Medidas simples, como escovação correta e raspagem diária da língua, resolvem cerca de 90% dos casos de halitose...
Ao contrário do que muitos pensam, o problema não é estomacal e ficar em jejum não o causa. Uma simples visita ao dentista pode resolver a questão, que provoca desde o isolamento social até a perda de oportunidades profissionais e pessoais
Tem coisa mais incômoda do que mau hálito? O problema, chamado também de halitose, é mais comum do que se imagina: estatísticas extra-oficiais mostram que 30% dos adultos convivem com o odor bucal. Na faixa etária dos 14 anos, 14% das pessoas sofrem com o mal; entre os 40 e os 65 anos esse número sobe para 47% dos indivíduos, enquanto 67% das pessoas acima dos 65 anos passam pelo problema. A dura verdade é que, em algum momento da vida, 100% das pessoas terão esse transtorno, ao menos ao acordar pela manhã...
Conforme conta o Dr. Willian Aguilar há muitos mitos envolvendo a halitose, mas a maioria dos casos é bem simples de se resolver. “Primeiro, é importante saber de onde vem o odor e qual é a sua causa. Depois, é só encontrar o tratamento adequado e segui-lo à risca”, comenta o dentista.
O que é a halitose
A halitose – ou mau hálito – é o odor desagradável emitido pela boca. Em 90% dos casos, esse mau cheiro é provocado pelo acúmulo de resíduos de alimentos na língua (chamado de saburra) que, se não forem removidos corretamente, fermentam, criam bactérias e liberam o enxofre. “É esta substância – o enxofre – que causa o cheiro ruim que sentimos”, diz Aguilar.
O dentista explica que 90% dos casos de halitose são causados pela boca. “Além do acúmulo de saburra, dentes cariados, periodontite, gengivite e placa bacteriana podem causar o odor”, diz. Os outros 10% podem estar ligados a doenças como o diabetes e insuficiências renal e hepática.
Ao contrário do que se pensa, dizer que a halitose vem do estômago é um mito. “O estômago possui válvulas que se fecham, permitindo apenas a passagem de eructação gástrica, o chamado arroto, e não odores. O mau hálito vem mesmo é da boca”.
Ficar em jejum também não causa mau hálito. “O que acontece é que a pessoa saliva menos e o alimento acumulado na língua fermenta, liberando o enxofre. Quando a pessoa come, saliva mais e a língua parece mais limpa”.
A quem a halitose ataca
Qualquer pessoa – independente da raça, idade ou sexo – pode ter halitose. Este transtorno ocorre muito mais pelos hábitos de higiene do que por alguma característica genética.
Como detectar o problema
Quem tem halitose geralmente não sabe que passa por este constrangimento. Isto porque o organismo humano ‘se acostuma’ com seus próprios odores e são pouquíssimas as pessoas que conseguem ser sinceras com quem tem mau hálito, informando a pessoa disso. Por isso, um indivíduo pode passar anos e anos sendo discriminado. “O isolamento social é terrível, já que o medo de abalar uma relação dificulta muitos diagnósticos”, diz Aguilar. Ele explica, porém, que uma simples visita ao dentista pode resolver a questão. “Se o problema for local, na boca, o tratamento será feito pelo dentista. Em 90% dos casos, a escovação mais intensa, o uso do raspador de língua e do fio dental resolvem o problema. Quando ele é sistêmico, ou seja, causado por doenças como o diabetes, o paciente é encaminhado para um especialista”, comenta.
Por Simone Valente / Cristina Thomaz
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