Sites inventam que problema teria sido descoberto após vacinação de 40 milhões de pessoas. Ministério da Saúde diz que vacina é "segura e eficaz"
Doses de vacina contra a febre amarela (Andre Borges/Agência Brasília/Divulgação)
Enquanto o Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra a febre amarela em dezenove estados brasileiros, conta 144 mortos pela doença e 488 casos confirmados (números da última segunda-feira), sites como o Saúde, Vida e Família e o Pensa Brasil propagam o boato de que “Depois de vacinarem 40 milhões de pessoas, descobriram que a ‘VACINA DA FEBRE AMARELA É UM VENENO MORTAL’”.
A irresponsabilidade é a prova de que criar notícias falsas sobre mortes reais de pessoas não é o bastante para os profissionais da mentira na internet. Limites e consciência simplesmente não existem nesse ramo, que, por outro lado, pode ser bastante rentável: só no Saúde, Vida e Família, o conteúdo foi lido 939.200 vezes; no Pensa Brasil, foram 4.000 compartilhamentos.
Os dois sites têm entre seus anunciantes a Prefeitura de São Paulo, que veicula ali o programa “Nota do Milhão”, lançado pelo prefeito João Doria (PSDB) no início de março.
O texto mentiroso diz o seguinte:
“Um dos possíveis efeitos secundários da vacina Febre Amarela que já matou e incapacitou centenas de Brasileiros tendo sido confirmados 500 casos com esta vacina.
Esta vacina ataca diretamente o sistema nervoso e causa problemas de respiração, paralisia e pode até levar à morte.
[…]
Se tomas vacinas contra a Febre Amarela, é provável que estejas a ser envenenado aos poucos, pois sabe-se que estas contêm produtos químicos neurotóxicos e metais pesados em concentrações alarmantes! Para além disso, não existe uma forma segura de mercúrio, tal como não existe forma segura de heroína. Todas as formas de mercúrio são consideradas altamente tóxicas quando injetadas no corpo! compartilhe máximo que puder!”.
Por meio de nota enviada ao blog, o Ministério da Saúde, que comprou cerca de 12 milhões de doses da vacina e deve entregá-las até o final deste mês, garante que “as vacinas contra a febre amarela são seguras e eficazes quando administradas de acordo com as normas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI)”.
A pasta pondera que a vacina, “como qualquer imunobiológico”, é contraindicada a alguns grupos de pessoas, mas que “trata-se de uma vacina altamente imunogênica (confere imunidade em 95% a 99% dos vacinados), bem tolerada e raramente associada a eventos adversos graves”.
As contraindicações são a crianças menores de seis meses de idade e mulheres que estão amamentando bebês menores de seis meses de idade. Devem ser avaliados por um médico antes de vacinados: pacientes portadores de alguma imunossupressão, seja congênita ou adquirida, gestantes, pessoas acima de 60 anos, pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo ou gelatina.
“É muito importante o cumprimento dessas orientações, pois a vacinação de forma inadvertida poderá, mesmo que raramente, causar eventos adversos graves pós-vacinação”, adverte o ministério.
No meio do texto da notícia falsa, desembesta-se falar também sobre a vacina contra a gripe e os “riscos associados à mesma”:
“Segundo quase todas as histórias publicadas, as vacinas contra a gripe oferecem praticamente proteção certa contra a febre enquanto que o risco nunca é mencionado. Na própria bula é revelado que a vacina nunca foi submetida a ensaios clínicos científicos: ‘Não houve estudos controlados que demonstrem adequadamente uma diminuição na doença influenza após a vacinação com Flulaval’, é o que se pode ler no folheto informativo num texto minúsculo que ninguém lê”
Mesmo assim, as farmacêuticas e várias outras entidades incentivam à vacinação contra a gripe por parte de mulheres grávidas. A mesma entidade que admite que a vacina nunca foi testada, admite também abertamente que esta contém produtos químicos neurotóxicos!”
Na mesma nota enviada ao blog, o Ministério da Saúde esclarece que “todas as vacinas ofertadas no Sistema Único de Saúde passam por um processo rigoroso de avaliação de qualidade, obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS)”.
Por João Pedroso de Campos
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