Considerado um "sintoma fantasma", o zumbido pode causar problemas reais.
Nem sempre a cura é possível, mas há caminhos para amenizá-lo
Estudos diversos apontam que entre 15% e 25% das pessoas têm zumbido no ouvido, ou tinnitus, o nome técnico. Dessas, cerca de 80% não ligam para o problema. Os demais sofrem com ele em maior ou menor grau. O zumbido pode acarretar depressão, insônia, afetar a qualidade de vida e a capacidade de executar atividades rotineiras como trabalhar ou estudar. Ouvir esse barulho que ninguém mais escuta pode tornar-se uma verdadeira tortura. Pior: por ser um "sintoma fantasma", nem sempre merece a devida atenção dos médicos, e o paciente acaba recebendo a frustrante orientação de aprender a conviver com o problema. Contudo, existem, sim, tratamentos que minimizam o zumbido e, em alguns casos, conseguem eliminá-lo.
Em geral, o tinnitus advém de uma atividade neural anormal que afeta os mecanismos de atenção e alarme do cérebro relacionados ao sistema auditivo, fazendo com que a pessoa perceba um som que não está sendo gerado no ambiente. Mais de 90% dos pacientes apresentam também perda auditiva. Outra característica comum é o agravamento à noite, período de maior silêncio. Os sons diurnos ajudam a mascarar o zumbido.
Taxa de glicemia alta, alterações emocionais, problemas cardiovasculares, cigarro, álcool e cafeína em excesso, alguns diuréticos e anti-inflamatórios, cerume e inflamações no ouvido podem favorecer o zumbido. Nesses casos, deve-se tratar a causa. Mas em metade dos pacientes não há causas identificáveis. Também não há exames que permitam medir objetivamente o zumbido.
O tratamento varia caso a caso. Podem, por exemplo, ser prescritos medicamentos que aliviarão o desconforto: tranquilizantes, anticonvulsivantes e antidepressivos. Há, ainda, aparelhos como os geradores de som que, colocados no ouvido, produzem externamente um ruído semelhante ao zumbido interno, mascarando-o e proporcionando algumas horas de alívio. Estudos mostram que a pessoa tolera melhor o som externo do que aquele que vem de dentro. Já o retreinamento do zumbido (TRT) usa um som diferente, com o objetivo de promover a habituação, ou seja, fazer com que o sistema nervoso aprenda a ignorar estímulos sem significado. Assim, quando o paciente deixar de ouvir o barulho do aparelho, deixará de ouvir o zumbido também. Recentemente surgiu um sistema que mistura diferentes sons com a mesma finalidade.
Em resumo, há vários caminhos para tratar o zumbido. Portanto, quem sofre com isso não deve dar ouvidos ao conselho de "aprender a conviver com o problema". Deve buscar as soluções que a medicina oferece.
Artigo publicado na Página Einstein da revista VEJA - edição 2267, ano 45, nº 18, pág. 47, em 02/05/2012
imagem:sexoforte.net
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