Hoje, os adultos estão fazendo 9 vezes menos sexo do que no final de 1990. Mudanças nos papéis de gênero e redes sociais são possíveis explicações
Os millennials, pessoas que nasceram a partir de 1995, praticaram cerca de 6 vezes menos sexo do que pessoas nascidas na década de 1930, quando tinham a mesma idade. (iStockphoto/Getty Images)
Os adultos de hoje em dia têm feito menos sexo do que os de vinte anos atrás. De acordo com estudo publicado recentemente no periódico científico Archives of Sexual Behaviour, no começo de 2010 as pessoas tiveram, em média, sete vezes menos relações sexuais por ano do que no começo dos anos 1990. Em comparação com o final de 1990, a frequência anual foi até nove vezes menor, segundo informações do The Guardian.
Como já era de se esperar, os resultados do estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos, revelaram que as pessoas com parceiros estáveis fazem, em média, sexo com mais frequência do que aquelas sem parceiros estáveis. Na comparação entre faixas etárias, pessoas mais jovens tendem ter mais relações sexuais do que os mais velhos. Por exemplo, para cada ano acima dos 25 anos de idade, as pessoas fazem, em média, 1,18 vezes menos sexo do que o ano anterior. Isso corresponde a uma queda de 80 relações sexuais por ano na faixa dos 20 anos de idade para 20 relações anuais aos 60 anos.
Mudança de gerações
Para os autores, a tendência parece ser uma mudança ao longo de gerações, já que, quando tinham a mesma idade, os millennials, pessoas que nasceram a partir de 1995, praticaram cerca de seis vezes menos sexo do que pessoas nascidas na década de 1930.
Em geral, o estudo revelou que o declínio na frequência sexual nos últimos anos aconteceu em concomitância com o aumento no número de indivíduos solteiros ou que não possuem um parceiro estável e na diminuição do sexo entre aqueles que são casados ou que têm parceiros estáveis.
Distrações modernas
As razões para isso, segundo os autores, pode ser desde o fato dos filhos demorarem mais para saírem da casa dos pais e irem morar sozinhos, o que pode afetar sua capacidade de ter relacionamentos sérios até distrações modernas como redes sociais e Netflix. Sobre a queda da frequência sexual entre pessoas em relacionamentos estáveis, os pesquisadores acreditam que fatores como depressão, queda na satisfação matrimonial e mudança na dinâmica dos relacionamentos podem ser possíveis explicações.
Qualidade versus quantidade
No entanto, eles ressaltam que os resultados não devem ser considerados desoladores. “É muito possível que, para os jovens, esta seja uma escolha de vida consciente”, disse Ryne Sherman, coautor do estudo. Segundo ele, os jovens hoje podem ter escolhido gastar o tempo em outras atividades ou, simplesmente, terem visões diferentes sobre o sexo, em relação às gerações anteriores.
“É claro que quantidade não equivale necessariamente à qualidade. Então eu acho que uma questão mais importante é: as pessoas estão felizes com o sexo que têm quando têm? Dados de estudos britânicos sugerem que este é o caso para a grande maioria das pessoas, com apenas uma minoria relatando que estavam insatisfeitos com suas vidas sexuais.”, afirmou Cath Mercer, especialista em estatística aplicada na Universidade College em Londres, na Inglaterra e uma das analistas da Pesquisa Nacional Britânica sobre Atitudes Sexuais e Estilo de Vida, ao jornal britânico The Guardian.
Questionário nacional
Foram analisados dados de aproximadamente 26.600 pessoas nos Estados Unidos, sendo cerca de 96% delas heterossexuais. Os dados foram coletados entre os anos de 1989 e 2014 por meio do General Social Survey (GSS). Aproximadamente 94% dos participantes responderam, em uma escala de zero a seis, com que frequência praticavam sexo, sendo 0 “nunca” e 6 “mais do que três vezes por semana”.
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