sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Colesterol alto também é problema de criança



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O consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e o aumento do sedentarismo têm contribuído para a elevação do nível de colesterol em crianças.

O excesso de colesterol não é uma exclusividade dos adultos. Uma pesquisa sobre a incidência da substância na população infantil foi realizada pela DASA e levantou os exames de sangue de 1.872 crianças realizados no Paraná, de janeiro a dezembro de 2009. As crianças foram divididas em dois grupos: amostra 1 - crianças abaixo dos nove anos; amostra 2 - dos dez aos quinze anos. O resultado obtido apontou que 43% delas apresentavam níveis elevados de colesterol.

Segundo recomendações da Sociedade de Pediatria, o colesterol total é considerado normal na criança quando abaixo de 170 mg/dL e torna-se mais preocupante quando ultrapassa 200mg/dL. Dentro deste grupo da pesquisa, 993 eram meninas e 879 eram meninos. Dentre as meninas, 444 estavam com colesterol elevado e dentre os meninos, 366.

Mais resultados sobre a pesquisa

"Este resultado confirma a tendência mundial de elevação dos níveis de colesterol nas crianças, provável fruto do aumento contínuo dos níveis de obesidade, piora dos hábitos de vida com consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e gorduras trans, bem como o aumento do sedentarismo observado em todas as faixas etárias", revela Mauro Scharf, endocrinologista da DASA e responsável pela pesquisa.

O endocrinologista ressalta que a pesquisa foi realizada em crianças que tiveram o colesterol solicitado por seus médicos e que, portanto, pode incluir um grupo de crianças já com conhecida dislipidemia familiar e que estavam realizando exames de controle. Por isso, os resultados da pesquisa podem refletir valores percentuais acima do esperado na população. Porém, grande parte dessas crianças provavelmente realizou o exame meramente como rotina.

O especialista explica que até os dois anos, é normal que os níveis de colesterol sejam elevados. "Trata-se de uma substância fundamental para a produção de hormônios e desenvolvimento dos neurônios no sistema nervoso central para formar uma espécie de capa que recobre cada um dos neurônios, a mielina, sem a qual os impulsos nervosos não seriam transmitidos de uma célula a outra", afirma. Scharf reforça que a falta dele, portanto, pode levar a deficiências no desenvolvimento cognitivo e psicomotor.

Mas o endocrinologista revela que já se sabe que um quarto das crianças de até dois anos com colesterol alto apresentará problemas de saúde na idade adulta. O Programa Nacional de Educação sobre Colesterol da Academia Americana de Pediatria preconiza que crianças com parentes de primeiro grau, que tiveram doença coronariana antes dos 55 anos de idade, devem começar a prevenção e o controle desse mal a partir dos dois anos.

O que é colesterol alto?

Segundo Scharf, o colesterol é a gordura da alimentação absorvida no intestino que entra na corrente sanguínea, sendo transportada por proteínas até formar o complexo lipoproteína (lipo = gordura). As principais lipoproteínas são: HDL (conhecido como o bom colesterol), o LDL (denominado como o mau colesterol) e o VLDL. "O colesterol é necessário para algumas funções do organismo, como a produção de alguns hormônios e ácidos biliares. Mas, em excesso, pode causar problemas", comenta o especialista.

Quando o colesterol atinge níveis altos, oriundos de distúrbio genético somado à alimentação incorreta, as artérias são obstruídas por blocos de gorduras, que interrompem a irrigação normal do sangue, levando às lesões e até à morte da região atingida. "Como exemplos podemos citar a obstrução das artérias do coração, que pode causar um infarto e impedir o órgão de bombear o sangue para todo o corpo, e a obstrução de artérias que irrigam o cérebro, o que pode acarretar um acidente vascular cerebral, conhecido pela sigla AVC", acrescenta Scharf.

Como é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas, o diagnóstico é feito por meio de análises do sangue do paciente. Por isso, é muito importante a realização de exames periódicos. "Eventualmente, o excesso de triglicérides (outra fração de gordura do sangue) pode levar ao surgimento de manchas ou erupções amareladas na pele", acrescenta o médico.

O ideal é que o paciente procure um médico e se submeta às medidas necessárias. "O tratamento deve ter medicamentos à base de estatinas (classe de drogas que engloba várias substâncias com mesmo mecanismo de ação, porém, de potências diferentes) e alimentação adequada - balanceada nutricionalmente e sem excesso de gorduras e, principalmente, com baixo teor de colesterol. Além disso, o paciente deve praticar exercícios físicos regulares", conclui Scharf.

Terceira idade. Como encarar essa nova fase?


Envelhecer é uma palavra que causa medo e inquietação. A morte e o envelhecimento fazem parte da vida, são processos naturais. Mas para muitas pessoas o avançar dos anos representa somente perdas e nenhum ganho.

Esquecemos muitas vezes que juventude e velhice são conceitos relativos, que se alternam a cada dia que passa. Quem explica isso é Cristina Fogaça, que é gerontóloga, ou seja, uma profissional que estuda e trabalha com pessoas idosas.

"Não é mostrado ao ser humano que o envelhecimento é um processo e a idade é relativa. Um bebe de três meses é um velho para um bebê de um mês e ele é um novo para uma criança de dois anos. Todo mundo é velho e todo mundo é novo, depende de onde você se encontra. E quando você consegue enxergar dessa maneira você quebra o tabu de que você não fica velho só lá na frente."

No Brasil de hoje, 9% da população já passou dos 60 anos, são pessoas consideradas idosas. Velho, idoso, ancião, terceira idade, melhor idade, são vários os nomes para quem já tem várias décadas de vida. À medida que a idade avança, os hábitos e comportamentos mudam. Mas segundo o médico geriatra Renato Maia, essa mudança não precisa ser ruim.

"Eu sempre gosto de lembrar uma frase muito bonita que foi dita pela atriz americana Sharon Stone, quando ela afirmou que é preciso saber renunciar com elegância às coisas boas da juventude. É preciso saber que aqueles dons da juventude, a agilidade, a beleza, do excesso de sexualidade, isso tudo pode sofrer uma modificação. Essa modificação necessariamente não precisa ser tomada como uma modificação para pior."

Ganhos e perdas acontecem em todas as faixas etárias, e não apenas na velhice. O estudante que entra na idade adulta e começa a trabalhar, por exemplo, troca as pequenas cobranças da escola pelas grandes cobranças da vida. Para os velhos, as coisas boas da juventude podem dar lugar às coisas boas da experiência: ponderação, tranquilidade e uma preocupação menor com as cobranças impostas pela sociedade. E tudo isso pode ser vivido com saúde, pois a medicina hoje trabalha para que as pessoas possam viver cada vez mais e melhor. Nas próximas duas décadas, a população idosa do Brasil poderá dobrar, passando de 15 milhões para 30 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais.

Para Renato Maia, não se trata de sobreviver mais, mas de viver mais e melhor. Nesse sentido, a vida é encarada como uma travessia, uma longa travessia, que pode ser conduzida sem preconceitos e de modo positivo, com as coisas boas e as adversidades que surgem para todas as pessoas. E Renato Maia lembra um detalhe importante: a cada aniversário comemorado, os desejos são para que se tenha muitos anos de vida.

"A vida tem que ser olhada como um dádiva e essa dádiva tem que ser exercida e aproveitada com o maior empenho possível. Até porque, desde o primeiro ano de vida, os amigos, os parentes e os pais se reuniram e cantaram para nós muitas felicidades e muitos anos de vida. Ora, se alcançamos a graça de viver mais, não vamos agora repudiá-la e dizer que a velhice é ruim, pelo contrário."

Ter projetos, sonhos e afetos aos 88 anos é algo sentido por Noir da Costa. Ela adora teatro, voltou a estudar e frequenta o coral da faculdade da terceira idade em que ingressou há dez anos. Para Noir, um grande fantasma que deve ser espantado é o pensamento que as pessoas mais velhas não são capazes de viver com prazer e alegria. Com ela não tem essa história de dizer que a pessoa é de idade, e sua família não interfere nas atividades que Noir tem vontade de fazer. "Primeiro de tudo, a gente só morre no dia que tem que morrer, não é? Eu sempre digo: quando eu achar que não devo, eu paro. Primeiro porque não sou masoquista e depois eu já tenho muita tarimba para saber o que é bom pra mim e o que não é bom, de modo que fiquem despreocupados, pois sei o que faço."

Por: Daniele Lessa - Fonte: http://www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=30077

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