Mulheres adultas são as maiores vítimas do problema,que provoca sintomas desagradáveis como inchaço, dor e mal-estar
A constipação crônica, popularmente conhecida como prisão de ventre, afeta 26% da população mundial. Estima-se que 37% das mulheres - a proporção é de quatro para cada homem - sofram com o problema. A principal razão para isso é a própria natureza do organismo feminino, além da falta de hidratação e até mesmo de fatores psicológicos. Tudo isso desempenha papel importante na incidência da doença, que provoca inchaço, aumento de peso, desconforto e mal-estar. O gastroenterologista Ricardo Barbuti, do Hospital das Clínicas de São Paulo, fala mais sobre o assunto.
Quando a pessoa está com constipação crônica? Quais os critérios para o diagnóstico?
A constipação está relacionada com a presença de evacuação insatisfatória, seja por número insuficiente ou por dificuldade ou dor. Entretanto, podemos defini-la segundo um consenso conhecido por Roma lll.
O que diz esse consenso?
Que o início dos sintomas deve ser de pelo menos seis meses antes do diagnóstico. Além disso, é necessária a presença de dois ou mais sintomas nos últimos três meses.
E quais são esses sintomas?
Esforço para evacuar, fezes endurecidas ou fragmentadas, sensação de evacuação incompleta, sensação de bloqueio (obstrução anorretal), necessidade de manobras manuais para facilitar a evacuação, menos do que três evacuações por semana, fezes líquidas ou amolecidas raras na ausência do uso de laxantes e critérios insuficientes para diagnóstico de Síndrome do Intestino Irritável (SII). Fora isso, podem ocorrer, ainda, presença de complicações como fissuras, hemorroidas, prolapso retal e hérnias. Sem dúvida, o quadro leva a um sensível prejuízo da qualidade de vida, como em outras doenças crônicas
Quais as causas da constipação?
A constipação pode ser primária ou secundária a alguma patologia ou uso de medicamentos. As causas mais comuns de constipação secundária são os distúrbios iônicos do potássio, cálcio e sódio; tumores intestinais ou próximos do intestino que possam comprimi-lo; doenças neurológicas como Parkinson e paraplegia, além de hipotireoidismo. No caso do uso de medicamentos, os principais são os anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores de canal de cálcio via oral e antiparkinsonianos.
E a primária?
É a causa mais comum, que se origina provavelmente por alterações de sensibilidade intestinal e da comunicação entre o intestino e o nosso sistema nervoso central.
As mulheres são as maiores vítimas. Fatores culturais (mulher não pode usar qualquer banheiro etc.) e psicológicos têm peso?
É verdade, sim, que as mulheres adultas sejam mais prevalentes. Entretanto, em crianças predomina o sexo masculino. As causas mencionadas por você sem dúvida participam como explicação, assim como as diferenças hormonais e de sensibilidade visceral parecem também estar envolvidas. Não sabemos, porém, a causa de fato dessa diferença de prevalência entre os sexos.
Há outros grupos de risco?
Sim. Idosos, pessoas com baixo nível sócio-econômico, ingestão inadequada de fibras e água, recém-nascidos, viagem e falta de atividade física.
Quais os tratamentos possíveis?
Os tratamentos envolvem a correção da ingestão de fibras e água, além da prática de exercícios físicos. Na falta de resposta com estas medidas, podemos lançar mão de laxativos (osmóticos, estimulantes, emolientes sozinhos ou associados); biofeedback, que constitui uma espécie de fisioterapia perineal, reservada para casos em que o paciente realiza o ato de evacuar de forma inadequada, ou seja, ele contrai a musculatura errada, por exemplo; e, mais recentemente, a prucaloprida (medicamento procinético, que estimula a atividade gastrointestinal).
E quais as dicas para prevenir o problema?
O problema pode ser prevenido evitando os fatores de risco, ou seja, com ingestão adequada de fibras e água, exercícios físicos, não reprimir o reflexo evacuatório, evitar o uso de medicamentos constipantes e corrigir os distúrbios metabólicos precocemente.
Matéria produzida pela jornalista Adriana Martins e publicada na ATRevista (ano 9, edição 429, página 30), suplemento dominical do jornal A Tribuna, de Santos/SP, em 17/02/2013.
imagem: www.cban.com.br
A constipação crônica, popularmente conhecida como prisão de ventre, afeta 26% da população mundial. Estima-se que 37% das mulheres - a proporção é de quatro para cada homem - sofram com o problema. A principal razão para isso é a própria natureza do organismo feminino, além da falta de hidratação e até mesmo de fatores psicológicos. Tudo isso desempenha papel importante na incidência da doença, que provoca inchaço, aumento de peso, desconforto e mal-estar. O gastroenterologista Ricardo Barbuti, do Hospital das Clínicas de São Paulo, fala mais sobre o assunto.
Quando a pessoa está com constipação crônica? Quais os critérios para o diagnóstico?
A constipação está relacionada com a presença de evacuação insatisfatória, seja por número insuficiente ou por dificuldade ou dor. Entretanto, podemos defini-la segundo um consenso conhecido por Roma lll.
O que diz esse consenso?
Que o início dos sintomas deve ser de pelo menos seis meses antes do diagnóstico. Além disso, é necessária a presença de dois ou mais sintomas nos últimos três meses.
E quais são esses sintomas?
Esforço para evacuar, fezes endurecidas ou fragmentadas, sensação de evacuação incompleta, sensação de bloqueio (obstrução anorretal), necessidade de manobras manuais para facilitar a evacuação, menos do que três evacuações por semana, fezes líquidas ou amolecidas raras na ausência do uso de laxantes e critérios insuficientes para diagnóstico de Síndrome do Intestino Irritável (SII). Fora isso, podem ocorrer, ainda, presença de complicações como fissuras, hemorroidas, prolapso retal e hérnias. Sem dúvida, o quadro leva a um sensível prejuízo da qualidade de vida, como em outras doenças crônicas
Quais as causas da constipação?
A constipação pode ser primária ou secundária a alguma patologia ou uso de medicamentos. As causas mais comuns de constipação secundária são os distúrbios iônicos do potássio, cálcio e sódio; tumores intestinais ou próximos do intestino que possam comprimi-lo; doenças neurológicas como Parkinson e paraplegia, além de hipotireoidismo. No caso do uso de medicamentos, os principais são os anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores de canal de cálcio via oral e antiparkinsonianos.
E a primária?
É a causa mais comum, que se origina provavelmente por alterações de sensibilidade intestinal e da comunicação entre o intestino e o nosso sistema nervoso central.
As mulheres são as maiores vítimas. Fatores culturais (mulher não pode usar qualquer banheiro etc.) e psicológicos têm peso?
É verdade, sim, que as mulheres adultas sejam mais prevalentes. Entretanto, em crianças predomina o sexo masculino. As causas mencionadas por você sem dúvida participam como explicação, assim como as diferenças hormonais e de sensibilidade visceral parecem também estar envolvidas. Não sabemos, porém, a causa de fato dessa diferença de prevalência entre os sexos.
Há outros grupos de risco?
Sim. Idosos, pessoas com baixo nível sócio-econômico, ingestão inadequada de fibras e água, recém-nascidos, viagem e falta de atividade física.
Quais os tratamentos possíveis?
Os tratamentos envolvem a correção da ingestão de fibras e água, além da prática de exercícios físicos. Na falta de resposta com estas medidas, podemos lançar mão de laxativos (osmóticos, estimulantes, emolientes sozinhos ou associados); biofeedback, que constitui uma espécie de fisioterapia perineal, reservada para casos em que o paciente realiza o ato de evacuar de forma inadequada, ou seja, ele contrai a musculatura errada, por exemplo; e, mais recentemente, a prucaloprida (medicamento procinético, que estimula a atividade gastrointestinal).
E quais as dicas para prevenir o problema?
O problema pode ser prevenido evitando os fatores de risco, ou seja, com ingestão adequada de fibras e água, exercícios físicos, não reprimir o reflexo evacuatório, evitar o uso de medicamentos constipantes e corrigir os distúrbios metabólicos precocemente.
Matéria produzida pela jornalista Adriana Martins e publicada na ATRevista (ano 9, edição 429, página 30), suplemento dominical do jornal A Tribuna, de Santos/SP, em 17/02/2013.
imagem: www.cban.com.br
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