Um simples suplemento vitamínico pode ter o potencial de prevenir abortos espontâneos e defeitos congênitos, de acordo com um estudo de 12 anos realizado por cientistas na Austrália. Os pesquisadores identificaram uma deficiência em uma molécula de desenvolvimento chamada NAD que pode impedir que os órgãos de um bebê se formem corretamente no útero – mas o déficit pode ser corrigido por mulheres grávidas que tomam a vitamina B3, que pode prevenir uma série de defeitos congênitos.
É a primeira vez que a NAD (dinucleótido de nicotinamida e adenina) é associada a anormalidades congênitas, identificando uma causa de defeitos congênitos anteriormente desconhecida – juntamente com o suplemento que pode tratar o problema. “As ramificações provavelmente serão enormes”, diz a geneticista de desenvolvimento Sally Dunwoodie, do Victor Chang Institute.”Isso tem o potencial de reduzir significativamente o número de abortos espontâneos e defeitos congênitos em todo o mundo”.
A equipe de Dunwoodie começou sua pesquisa em 2005, quando eles se depararam com o caso de um bebê com grandes defeitos no coração, espinha dorsal e costelas. Uma análise genômica revelou que ambos os pais carregavam uma mutação em um gene envolvido na produção de NAD – uma molécula vital que contribui para a produção de energia, reparo do DNA e comunicação celular.
Vários anos depois, os pesquisadores encontraram uma mutação similar que afeta a produção de NAD na família de outro bebê nascido com problemas congênitos. “Esse foi o nosso momento Eureka”, conta Dunwoodie. Ao todo, a equipe examinou dados genéticos de 14 famílias cujos filhos apresentavam defeitos de nascimento congênitos e achou que as mutações de NAD estavam presentes em quatro delas.
Para testar possíveis mecanismos de tratamento, a equipe criou ratos com a mesma deficiência, usando a técnica de edição de genes CRISPR-Cas9.
Quando ratos fêmeas com a mutação deram à luz, muitos dos filhotes morreram ou nasceram com defeitos significativos -, mas as contrapartes alimentadas com dietas que incluíam suplementos B3 deram à luz filhotes mais saudáveis.
As dietas com pequenas quantidades de vitamina B3 produziram camundongos com menos anormalidades, e a alimentação rica no suplemento promoveu uma ninhada saudável de animais.
Até agora, só vimos esse resultado em animais – e a deficiência principal só foi estudada em quatro famílias humanas – então não devemos nos animar demais com as descobertas. Mas é um começo muito promissor, com potencial para produzir resultados que mudam a vida de milhares de famílias.
“Provavelmente, é a descoberta mais importante para mulheres grávidas desde o ácido fólico”, compara Dunwoodie, em referência à pesquisa histórica que mostrou que o ácido fólico poderia reduzir a incidência de espinha bífida e outros defeitos do tubo neural dos fetos.
A vitamina B3, também conhecida como niacina, geralmente é encontrada em carnes e vegetais verdes.
A pesquisa ainda é muito recente para os cientistas recomendarem qualquer tipo de dosagem específica. “No momento, a recomendação é tomar um multivitamínico padrão, mas todos somos diferentes e isso não impedirá que todas as mulheres tenham bebês com defeitos congênitos”, diz Dunwoodie. “Precisamos identificar as mulheres em risco e identificar um nível seguro de niacina para tomar para prevenir abortos espontâneos e defeitos congênitos”.
Para isso, os pesquisadores dizem que o próximo passo será o desenvolvimento de um teste de diagnóstico semelhante a um teste de gravidez, com amostragem de urina ou sangue, o que poderia facilmente mostrar quais mulheres poderiam ter baixos níveis de NAD. [Science Alert]
por Jéssica Maes
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