domingo, 15 de junho de 2008

Para vencer o câncer de mama


Maira Caleffi, presidente do Instituto da Mama do RS (IMAMA)


A desinformação está matando muitas mulheres no Rio Grande do Sul. Por não fazerem seus exames de rotina e por não tomarem para si a responsabilidade por sua saúde, as gaúchas estão no topo da lista de mortalidade por câncer de mama no País, atrás apenas das cariocas. Em 2008, nosso Estado terá mais de 4,4 mil novos casos de câncer de mama, de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mais grave ainda é o caso de Porto Alegre - a capital é a cidade com maior mortalidade por câncer de mama do País.

Por que tantas mortes se as chances de cura são tão grandes? Para quem não sabe, o câncer de mama é curável em 95% dos casos, se detectado precocemente. O que ocorre é que nossa população desconhece o assunto. Nossas mulheres não estão mobilizadas para o cuidado com sua saúde. Nossos profissionais têm pouca formação para fazer o diagnóstico diferencial entre as patologias mamárias e dificuldade para aplicar um tratamento adequado.

Somado a isso, temos os problemas crônicos que atingem a saúde pública no Brasil. As cotas de mamografias do Sistema Único de Saúde (SUS) são insuficientes para a demanda da população e muitos dos equipamentos usados são de qualidade insatisfatória. Em termos de políticas públicas, temos carência de programas de detecção precoce. Problemas como esses fazem com que o índice de mortalidade pela doença, no Rio Grande do Sul, seja de 18%. É um número absurdo para uma doença curável. Só é compreensível quando constatamos que 49,7% das mulheres acima de 50 anos no País nunca fizeram mamografia em suas vidas.

Em 2006, a neoplasia de mama foi responsável pela morte de 16,9% de mulheres que tiveram câncer em Porto Alegre, de acordo com dados epidemiológicos da Prefeitura Municipal. Sabemos, é claro, que os Estados que apresentam os maiores índices do País são, também, aqueles que mais investem em registro. Em outros Estados de mais baixas taxas, talvez não haja um registro de todos os casos ou as mulheres morram de outras doenças antes de atingirem faixas de risco para o câncer de mama, cuja incidência é maior com o avanço da idade.

A medicina já avançou o suficiente para oferecer cura quando se faz o diagnóstico precoce, com uma vida sem mutilação e resultado estético excelente. O que falta, então, para as descobertas científicas se tornarem realidade na prática? Interesse do poder público? Atitude da sociedade civil?

Seja legal com voce mesma, nao espere ter alguma coisa para procurar um médico. Nao leia e escreva sobre cancer de mama somente durante a blogagem coletiva. Faça sua parte, cumpra a sua obrigaçao e faca exames de rotina porque o câncer de mama pode se espalhar para outras partes do corpo entao é muito importante detectá-lo o quanto antes nos estágios iniciais, aumentado assim, as chances de tratamento não agressivo e de cura.

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