O Método Fácil de Parar de Fumar, criado pelo inglês Allen Carr (1933-2006), está presente em mais de 50 países. Baseado em palestras em grupo ou individuais, promete, em seis horas, fazer os clientes fumarem o último cigarro sem sofrer com a abstinência. Caso a pessoa não consiga parar, tem direito a mais dois encontros em até três meses, tudo incluído no pacote (que custa cerca de R$ 500). Se mesmo assim não der certo, o dinheiro é devolvido.
O objetivo do método é desconstruir as associações que os fumantes fazem com o ato de fumar: o cigarro relaxa, ajuda na concentração, faz companhia. A idéia é substituída e é explicado que estas associações ocorrem pelo simples fato de que as pessoas fumam porque são dependentes.
Durante as palestras, com duração de cerca de seis horas, há pausas para fumar. Na primeira, todos correm imediatamente. Nas outras, algumas pessoas nem chegam a sair. E na última, muitos estão convencidos de que vão parar. Os participantes são convidados a jogar os cigarros fora e viver como não fumantes.
Jaqueline Issa, cardiologista responsável pelo programa de tabagismo do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo, diz que esse tipo de programa gera desconfiança. Para ela, são alternativas preocupantes, porque afastam as pessoas da abordagem médica. E complementa: a síndrome de abstinência é uma doença que precisa de tratamento. Para fumantes com níveis altos de dependência, é preciso usar remédios, afirma.
A médica declara ainda que privar os fumantes de um tratamento adequado é uma prática antiética. O acompanhamento médico e psicológico e a prescrição de drogas ou a reposição de nicotina são as melhores formas de evitar o sofrimento da abstinência, afirma Jaqueline Issa.
A cardiologista lembra, no entanto, que há vários níveis de dependência. A abordagem motivacional pode funcionar nos casos menos graves. E conclui: tudo que incentive a parar é bom, mas não se pode esperar efeito milagroso.
Por Mondarto
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