Especialistas falam sobre opções de alimentos que podem substituir a carne, alvo recente de escândalo
Linhaça: a variedade dourada tem cerca de 30 gramas de proteína a cada 100 gramas (Thinkstock/VEJA/VEJA)
Em meio à preocupação com a qualidade das carnes brasileiras, muita gente passou a se perguntar como substitui-las por outros alimentos.
O temor está associado à operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que revelou um esquema de suposta adulteração de carnes envolvendo alguns dos principais frigoríficos do país. Inicialmente, alguns importadores do produto decidiram suspender as compras do Brasil – alguns, como China e Chile, já voltaram na decisão.
Mas para o governo brasileiro não há motivo para pânico. Além de suspender o registro de exportação dos 21 frigoríficos que haviam sido alvo da operação, a gestão de Michel Temer reafirmou a qualidade das carnes produzidas no país.
Mesmo assim, memes zombando do episódio se multiplicaram na internet, muitos em referência à famosa frase da apresentadora Bela Gil que viralizou no ano passado – em seu programa de culinária na TV, muitas vezes ela sugere substituições de ingredientes por outros mais saudáveis.
A BBC Brasil ouviu especialistas em nutrição para descobrir quais alimentos, inclusive de origem vegetal, serviriam de alternativa às carnes – e também para responder à pergunta do título.
E, sim, é possível trocar a carne por linhaça como fonte de proteína, mas a semente não é o alimento de origem vegetal mais recomendado para a troca nem deve ser ingerido unicamente como substituto.
Entenda os motivos:
Peixes, ovos e laticínios
É consenso entre os entendidos no assunto: ninguém vai morrer de fome se abdicar de carnes de boi, de aves ou de porco.
Em média, um ser humano precisa ingerir de 0,8 grama a 1 grama de proteína por quilo de peso corporal por dia. Ou seja, um homem de 70 kg teria de consumir algo em torno de 56 a 70 gramas diariamente.
Considerando que 100 gramas de carne bovina (um bife pequeno) têm, aproximadamente, 25 gramas de proteína, bastaria consumir 300 gramas do alimento para alcançar a meta diária.
Neste sentido, dizem especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a alternativa mais viável seria optar por outras fontes de proteína animal, como peixes e laticínios, uma vez que a proteína não está somente na carne vermelha.
Veganos
A situação muda de figura quando a proteína de origem animal é cortada totalmente do cardápio. Mesmo assim, é perfeitamente possível atender a mesma necessidade diária de ingestão de proteínas a partir de alguns alimentos de origem vegetal.
Isso porque a presença dos aminoácidos (moléculas orgânicas formam as proteínas) considerados essenciais (aqueles que não conseguimos sintetizar (mas são importantes para o funcionamento do nosso corpo) varia conforme a fonte alimentar, explica a nutricionista e personal diet Julia Granje, sócia do canal no YouTube Nutri Taste.
As chamadas “leguminosas”, como grão de bico, feijão, lentilha e ervilha também são essenciais na dieta, já que substituem a proteína da carne.
A combinação dos grãos com os cereais também gera proteína.
Neste sentido, o arroz (de preferência o integral) com feijão, a combinação mais tradicional na mesa do brasileiro, seria uma boa alternativa para quem quer deixar de comer carne e, ainda assim, manter a ingestão diária de proteína.
Especialistas observam, contudo, que a necessidade diária de proteína de uma pessoa depende de uma série de fatores: peso, nível de atividade física, estilo de vida, biotipo, entre outros. Por isso a importância de acompanhamento profissional.
E a linhaça?
Mas seria possível substituir a carne por linhaça? A resposta é: sim, é possível. Mas não é recomendado.
A variedade dourada tem cerca de 30 gramas de proteína a cada 100 gramas. Ou seja, teoricamente, um homem de 70 quilos precisaria comer em torno de 230 gramas (15 colheres de sopa) da semente para atender à sua necessidade proteica diária.
(Com BBC Brasil)
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