quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Médicos divergem sobre idade para mamografia


18/11/2009 | 05h09min

Recomendação americana que retarda avaliação gera polêmica nacional

As novas diretrizes do governo americano para prevenção ao câncer de mama, que indicam mamografias de rotina apenas para mulheres a partir dos 50 anos, dividem os especialistas brasileiros.

ASociedade Brasileira de Mastologia mantém a orientação para que as pacientes façam o exame anual a partir dos 40 anos, um direito assegurado por lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008, mas o Instituto Nacional do Câncer (Inca) concorda com a posição adotada pelos norte-americanos.

A mudança na orientação norte-americana, publicada ontem nos Anais de Medicina Interna, foi proposta pela Força-Tarefa de Serviços de Prevenção dos Estados Unidos. O grupo de especialistas concluiu que o risco de fazer o exame na faixa etária dos 40 e 49 anos é menor do que os benefícios. Isso porque, a cada 1,9 mil mulheres avaliadas nessa idade, apenas uma morte é evitada. Ao mesmo tempo, a preocupação com resultados falso-positivos faz com que a paciente seja submetida a exames e até a cirurgias desnecessárias.

Apesar de criticada por organizações como a Sociedade Americana de Doenças da Mama e a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, a mudança está em sintonia com o Consenso da Mama publicado em 2004 pelo Inca, que prevê a realização do exame para mulheres a partir dos 50 anos. Segundo o médico Ronaldo Corrêa da Silva, da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica da instituição, ligada ao Ministério da Saúde, a mesma orientação é seguida na Europa.

– Na faixa dos 40 anos a mamografia não é tão precisa e pode levar a uma quantidade de procedimentos desnecessários, com custos monstruosos e sofrimento – defende Corrêa.

A Sociedade Brasileira de Mastologista recomenda o exame a partir dos 40 anos. Para o presidente da entidade no Estado, Felipe Zerwes, o essencial é que a paciente discuta com o médico

O mastologista José Luiz Pedrini, chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Conceição, pondera que há estudos mostrando que a incidência de câncer seria maior em pacientes que fazem mais mamografias.

– A ideia é que algumas lesões desapareceriam sozinhas ou nunca evoluiriam para um câncer, mas acabam sendo tratadas como tal – analisa.

Para o mastologista Antonio Frasson, coordenador do Centro de Mama do Hospital São Lucas da PUCRS, a realidade norte-americana não deve servir como parâmetro para o Brasil.

ZERO HORA

Cientistas dos EUA recomendam exame contra câncer de mama a partir dos 50

Um comentário:

  1. Para os estudiosos do assunto é realmente muito fácil, talvez até engraçado, visto que são homens na sua maioria, sentarem-se para discutir o quanto é desnecessário salvar a vida de apenas uma mulher em 1,9 mil mulheres que fazem a mamografia entre 40 e 50 anos.
    DIFÍCIL É PARA MIM, COM 38 ANOS QUE FUI SALVA POR UMA MAMOGRAFIA DE ROTINA...SOU GINECOLOGISTA, SEM ANTECEDENTES FAMILIARES DE CANCER DE MAMA, FIZ UMA MAMOGRAFIA AOS 38 ANOS, SEM NÓDULO PALPÁVEL...E PARA MINHA SURPRESA HAVIA UM "CA IN SITU"...
    SALVAR 0,1% DA POPULAÇÃO É MUITO POUCO QUANDO ESSE ÍNDICE NÃO REPRESENTA A SUA PESSOA!
    ASS.: MARIA LÚCIA

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