Pesquisadores conseguiram reverter sintomas de diabetes e restaurar o funcionamento do pâncreas em ratos ao colocá-los em dietas que imitam o jejum. O estudo foi publicado na revista
Cell de fevereiro de 2017.
Esta dieta que dura cinco dias por mês engana o corpo para que ele acredite que está em jejum, “reiniciando” as funções de alguns órgãos e restaurando a produção de insulina, dizem os cientistas. A vantagem dessa dieta em relação ao jejum tradicional é que o corpo continua recebendo nutrientes, proteína e pequena quantidade de energia.
O estudo foi conduzido pelo pesquisador Valter Longo e sua equipe da Universidade do Sul da Califórnia. Vale lembrar que tanto a universidade quanto Longo são os fundadores do L-Nutra, empresa de produtos alimentares para essa dieta que imita o jejum.
No estudo, a equipe de pesquisadores observou que a dieta reverteu os sintomas dos dois tipos de diabetes em ratos. “Ao forçar o organismo do rato para um estado extremo e depois trazê-lo de volta, as células no pâncreas passam a se reprogramar”, afirma Longo.
Já nos seres humanos, segundo a equipe, esta dieta ajuda na perda de peso e na redução de problemas cardíacos, câncer e até os sintomas de Esclerose Múltipla.
Neste estudo mais recente, os ratos foram colocados na dieta especial por quatro dias a cada semana, por vários meses. O resultado observado foi que as células beta do pâncreas foram regeneradas, armazenando e liberando insulina de forma normal.
Os pesquisadores também simularam a dieta em células pancreáticas humanas de doadores com diabetes tipo II. Neste caso, o jejum simulado também causou a normalização da insulina e da proteína Ngn3, necessária para o funcionamento normal do pâncreas.
Apesar de oferecer ótimos resultados, não devemos nos precipitar. Por enquanto, os testes foram feitos apenas em ratos e em células humanas em laboratório, e os pesquisadores alertam as pessoas para que não tentem reproduzir esta dieta em casa para tratar o diabetes.
Esta dieta deve ser feita sob medida para as necessidades de cada paciente, para que o médico possa medir os níveis de calorias e tipos de alimentos que devem ser ingeridos.
A próxima etapa do estudo é realizar estudos em humanos. “O mais interessante é que esse sistema provavelmente sempre existiu. Agora que o descobrimos, podemos achar formas de trabalhar com ele e usá-lo para o benefício da saúde humana”, afirma o pesquisador. [Science Alert, Cell]
por Juliana Blume
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