Reuters/Brasil Online
Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - Estima-se que 33,3 milhões de pessoas sejam portadoras do vírus da aids no mundo, mas a epidemia está começando a se desacelerar e até a ser revertida, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pela ONU.
O total de soropositivos em 2009 era ligeiramente inferior aos 33,4 milhões do ano anterior. Mas estima-se que cerca de 10 milhões de pacientes em países pobres não tenham acesso a medicamentos importantes para controlar a doença.
Crianças e grupos marginalizados, como usuários de drogas e profissionais do sexo, também têm menos chances de receber tratamento do que os demais pacientes, de acordo com o relatório da Unaids (agência da ONU para o combate à doença).
"Pela primeira vez, podemos dizer que estamos rompendo a trajetória da epidemia de aids. Paramos e começamos a reverter a epidemia. Menos gente está sendo contaminada com o HIV, e menos gente está morrendo de aids", disse Michel Sidibé, diretor-executivo da Unaids.
Desde o início da epidemia, na década de 1980, mais de 60 milhões de pessoas já foram contaminadas pelo vírus, e quase 30 milhões morreram. A aids pode ser controlada com remédios, mas não há cura.
O relatório da Unaids diz que a taxa de novas contaminações caiu quase 20 por cento nos últimos dez anos, e que a queda na incidência foi ainda mais acentuada - acima de 25 por cento - entre os jovens nos 15 países mais afetados, o que mostra uma disseminação das práticas sexuais mais seguras.
Mesmo assim, ainda há duas pessoas sendo contaminadas para cada paciente que começa a ser tratado. "Há poucos anos, havia cinco novas infecções para cada duas pessoas que iniciavam o tratamento", disse Sidibé por telefone. "Estamos reduzindo a lacuna entre prevenção e tratamento."
Mas ele salientou que não é o caso de declarar "missão cumprida" contra a aids, pois há preocupação com a redução nas verbas para o combate à doença, que em 2009 se mantiveram estáveis pela primeira vez.
A Unaids disse que havia em 2009 cerca de 15,9 bilhões de dólares disponíveis para o combate à doença, ou 10 bilhões de dólares aquém do necessário.
"A demanda está superando a oferta. Estigma, discriminação e leis ruins continuam representando obstáculos às pessoas que vivem com HIV e a pessoas marginalizadas", disse Sidibé.
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