Por meio da análise da lágrima do paciente, o dispositivo é capaz de monitorar o nível de açúcar ou a quantidade de ácido úrico em seu sangue
O equipamento ainda está em fase de testes, mas deve chegar ao mercado com um valor menor que os procedimentos comuns (Oregon State University/Divulgação)
Os diabéticos e outros pacientes que precisam coletar sangue todos os dias para realizar algum exame sabem como são doloridos esses procedimentos. Porém, uma pesquisa publicada nesta terça-feira (4), no periódico científico da American Chemical Society, apontou uma possível solução para tornar esses processos (bem) menos invasivos. Trata-se de uma lente de contato equipada com um sensor biométrico capaz de aferir o nível de glicose no sangue do paciente.
Os sensores são alocados à uma lente de contato comum e transparente. Assim, eles conseguem monitorar os sinais biológicos (glicemia, ácido úrico) do indivíduo apenas por meio da análise de suas lágrimas. “Nosso objetivo é detectar os biomarcadores nas lágrimas e não no sangue do paciente, o que torna a tecnologia muito menos invasiva”, diz ao site de VEJA o engenheiro americano Gregory Herman, da Universidade do Estado do Oregon, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
De acordo com Herman, os sensores das lentes possuem uma enzima sensível à glicose. Dessa forma, cada vez que o dispositivo está na presença de açúcar, sua enzima se modifica. Isso permite que os cientistas acompanhem o níveis de glicose dos pacientes apenas monitorando a lente.
Inicialmente, a tecnologia foi desenvolvida para aferir somente as taxas de glicemia no sangue. Porém, as pesquisas se expandiram para que o dispositivo também monitore outros sinais biológicos como ácido úrico, colesterol, dentre outros. “Durante as pesquisas, descobrimos também que podemos alterar a química do dispositivo para termos um sensor de ácido úrico, importante biomarcador de doenças renais”, exemplifica o pesquisador.
As lentes ainda estão em fase de testes, mas, de acordo com o estudo, a tecnologia — que deve ser mais barata que os procedimentos comuns — pode ser produzida em escala industrial desde que haja apoio das empresas. “Já estamos buscando colaborações com a iniciativa privada. Uma vez que conseguirmos tal apoio, acredito que as lentes e os sensores podem chegar ao mercado com rapidez e serão relativamente baratos”, antecipa o pesquisador.
Por Carla Monteiro
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