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Segundo um novo estudo, a bactéria – Propionibacterium acnes, ou P. acnes – que vive sobre a pele e contribui para a acne, geralmente considerada inofensiva, pode causar infecções após cirurgia, incluindo infecções no cérebro.
Provavelmente a bactéria também pode estimular algumas células a se tornem cancerígenas. No entanto, a evidência para a ligação com a doença é apenas emergente. Mais estudos são necessários para confirmar se ela é realmente “culpada”.
A P. acnes vive em folículos pilosos, os minúsculos poros da nossa pele a partir dos quais brotam os cabelos. Quando esses poros ficam bloqueados, as bactérias podem multiplicar-se e contribuir para a inflamação que chamamos de acne.
Agora, os pesquisadores descobriram que elas também podem causar inflamação no interior dos nossos tecidos, conduzindo a dano tecidual.
Normalmente, quando a P. acnes é encontrada em uma infecção dentro do corpo, a maioria dos médicos assume que é apenas um contaminante, ou seja, que foi transferida da pele para o interior do corpo, talvez durante um procedimento médico, mas não estava realmente causando a doença.
Recentemente, porém, os pesquisadores perceberam que existem diferentes síndromes clínicas associadas com infecções por P. acnes como um patógeno real e não apenas um contaminante.
Por exemplo, alguns estudos ligaram as bactérias à formação de abscesso cerebral após neurocirurgia. Um paciente desenvolveu um abcesso no cérebro 10 anos após ter feito a cirurgia. Biópsias do abscesso mostraram apenas um tipo de bactéria presente: P. acnes.
Embora seja difícil dizer se a P. acnes causou o abcesso, uma pista é que a condição do paciente melhorou quando ele tomou antibióticos contra a bactéria. Os pesquisadores quase não conseguiram identificá-la. Ela demora muito tempo para crescer, e os cientistas estavam prestes a jogar fora toda a cultura de laboratório quando a P. acnes finalmente apareceu.
As infecções com P. acnes podem passar desapercebidas porque depois de fazer uma biópsia, os pesquisadores podem se livrar de suas culturas antes dessas bactérias terem a chance de crescer, ou porque os pesquisadores utilizaram os meios de cultura errados.
Uma série de estudos também mostrou que a P. acnes cresce sobre dispositivos médicos implantados, incluindo quadril, joelho e cotovelo artificiais. Cerca de 750.000 dessas articulações artificiais são colocadas em doentes a cada ano nos Estados Unidos, e em cerca de 1% dos casos os pacientes desenvolvem uma infecção.
Além disso, vários estudos recentes sugerem que a bactéria pode aumentar o risco de câncer de próstata. Ela foi encontrada crescendo no interior das células da próstata, e esse crescimento pode levar a inflamação no interior das células, que por sua vez, pode estimulá-las a se tornar cancerosas.
Um estudo mostrou que as bactérias cresceram em 58 das 71 amostras de tecido de câncer de próstata, mas em nenhuma das 20 amostras de tecido saudável. Segundo os pesquisadores, a exposição ao P. acnes por longos períodos alterou a forma como as células se dividiam. No entanto, muito mais pesquisa é necessária para confirmar a ligação do organismo com o câncer.
Segundo os pesquisadores, a boa notícia é que se for confirmado que a P. acnes contribui para infecções ou até mesmo câncer, o tratamento com antibióticos pode ajudar a reduzir a gravidade desses problemas. [LiveScience]
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