09.02.2011
A quebra de patentes de alguns medicamentos no ano passado, como é o caso do Viagra, empurraram o mercado de remédios genéricos no país para a maior expansão registrada desde 2002. Em volume, o crescimento do segmento foi de 33% frente ao ano anterior. Em valores, o salto foi maior: 37,7%, movimentando R$ 6,2 bilhões. Nas drogarias, as vedetes foram medicamentos que tiveram seu consumo ampliado em até seis vezes, como o Sildenafil (Viagra) e a Atorvastatina (Liptor), usada para o controle do colesterol.
O crescimento do setor foi superior ao conjunto da indústria farmacêutica, que vendeu no ano passado 2,068 bilhões de unidades, alta de 16,9%. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Genéricos (Pró-Genérico), a projeção para 2011 é repetir o bom resultado de 2010, com crescimento batendo na casa dos 30%. Para isso, o setor anuncia investimentos de R$ 1,5 bilhão e promete abrir ainda este semestre 2 mil postos de trabalho. “O brasileiro está comprando mais medicamentos, e os genéricos têm preços mais competitivos”, diz o presidente da Pró-Genérico, Odnir Finotti. Segundo ele, a diferença de preços chega a 52%. O executivo cita o exemplo do Viagra, que teve seu custo para o consumidor reduzido de R$ 30 para R$ 5, o que alavancou o consumo.
Seguindo os passos da Valsartana, um dos anti-hipertensivos líderes em venda no país, com um mercado que supera os R$ 400 milhões/ano e que entrou no mercado no fim de 2010, outras substâncias estão na lista dos laboratórios. Finotti aponta a Olanzapina, psicotrópico que tem um mercado de R$ 250 milhões/ano com versão genérica programada para chegar este ano às farmácias.
A lei que instituiu os medicamentos genéricos no Brasil completa 12 anos nesta quinta-feira e, cada vez mais, brasileiros abrem mão da referência para economizar. O publicitário José Eugênio Pinheiro usa o Omeprazol para controlar problemas estomacais. “Gasto R$ 60 por mês e sempre compro o genérico prescrito pelo meu médico.” Já a dona de casa Constança Barço lamenta a ausência das drogas em segmentos específicos, como para o controle da diabetes. Ela gasta com remédios R$ 800 por mês porque não tem opção mais barata. “Só uso os medicamentos de referência porque não existem substitutos.”
O peso da farmácia é grande no orçamento do brasileiro. O preço médio de uma receita médica, segundo dados da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) é de R$ 140. “Poderia custar a metade”, defende o vice-presidente da entidade, Rilke Novato. Ele cita que, entre 1999 (quando a lei dos genéricos entrou em vigor) e 2010, a quantidade de unidades comercializadas cresceu 21% no país, já os valores movimentados pela indústria farmacêutica mais que triplicaram, saltando de R$ 11 bilhões para cerca de R$ 36,5 bilhões no período. “O desafio é ampliar o mercado de genéricos no país. A população ainda paga caro pelos remédios.”
Preço
Pela lei, os genéricos devem custar no país pelo menos 35% menos que o medicamento de referência. “Quando o genérico custa mais é sinal que o laboratório decidiu reduzir o seu preço, o que é bom para o consumidor”, diz Rilke. O aposentado Pedro Paulo Utsh utiliza remédio para controle da pressão arterial e antiansiolíticos, sentindo no orçamento o peso da farmácia. Ele conta que tem dificuldades para encontrar as substâncias equivalentes no mercado genérico, mas reforça que o Hyzaar (referência) para controle da pressão já custou quase 50% mais. “Gasto quase toda a aposentadoria de R$ 700 com medicamentos.”
A discussão sobre qualidade não é mais uma preocupação do segmento. “Os genéricos são mais baratos porque entram no mercado após o vencimento das patentes, o que significa um prazo médio de 20 anos. Temos apenas que produzir igual ao original”, afirma Finotti.
Do Estado de Minas
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