sexta-feira, 8 de abril de 2016

Tripofobia: o medo de buracos trazido à tona pela internet – e pela matemática


Uma das incríveis possibilidades trazidas pela internet é o encontro de todo tipo de gente de todas as partes do mundo para discutir problemas em comum. Espontaneamente, pessoas compartilham sintomas e experiências em fóruns de discussão, sem medo de se sentirem expostas.

Estão aí os ingredientes para descobrir condições médicas que ainda não puderam ser observadas ou mesmo reconhecidas por pesquisadores. Um desses casos é a neve visual. Outro é a tripofobia.

Tripofobia é o “medo de buracos”, condição que faz com que indivíduos sintam desconforto como coceira e arrepios e até ataque de pânico ao observar imagens com vários pequenos buracos, círculos, rachaduras ou outras formas assimétricas. O problema foi descrito pela primeira vez em um site em 2005, mas ainda não é reconhecido como um diagnóstico médico.

As imagens que causam essa reação podem ser naturais como uma colmeia de abelhas ou sementes de plantas, mas também objetos feitos pelo homem, como chocolate aerado ou uma pilha de canos ou canudos vistos de lado.

Propriedades matemáticas

O que diferencia a tripofobia de outras fobias é que as imagens que causam as reações normalmente não oferecem nenhum risco à pessoa, como o medo de aranhas ou de altura. As imagens com buracos também não têm muito em comum, não seguem nenhum padrão além de sua configuração.

A matemática traz uma possível explicação para este desconforto. A configuração dessas imagens tem propriedades matemáticas que são compartilhadas pela maioria das imagens que causam desconforto visual, tensão ocular ou dor de cabeça.

Imagens com essas propriedades matemáticas não são processadas com facilidade pelo cérebro e pedem mais oxigenação dos tecidos cerebrais. Em um estudo de Paul Hibbard e Arnold Wilkins, da Universidade de Essex (Inglaterra), os autores sugerem que esse desconforto ao encarar as imagens vem da necessidade de maior oxigenação do cérebro.

Por que só alguns sentem o desconforto?

Imagens de contaminantes como mofo ou doenças de pele costumam causar nojo na maioria das pessoas, não só nas que têm tripofobia. Esse nojo é provavelmente um mecanismo de defesa para que a pessoa se afaste do que pode lhe causar problemas de saúde.

“As propriedades matemáticas das imagens de mofo ou lesões de pele são similares às tripofóbicas, e nosso estudo examina se elas também induzem uma maior oxigenação do cérebro”, afirma Wilkins. Ele acredita que o desconforto seja um mecanismo útil para não só evitar oxigenação excessiva, como evitar objetos que ofereçam riscos de contaminação. Aqueles que sofrem de tripofobia podem ter esse mecanismo funcionando de forma exagerada. [IFLScience]

Confira no vídeo abaixo mais imagens que causam coceira, arrepios e outros desconfortos em quem tem tripofobia:




fonte:hypescience.com
por Juliana Blume
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