As outras causas de diabetes são relativamente raras. São doenças que, de uma forma ou outra, levam à menor síntese e produção de insulina ou à redução de sua atividade. Os sintomas são relacionados à presença da hiperglicemia (polis - poliúria, polidipsia e polifagia ou seja, urinar muito, beber muita água e comer muito; emagrecimento, etc.) como nos diabetes "comuns", além de eventualmente sinais e sintomas relacionados à própria doença de base. Ressalto que esses quadros são muito incomuns, mesmo para um endocrinologista.
Existe uma categoria de diabetes de causas genéticas que é relativamente extensa, mas em geral extremamente incomum. Outras causas incomuns são:
Doenças pancreáticas: qualquer tipo de pancreatite crônica (álcool, hiperTG, doença biliar) pode levar à destruição do órgão, fibrose e perda da capacidade de secreção de insulina.
Drogas: corticoides, inibidores da protease (parte do coquetel anti-HIV), antipsicóticos atípicos (medicações de uso psiquiátrico, de uso cada vez mais disseminado).
Endocrinopatias: excessos hormonais por doenças que levam ao bloqueio da ação da insulina, como a acromegalia (GH), doença de Cushing (cortisol), feocromocitoma (catecolaminas tipo adrenalina, cortisol) e glucagon.
Todas essas são muito, muito raras.
Como é o processo de exame para pessoas com diabetes? Alguns exames devem ser feitos diariamente?
Pacientes portadores de diabetes devem fazer exames regularmente, mesmo que estejam se sentindo bem.
O diabetes é uma doença pouco sintomática, em geral, e ainda seus sintomas podem ser facilmente confundidos, especialmente nos casos de glicemia fora dos extremos.
Esses exames têm dois objetivos principais no paciente já sabidamente diabético:
a) Avaliar se o tratamento tem sido eficiente em manter os níveis glicêmicos em níveis adequados. Para tal, o médico pode utilizar as glicemias de jejum e pós-prandiais e as medidas de hemoglobina glicada. Enquanto as glicemias, assim como as fitas de glicemia capilar utilizadas em casa, captam toda a oscilação diária da glicemia no horário da medida, as medidas de hemoglobina glicada servem para ter uma ideia da média dessas medidas em um período mais longo, algo como 3 a 4 meses.
b) Pesquisar a presença de complicações na fase mais inicial possível, buscando um tratamento mais eficiente. Para isso, o exame utilizado depende do órgão que gostaríamos de avaliar: se os rins, a dosagem da microalbuminúria e os testes de função renal fazem o papel básico; quanto aos olhos, o exame do fundo de olho (retinoscopia) feito pelo oftalmologista é suficiente para o diagnóstico; o exame do monofilamento de 10g testa a sensibilidade dos pés, entre diversos outros.
Como ocorre a monitorização domiciliar?
A monitorização domiciliar atualmente é feita com a medida da glicemia capilar, principalmente. Os resultados destes testes se correlacionam muito bem com a glicemia medida laboratorialmente, e podem substituir os exames para medidas mais simples e frequentes.
Os esquemas de monitorização são múltiplos e dependem do diagnóstico, da fase de tratamento, do nível de controle, da estabilidade e várias outras características. Cabe ao médico decidir, junto com o paciente diabético, qual esquema é que mais se encaixa em suas necessidades individuais.
Com qual frequência deve acontecer a visita ao consultório?
As visitas ao médico devem ser frequentes, mas esses intervalos podem ser variáveis de acordo com a situação. Em geral, os pacientes com diabetes devem se programar para fazer entre 2 e 3 visitas ao médico dentro do período de um ano, no mínimo. Pacientes com esquemas de tratamento mais intensivos, com múltiplas aplicações, plenamente insulinizados, com controle oscilante ou difícil ou em situações que levem à piora rápida do controle (infecção, por exemplo) têm indicações de retorno mais precoce ao consultório para reavaliação.
Por: Dr. Guilherme Ferreira Marquezine é Especialista em Endocrinologia e Doutor pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade Estadual de Londrina. Atua na área de Endocrinologia e Metabologia, com ênfase em diabetes mellitus e seus determinantes genéticos.
Fonte: www.idmed.com
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