Com a ajuda de minicérebros, pesquisadores descobriram que o vírus é capaz de infectar células-tronco neurais mesmo sem proteína receptora.
Vírus da zika (luz azul) se espalha em um modelo tridimensional de um cérebro em desenvolvimento (Foto: Max Salick and Nathaniel Kirkpatrick/Novartis)
Cientistas da Universidade Harvard e do Instituto Norvatis avançaram nas descobertas sobre como o vírus da zika infecta as células neurais em desenvolvimento. Em estudo publicado nesta quinta-feira (1º), eles mostraram que o vírus pode tomar um caminho que não necessita da proteína receptora AXL, uma das hipóteses levantadas por pesquisadores até então.
Essa proteína é abundante na superfície das células capazes de formar vários tipos de outras células cerebrais durante a formação dos bebês, as células-tronco neurais humanas (NPCs, em inglês). Em março deste ano, pesquisadores da Universidade da Califórnia já haviam estudado o quanto esse receptor AXL estava presente e poderia ser a razão pela qual o vírus da zika teria uma atração pelas células-tronco neurais.
Agora, esse novo estudo mostra que a proteína não é a única via de infecção do vírus. Eles usaram células sem AXL e as expuseram ao vírus da zika. O mesmo foi feito com a ajuda de minicérebros --pequenas estruturas neuronais criadas em laboratório -- com as mesmas células. Nos dois casos ocorreu a infecção pelo zika.
“Nossa descoberta realmente recalibra essa área de pesquisa, porque nos mostra que ainda temos que descobrir como o zika está entrando nessas células”, disse Kavin Eggan, co-autor do artigo.
Ajamate Kaykas, do Instituto Norvatis e co-autor da pesquisa, concordou com Eggan. “É muito importante que a comunidade científica saiba que a segmentação da proteína AXL sozinha não vai defender [as células-tronco neurais] contra o zika”.
Esse estudo foi corroborado por um anterior, que fez testes nos cérebros de ratos sem a proteína receptora. Historicamente, as células-tronco neurais são difíceis de analisar em laboratório porque é difícil obter amostras sem danificar o cérebro humano.
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