Um novo estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que uma injeção de uma proteína chamada de IL-33 pode reverter os sintomas de Alzheimer e declínio cognitivo em ratos, restaurando sua memória e função cognitiva a níveis saudáveis, em apenas uma semana.
Os ratos foram criados para desenvolver uma doença parecida com o Alzheimer em humanos, que progredia à medida que envelheciam.
Em seguida, receberam injeções diárias da proteína, que não só limpou o acúmulo de placas amiloides tóxicas que provocam a doença em humanos, como também impediu que mais se formassem.
Cautela
É preciso deixar claro que, nesta fase, não temos ideia se esses bons resultados com ratos irão traduzir em bons resultados em seres humanos com doença de Alzheimer.
Mas quando se trata de uma condição sem cura que deve afetar 65 milhões de pessoas até 2030, qualquer novo desenvolvimento é valioso. A equipe por trás desta descoberta está confiante de que certos aspectos poderiam se revelar importantes para a criação de uma terapia para pacientes humanos.
O Alzheimer
Nos seres humanos, a doença de Alzheimer geralmente resulta de uma acumulação de dois tipos de lesões no cérebro – placas amiloides e novelos neurofibrilares.
Placas amiloides ficam entre os neurônios e formam aglomerados densos de um tipo de proteína chamada beta-amiloide. Emaranhados neurofibrilares são encontrados no interior dos neurônios, causados por proteínas tau defeituosas que se aglomeram em uma massa espessa. Isto faz com que pequenos filamentos chamados microtúbulos se torçam, o que perturba o transporte de nutrientes essenciais em todo o cérebro.
Neste momento, não se sabe por que certas pessoas experimentam um acúmulo de placas amiloides e emaranhados neurofibrilares no cérebro à medida que envelhecem, e outras não. Mas os cientistas estão confiantes de que, se pudermos descobrir como solucionar esses problemas, podemos efetivamente tratar a doença.
O estudo com ratos
“IL-33 é uma proteína produzida por vários tipos de células no corpo e é particularmente abundante no sistema nervoso central (cérebro e medula espinal)”, disse o pesquisador principal do estudo, Eddy Liew, da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, ao Science Alert. “Nós descobrimos que a injeção de IL-33 em ratos doentes melhorou rapidamente sua memória e função cognitiva, ao nível dos ratos normais da mesma idade, dentro de uma semana”.
Liew e sua equipe descobriram que a IL-33 parece alavancar células imunes no cérebro chamadas microglia, orientando-as para as placas amiloides tóxicas.
A microglia agressivamente alveja essas placas, com a ajuda de uma enzima chamada neprilisina, conhecida por quebrar amiloide. Este processo reduziu o tamanho e o número de placas amiloides em ratos com sintomas de Alzheimer.
Não só isso, mas as injeções também impediram a inflamação no tecido cerebral, o que estudos anteriores associaram à proliferação de placas e emaranhados neurofibrilares.
Teste com humanos em breve
Esse resultado é interessante para pesquisadores de todo o mundo que buscam uma cura ou tratamento para a doença de Alzheimer em humanos.
Liew permanece cauteloso, no entanto. “A relevância deste achado para a doença de Alzheimer humana é atualmente pouco clara. Mas há indícios encorajadores. Por exemplo, estudos genéticos anteriores demonstraram uma associação entre mutações de IL-33 e doença de Alzheimer em populações europeias e chinesas. Além disso, o cérebro de pacientes com a doença de Alzheimer contém menos IL-33 do que o cérebro de pacientes sem Alzheimer”.
Um teste clínico com humanos para verificar a toxicidade da IL-33 está prestes a começar, de fato que é melhor esperar esses resultados para ficarmos animados com uma possível terapia para a condição. [ScienceAlert]
fonte:hypescience.com
Natasha Romanzoti
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