A infertilidade é um dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer, mas técnicas modernas já permitem a preservação da vida reprodutiva
Fertilidade (iStock/Getty Images)
O câncer é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, responsável pelo óbito de mais de 8,8 milhões de pessoas no ano de 2015. O Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado todo 8 de abril por iniciativa da Organização Mundial da Saúde, foi criado para atrair a atenção da população mundial para o aumento no índice de câncer no mundo e também as ações de prevenção e combate à doença.
Tratamentos e efeitos colaterais
A ciência avança na cura de diferentes tipos de câncer, propiciando a sobrevivência a longo termo para diversos pacientes. De fato, tratamentos quimioterápicos e radioterápicos têm permitido taxas de sobrevivência de aproximadamente 80% entre crianças e adolescentes.
A meditação sobre os tratamentos e sobrevida deve incluir a qualidade de vida e, assim, a possibilidade do paciente se tornar pai ou mãe, acomodando-se aos desejos de fundar uma família, próprios da natureza humana. Dessa maneira, chama a atenção a questão da preservação da fertilidade, pois efeito colateral sabido dos tratamentos do câncer é a infertilidade.
Um estudo publicado há alguns anos pelo nosso grupo (Int Braz J Urol. 2009) constatou que 86,9% dos pacientes com câncer tinham preocupação com a fertilidade futura e a criopreservação de seu gametas os deixava mais confortáveis para enfrentar a doença e o tratamento.
Há esperança
Técnicas e estratégias para preservação da fertilidade vêm sendo estudadas e desenvolvidas, sendo que o método mais seguro e eficaz hoje é o congelamento de espermatozoides, óvulos ou embriões, anteriormente à terapia gonadotóxica.
A criopreservação de espermatozoides é simples e pode ser feita imediatamente antes do início da terapêutica oncológica. No caso de óvulos e embriões, o congelamento requer estímulo medicamentoso dos ovários, procedimento que pode levar de três a seis semanas, o que nem sempre é possível. Quando possível, as estratégias incluem regimes de estímulo ovariano modificados para prevenir o potencial efeito deletério das altas concentrações hormonais.
Quando não é possível esperar o estímulo ou preservar os espermatozoides antes do tratamento, a alternativa é o congelamento do tecido ovariano ou testicular, técnica também adequada para preservação da fertilidade no delicado caso de crianças e pré-adolescentes. O tecido ovariano é uma fonte de gametas, que podem ser criopreservados e, após o final do tratamento oncológico, a paciente tem possibilidade de reestabelecer os ciclos reprodutivos.
O congelamento de pequenas partes do ovário humano é ainda um grande desafio da medicina, pela complexidade das células envolvidas. Porém, avanços nessa área e estudos têm permitido o desenvolvimento de diversas técnicas de preservação da fertilidade, trazendo a possibilidade de maternidade antes impensada.
Aproveitando a data e a atenção mundial, fica o alerta: pacientes com diagnóstico de câncer devem ser informados a respeito da possível perda da fertilidade e, principalmente, das opções para sua manutenção, esperança de paternidade futura que auxilia, sem dúvida, no tratamento da doença.
Por Edson Borges
Atenção: O Saúde Canal da Vida é um espaço de informação, divulgação e educação sobre assuntos relacionados a saúde, não utilize as informações como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde. Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário