Pela primeira vez praticamente todo o genoma de um feto humano a partir de amostras do sangue da mãe grávida e da saliva paterna foi determinada. O estudo, publicado no periódico Science Translational Medicine, foi realizado por cientistas da Universidade de Washington, em Seattle.
Os pesquisadores, liderados por Jay Shendure e Jacob Kitzman, usaram uma série de técnicas estatísticas comparativas para “remontar” toda a sequência de letras químicas de DNA que compõe o genoma fetal.
A descoberta foi possível porque, primeiro, pedaços do DNA do bebê, muito fragmentados e em pequena quantidade, circulam no sangue da mãe durante a gestação. Por isso, os cientistas também usaram o genoma do pai e o da mãe para balizar a análise. Por exemplo, se ambos os genitores tinham a mesma versão de um gene, aumentava a chance de que o feto também herdara esse gene.
Hoje, a sequência genética de um feto é conhecida por meio da coleta diária de células da placenta ou amostras do líquido amniótico, a “bolsa d’água” que protege o bebê na barriga da mãe. Mas esses métodos não são seguros e podem desencadear um aborto espontâneo.
A nova técnica pode permitir o diagnóstico das chamadas doenças mendelianas, como fibrose cística, distrofia muscular de Duchenne e certos problemas mentais, causados pela mutação de um único gene. E não oferece risco de aborto.
Entretanto, a pesquisa pode levantar questões éticas. Os pais podem não desejar seus futuros filhos por razões que pouco tem a ver com questões médicas. Mas, o teste ainda vai demorar a ser liberado comercialmente, afirmam os pesquisadores.
Os cientistas afirmam, ainda, que a capacidade para gerar dados está superando a capacidade de interpretá-los de maneira que sejam úteis para os pacientes. A interpretação do genoma, mesmo para doenças mendelianas, ainda é um desafio, concluem os pesquisadores.
Por Mondarto
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