O tabagismo pode debilitar em até 60% o gene que protege as artérias de obstrução por acúmulo de placas de gordura, podendo levar à aterosclerose
O tabagismo é responsável por um em cada cinco casos de aterosclerose em todo o mundo (reprodução/Reprodução)
O tabagismo pode debilitar em até 60% um gene que protege as artérias de obstrução, aumentando o risco de fumantes desenvolverem doença arterial coronariana (aterosclerose), indica estudo americano. A pesquisa, publicada nesta segunda-feira revista científica Circulation, aponta a correlação entre hábitos e genética no acúmulo da placa que endurece as artérias e pode ser um caminho no combate à doença. “Este foi um dos primeiros grandes passos rumo à resolução do complexo quebra-cabeça das interações genético-ambientais que levam a doenças coronarianas”, disse o pesquisador Danish Saleheen, da Universidade da Pensilvânia e um dos autores do estudo.
O tabagismo provoca, aproximadamente, 1,6 milhão de mortes anuais em todo o mundo e é responsável por um em cada cinco casos de aterosclerose. No entanto, os mecanismos de correlação entre o hábito e a doença ainda não haviam sido identificados. Seguindo a hipótese de alteração genética correlacionada ao fumo, os cientistas americanos analisaram mais de 60 mil casos de aterosclerose e outros 80 mil dados reunidos em 29 estudos sobre a interação genética com o tabagismo. Como resultado, eles identificaram que mudanças no cromossomo 15, próximas ao gene que produz a enzima ADAMTS7, estavam associadas a menos riscos de doenças na artéria coronária, 12% no caso de pessoas que nunca fumaram e 5% no caso de quem já foi ou é fumante.
Para melhor observar as implicações da alteração genética no cromossomo 15, os pesquisadores realizaram testes com ratos. Eles constataram que, nos animais modificados geneticamente, a produção da ADAMTS7 diminuiu significativamente e reduziu o acúmulo de plaquetas de gordura nas artérias. Em seguida, de modo a confirmar a influência do fumo na fabricação da enzima, eles aplicaram um extrato líquido da fumaça do cigarro em células da artéria coronária e observaram que a produção da ADAMTS7 mais que dobrou. Ou seja, a enzima está relacionada ao acúmulo de lipídios na corrente sanguínea e sua produção pode ser inflada pelo tabagismo.
Agora, os pesquisadores querem estabelecer exatamente como os variantes da enzima podem proteger contra a doença arterial coronariana, como o fumo afeta o gene que a produz e, se inibir a substância, pode reduzir a progressão de pacientes fumantes que já desenvolveram a aterosclerose.
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