18/12/2009
Jcnet
Cerca de 5% da população tem intolerância a substâncias de remédios; hospitais aconselham a “carregar” informações
Juliana Franco
Aproximadamente 5% da população sofre de alergia a medicamentos, sendo que muitas pessoas nem sabem disso, aponta levantamento realizado pelo instituto En Plenitud. Os sintomas - para quem toma algum medicamento que possua substância que não é tolerada pelo seu organismo - podem ser desde uma simples urticária até quadros mais graves, como a anafilaxia, que se caracteriza pela diminuição da pressão arterial, taquicardia, distúrbios gerais da circulação sangüínea, entre outros. Mas, como evitar que em casos de urgência o paciente que se encaixa nesta estatística não corra risco de morte?
Foi pensando nisso que a reportagem do JC entrou em contato com alguns hospitais da cidade para saber quais os procedimentos indicados para as pessoas que têm alergia a algum medicamento. Segundo especialistas, há situações de alergia que envolvem sintomas como vômito, diarréia, dificuldades respiratórias, cegueira, entre outras.
A aposentada Maria Berro, 64 anos, teve essas reações após tomar medicamento que continha ácido acetilsalicílico, componente que não é tolerado pelo seu organismo. O fato ocorreu há cerca de seis anos e, desde então, ela sempre carrega na bolsa uma carta feita por seu alergologista que contém os medicamentos que a aposentada não pode tomar.
“Cheguei no pronto-socorro praticamente em coma por causa do remédio. Na ocasião, o medicamento foi indicado por um ortopedista. Menos de 10 minutos após tomar o remédio, comecei a ter reações”, conta Maria. “Consegui ligar para o médico que me receitou e ele pediu para eu ir até o pronto-atendimento, já que ele não tinha como me prestar socorro no consultório. Encontrei um dos meus filhos que me levou. Todo esse processo não durou mais de meia hora e eu cheguei para ser atendida totalmente cega. Ainda bem que não tive seqüelas”, acrescenta.
A partir desta data, a aposentada tem muito medo de tomar remédios e afirma muitas vezes ser inconveniente. “Vivo um constante medo e além de avisar todos os conhecidos, quando vou em algum médico pela primeira vez, falo mil vezes. Uma vez fui ao pronto-atendimento por meio de um plano de saúde porque estava com dor de ouvido. Quando o médico atendeu, falei sobre a alergia, mostrei a carta e acho que ele não gostou”, conta. “Acredito que ele achou que eu quisesse ensinar para ele o que ele já sabe. Como não confiei, não comprei o medicamento e procurei o meu otorrinolaringologista. Na hora que ele viu a receita, disse que a minha sorte era que tinha medo de tomar qualquer remédio, pois se tivesse tomado o medicamento, teria outra crise, talvez pior”, finaliza Maria.
Hospitais
Os hospitais contatados pela reportagem do JC afirmam que se todos os pacientes que sofrem alergia a medicamentos carregassem junto com documentos ou objetos pessoais esta informação, o trabalho da equipe seria facilitado e essas pessoas não correriam risco.
Priscila Garcia, enfermeira do controle de infecções do Hospital Beneficência Portuguesa, explica que quando o paciente chega acompanhado ao pronto-socorro, o acompanhante é questionado.
“O questionamento é feito pela equipe de enfermagem e pela equipe médica. Além disso, verificamos se há algo anotado nos pertences pessoais. Se o paciente está sozinho ou nervoso, quando fazemos a medicação avisamos, pois muitas vezes, neste momento ele lembra que é alérgico”, diz Priscila.
“Mas é preciso cuidado porque existem pessoas que têm sensibilidade a múltiplas drogas e se a medicação é feita de forma errada, pode acarretar em choque anafilático gravíssimo”, acrescenta.
Por isso, a enfermeira aconselha estas pessoas a sinalizar o problema. Pacientes com epilepsia ou hemofilia, por exemplo, podem usar cordões que trazem gravado o problema. “Isso é muito importante. Quando uma pessoa é trazida inconsciente para o hospital, por exemplo, damos o primeiro suporte e fazemos uma inspeção nas roupas e pertences para saber se há problemas de alergia a medicamentos”, afirma.
Por meio da assessoria de imprensa, o Hospital Estadual informou que quando um paciente chega ao local inconsciente e sem acompanhante, a equipe olha bolsos, carteiras, qualquer sinal visual que indique algum tipo de alergia. Eles disseram que é comum as pessoas usarem pingentes no qual são gravados o nome da substância a qual não têm tolerância.
Porém, quando o paciente não tem identificação, o procedimento é aplicar a medicação do protocolo de cada caso, já que zelam pela saúde da pessoa - se for uma parada cardíaca, por exemplo, seguem as medicações básicas de parada cardíaca independentemente se o paciente é alérgico ou não. Neste caso, um profissional é disponibilizado para acompanhar as reações deste paciente.
A assessoria de comunicação informou que o hospital aconselha que a pessoa com alergia a medicamentos avise todos os amigos e parentes próximos sobre o problema, inclusive de não tolerância a anestesia. Outra dica é andar com essas informações no bolso, junto à carteira de habilitação, RG ou com o cartão de plano médico. Isso é importante porque na maioria dos casos, a equipe médica não tem como fazer testes para detectar algum tipo de alergia.
A assessoria de imprensa do Hospital de Base (HB) foi consultada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
Jcnet
Cerca de 5% da população tem intolerância a substâncias de remédios; hospitais aconselham a “carregar” informações
Juliana Franco
Aproximadamente 5% da população sofre de alergia a medicamentos, sendo que muitas pessoas nem sabem disso, aponta levantamento realizado pelo instituto En Plenitud. Os sintomas - para quem toma algum medicamento que possua substância que não é tolerada pelo seu organismo - podem ser desde uma simples urticária até quadros mais graves, como a anafilaxia, que se caracteriza pela diminuição da pressão arterial, taquicardia, distúrbios gerais da circulação sangüínea, entre outros. Mas, como evitar que em casos de urgência o paciente que se encaixa nesta estatística não corra risco de morte?
Foi pensando nisso que a reportagem do JC entrou em contato com alguns hospitais da cidade para saber quais os procedimentos indicados para as pessoas que têm alergia a algum medicamento. Segundo especialistas, há situações de alergia que envolvem sintomas como vômito, diarréia, dificuldades respiratórias, cegueira, entre outras.
A aposentada Maria Berro, 64 anos, teve essas reações após tomar medicamento que continha ácido acetilsalicílico, componente que não é tolerado pelo seu organismo. O fato ocorreu há cerca de seis anos e, desde então, ela sempre carrega na bolsa uma carta feita por seu alergologista que contém os medicamentos que a aposentada não pode tomar.
“Cheguei no pronto-socorro praticamente em coma por causa do remédio. Na ocasião, o medicamento foi indicado por um ortopedista. Menos de 10 minutos após tomar o remédio, comecei a ter reações”, conta Maria. “Consegui ligar para o médico que me receitou e ele pediu para eu ir até o pronto-atendimento, já que ele não tinha como me prestar socorro no consultório. Encontrei um dos meus filhos que me levou. Todo esse processo não durou mais de meia hora e eu cheguei para ser atendida totalmente cega. Ainda bem que não tive seqüelas”, acrescenta.
A partir desta data, a aposentada tem muito medo de tomar remédios e afirma muitas vezes ser inconveniente. “Vivo um constante medo e além de avisar todos os conhecidos, quando vou em algum médico pela primeira vez, falo mil vezes. Uma vez fui ao pronto-atendimento por meio de um plano de saúde porque estava com dor de ouvido. Quando o médico atendeu, falei sobre a alergia, mostrei a carta e acho que ele não gostou”, conta. “Acredito que ele achou que eu quisesse ensinar para ele o que ele já sabe. Como não confiei, não comprei o medicamento e procurei o meu otorrinolaringologista. Na hora que ele viu a receita, disse que a minha sorte era que tinha medo de tomar qualquer remédio, pois se tivesse tomado o medicamento, teria outra crise, talvez pior”, finaliza Maria.
Hospitais
Os hospitais contatados pela reportagem do JC afirmam que se todos os pacientes que sofrem alergia a medicamentos carregassem junto com documentos ou objetos pessoais esta informação, o trabalho da equipe seria facilitado e essas pessoas não correriam risco.
Priscila Garcia, enfermeira do controle de infecções do Hospital Beneficência Portuguesa, explica que quando o paciente chega acompanhado ao pronto-socorro, o acompanhante é questionado.
“O questionamento é feito pela equipe de enfermagem e pela equipe médica. Além disso, verificamos se há algo anotado nos pertences pessoais. Se o paciente está sozinho ou nervoso, quando fazemos a medicação avisamos, pois muitas vezes, neste momento ele lembra que é alérgico”, diz Priscila.
“Mas é preciso cuidado porque existem pessoas que têm sensibilidade a múltiplas drogas e se a medicação é feita de forma errada, pode acarretar em choque anafilático gravíssimo”, acrescenta.
Por isso, a enfermeira aconselha estas pessoas a sinalizar o problema. Pacientes com epilepsia ou hemofilia, por exemplo, podem usar cordões que trazem gravado o problema. “Isso é muito importante. Quando uma pessoa é trazida inconsciente para o hospital, por exemplo, damos o primeiro suporte e fazemos uma inspeção nas roupas e pertences para saber se há problemas de alergia a medicamentos”, afirma.
Por meio da assessoria de imprensa, o Hospital Estadual informou que quando um paciente chega ao local inconsciente e sem acompanhante, a equipe olha bolsos, carteiras, qualquer sinal visual que indique algum tipo de alergia. Eles disseram que é comum as pessoas usarem pingentes no qual são gravados o nome da substância a qual não têm tolerância.
Porém, quando o paciente não tem identificação, o procedimento é aplicar a medicação do protocolo de cada caso, já que zelam pela saúde da pessoa - se for uma parada cardíaca, por exemplo, seguem as medicações básicas de parada cardíaca independentemente se o paciente é alérgico ou não. Neste caso, um profissional é disponibilizado para acompanhar as reações deste paciente.
A assessoria de comunicação informou que o hospital aconselha que a pessoa com alergia a medicamentos avise todos os amigos e parentes próximos sobre o problema, inclusive de não tolerância a anestesia. Outra dica é andar com essas informações no bolso, junto à carteira de habilitação, RG ou com o cartão de plano médico. Isso é importante porque na maioria dos casos, a equipe médica não tem como fazer testes para detectar algum tipo de alergia.
A assessoria de imprensa do Hospital de Base (HB) foi consultada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
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