O risco de um diabético sofrer um infarto chega a 40% nos homens e 50% nas mulheres. Quando a doença se instala, potencializa outras condições de risco, como a pressão alta e o colesterol elevado. O diabetes é uma espécie de combustível perverso, difícil de ser removido e pronto para causar muitos problemas.
A doença ocorre quando a glicose, principal forma de energia das células, aumenta sua concentração no sangue. Isso pode ocorrer durante a digestão de carboidratos contidos em alimentos como farinhas, massas, pães, batata, mandioca, doces e açúcares. Após o processo digestivo, a glicose circula no interior dos vasos, sendo distribuída por todas as células do corpo para se transformar em energia. Para entrar nas células, ela depende da insulina, hormônio fabricado no pâncreas. Quando uma pessoa tem aumento da gordura abdominal, libera substâncias inflamatórias tóxicas prejudiciais à ação da insulina, causando o diabetes tipo 2. Essa é a forma mais frequente da doença em adultos. Mais raros são e continuarão sendo os casos de diabetes tipo 1, causados pela redução da fabricação de insulina pelo pâncreas após uma agressão do sistema imunológico.
Ao se instalar no organismo, o diabetes segue uma lógica: as células não absorvem a glicose como deveriam, pois a insulina não está agindo corretamente. Resultado: a glicose e a insulina excedentes sobram nos vasos. Esse acúmulo provoca danos, pois aumenta a formação de placas de gordura que geram coágulos que, por sua vez, podem entupir vasos ligados a órgãos como coração, cérebro e membros inferiores, causando infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral, popularmente chamado de derrame). Muitas vezes o infarto ocorre antes de o diabetes apresentar sintomas ou ser diagnosticado.
As doenças cardiovasculares estão entre as causas mais frequentes de morte no Brasil. Evitar o diabetes significa afastar essa ameaça. E não é difícil seguir esse caminho. Primeiro, é necessário avaliar a presença de fatores de risco, como tabagismo, excesso de gordura abdominal, hipertensão, sedentarismo, dieta pobre em fibras e história de diabetes na família. Quando esses fatores existem, o acompanhamento com um profissional de saúde promove uma melhora gradual no estilo de vida e reduz o risco de desenvolver a doença em cerca de 60%. Em pessoas com diabetes, a orientação ajuda a reduzir a gordura abdominal e a controlar melhor os níveis de pressão, colesterol e glicose, diminuindo os riscos de infarto e de AVC. Já os que não desenvolveram nenhum fator de risco sabem: boa alimentação e exercício físico regular podem manter o diabetes bem longe.
(Artigo publicado na Página Einstein da revista VEJA de 12/01/2011 - edição 2199, ano 44, nº 02, pág. 37)
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