistema nervoso. Mesmo sendo difícil parar, eles explicam que os benefícios são sentidos logo nos primeiros 20 minutos.
Sociedade de Cardiologia regional realiza atividades
Para comemorar o Dia Mundial sem Tabaco, a Sociedade Brasileira de Cardiologia do Estado de São Paulo Regional ABCDM preparou hoje uma série de atividades na região. O objetivo da programação é conscientizar a população de todas as idades sobre os males causados pelo cigarro.
Em Santo André, o Grupo de Combate ao Tabagismo do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) localizado na Avenida José Caballero, 143, Centro, realizará, das 7h às 9h, palestra e distribuição de cartilhas para os presentes.
Em São Caetano, haverá palestras no Centro Integrado de Saúde e Educação de Terceira Idade João Castaldelli na Avenida Presidente Kennedy, 2.400, bairro Olímpico, em que serão abordados tema da campanha da OMS (Organização Mundial de Saúde), mulher e tabaco, além de distribuição de folhetos explicativos.
Em Diadema, a FAD (Faculdade de Diadema), das 19h às 22h, realizará palestras e distribuição de materiais informativos serão entregues para os estudantes. A faculdade fica na Avenida Alda, 831, Centro.
Fumo causa 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos
Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos são causadas pelo consumo de tabaco. O objetivo da campanha é alertar sobre as estratégias que a indústria do cigarro usa para atingir o público feminino e os males que o cigarro causa à saúde e ao meio ambiente.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as mulheres hoje são o principal alvo da indústria do tabaco, que mata por ano mais de 5 milhões de pessoas - entre as quais, 1,5 milhão de mulheres.
Se não forem tomadas medidas urgentes, alerta a OMS, o fumo poderá matar mais de 8 milhões de pessoas até 2030, das quais 2,5 milhões serão mulheres. A maior incidência será entre as de baixa renda.
Atualmente, o mundo tem 1 bilhão de fumantes - entre eles, 200 milhões de mulheres. Enquanto o tabagismo cai entre os homens, em alguns países aumenta o número de fumantes do sexo feminino. A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada em 2008 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que no Brasil o tabagismo está caindo. Entretanto, a queda é menor entre as mulheres do que entre os homens. (Da AE)
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