O ar que uma pessoa exala contém uma infinidade de partículas. A análise de sua composição química permite detectar diferentes tipos de câncer e agora alguns cães treinados são capazes de descobri-los. Estão sendo fabricados dispositivos olfativos que detectam infecções respiratórias ou o dano causado pela poluição.
O teste de alcoolemia, que permite conhecer a porcentagem de álcool presente no sangue dos motoristas através da análise de seu hálito, não é o único teste que permite obter informação sobre o organismo de uma pessoa verificando as moléculas de sua respiração.
A alcoolemia não é o único teste que permite obter informação sobre o organismo de uma pessoa verificando as moléculas …
Os métodos de diagnóstico baseados nas tecnologias de imagem e som, como a ultrassonografia e o scanner, ou nas análises de sangue e tecidos, se complementam com uma nova geração de testes "de alerta antecipado" que não requerem "invadir" o corpo nem expô-lo a radiações.
As novas análises do hálito detectam e avaliam os problemas respiratórios e males pulmonares, mas suas aplicações cada vez mais se estendem a outras partes do organismo e transtornos de saúde, como demonstram os últimos estudos.
O médico Michael Unger, do Centro para o Câncer Fox Chase, Philadelphia (EUA), pesquisa novos métodos de diagnóstico capazes de imitar o fantástico olfato canino, para identificar a "marca química" do câncer de pulmão e detectar a doença em seus estados iniciais.
Os testes de Unger demonstraram que os cães treinados para reconhecer o hálito de uma pessoa que sofre dessa doença pulmonar cumprem sua tarefa com uma precisão superior a 90% , ao farejar as mostras de ar exalado pelas pessoas.
As pesquisas de Unger com o olfato de cachorros buscam detectar melhor as pessoas de alto risco para diagnosticar a doença em seu início, já que mais de 70% dos casos podem ser curados por meios cirúrgicos, se os tumores forem tratados com antecedência.
Os especialistas recolhem mostras do ar exalado por pacientes com câncer, por fumantes sem câncer e por pessoas saudáveis. Os cachorros são treinados para cheirar o ar das pessoas doentes e aprendem como responder quando o cheiram. "Cada vez que lhes damos as mostras de pessoas com câncer, os animais respondem", segundo Unger.
Agora os especialistas estão estudando o ar exalado mediante técnicas modernas e complexas, como a espectrometria, buscando a expressão de certos marcadores, ou seja substâncias ou genes, que possam ter uma possível "assinatura genética ou química" característica das pessoas com câncer pulmonar.
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À procura dos 'VOCs'O conceito da "marca de gases" do câncer de pulmão não é novo. Os cientistas sabem que a composição química do hálito de uma pessoa doente muda, devido às células cancerígenas, que soltam substâncias químicas denominadas 'compostos orgânicos voláteis' (VOCs, na sigla em inglês) que são expulsos ao exalar.
Uma equipe de cientistas americanos desenvolveu um teste clínico com cores que mostra mudanças químicas no hálito das pessoas com câncer pulmonar. As tintas, dispostas em uma série de 36 pontos, detectam a doença com precisão em quase três de cada quatro pessoas afetadas.
Este teste, realizado com um sensor pouco maior que uma moeda em vez das grandes e custosas máquinas usadas até agora para esse propósito, poderia revolucionar a detecção adiantada do câncer e salvar vidas, de acordo com os autores do estudo, da Clínica Cleveland (Ohio, Estados Unidos).
Cientistas espanhóis desenvolveram sensores eletrônicos capazes de descobrir o câncer de pulmão, ao detectar a presença no hálito do paciente de determinados VOCs.
Estes compostos estão em concentrações entre uma a dez partes por trilhão no hálito da pessoa saudável, e esta concentração pode subir entre dez a cem vezes nas pessoas doentes.
Segundo os patrocinadores do projeto Interreg Medisen, da corporação Tecnalia, estas remodelações que se veem refletidas no hálito permitirão determinar a presença deste tipo de marcadores nos primeiros estágios da doença.
Além do câncer de pulmão, outra nova técnica, desenvolvida por cientistas do Instituto de Tecnologia Technion, em Haifa (Israel), poderia ampliar a capacidade de diagnóstico da análise respiratória, para outros tipos de tumores, como os de mama, pâncreas, intestino e próstata, utilizando um sensor desenhado para detectar variações químicas no hálito.
A invenção, denominada "nariz eletrônico" e que precisa ainda de alguns anos para desenvolver todo seu potencial, pode diferenciar pela respiração, e em um teste de 20 minutos de duração, aqueles indivíduos saudáveis dos que não o estão, e dentro destes últimos, os diferentes tipos de doença oncológica.
"Este dispositivo faz uso de uma coleção de sensores químicos que utilizam nanopartículas de ouro para detectar compostos orgânicos voláteis que são diferentes em cada tipo de câncer", explicou o pesquisador Hossan Haick, principal autor do estudo.
O nariz eletrônico programado por cientistas israelenses poderão detectar, através do hálito das pessoas, tumores …
Marcas químicas no ar
Por sua vez, pesquisadores comandados pelo médico Donato F. Altomare, da Universidade de Aldo Moro de Bari (Itália), estão aperfeiçoando outra análise da respiração baseada nos VOCs, que por enquanto, é capaz de detectar o câncer colorretal com uma precisão de mais de 75%.
O Instituto Technion, em colaboração com uma clínica de referência no Colorado (Estados Unidos), realizou um estudo-piloto, que revela que os testes de hálito poderiam discriminar entre os nódulos pulmonares benignos e malignos, e "poderiam ter um impacto significativo na redução de explorações mais invasivas e desnecessárias", segundo seus autores.
Cientistas da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, identificaram a "marca" química deixada por algumas bactérias causadoras de infecções nos pulmões, o que poderia propiciar um diagnóstico rápido da tuberculose, através de um teste de hálito, uma opção que também está sendo pesquisada no Centro para Engenharia Genética e Biotecnologia de Nova Délhi (Índia).
Atualmente, o diagnóstico destas infecções bacterianas requer o recolhimento de uma mostra do paciente, que depois é utilizada para realizar um cultivo no laboratório, onde se classifica e se determina sua resposta a antibióticos.
A empresa Oxford Medical Diagnostics está trabalhando com o hospital infantil de Oxfordshire (Reino Unido) para testar um novo dispositivo de controle de diabetes infantil mediante o hálito. Se tiver sucesso, poderia substituir o teste atual de insulina, que requer uma picada no dedo para extrair uma gota de sangue.
Esta máquina é capaz de medir com precisão pequeníssimas quantidades de acetona no hálito de uma criança diabética, uma medição que depois pode ser utilizada para calcular quanta insulina o paciente precisa.
Mas nem todos são estudos, também existem realidades e assim o FDA, órgão americano que controla alimentos e medicamentos, aprovou a comercialização do primeiro teste de hálito para detectar, em crianças de entre três e 17 anos, a infecção bacteriana por Helicobacter pylori, responsável por gastrite e úlcera. É denominado BreathTek UBT e fabricado pela companhia Otsuka America.
Um amplo estudo do hálito humano, que está sendo desenvolvido em muitos países para diagnosticar a asma, a encefalopatia hepática, doenças do trato digestivo e a fibrose cística, assim como para comprovar os efeitos da poluição em crianças asmáticas ou averiguar se uma pessoa fumou nos últimos dias.
fonte:http://br.mulher.yahoo.com/blogs/sala-espera/h%C3%A1lito-o-novo-indicador-sa%C3%BAde-125534849.html
Por Natália Mito | Sala de espera
Omar Goncebat , EFE – REPORTAGENS
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