Crianças com excesso de peso precisam de uma atenção especial, pois o excesso de “fofura” pode desencadear doenças graves como hipertensão e diabetes.Brasília - Quem acha bonito ver uma criança gordinha, está na hora de começar a repensar os seus conceitos. A obesidade infantil tem preocupado os médicos de todo mundo. Essa não é uma característica apenas de países desenvolvidos. No Brasil, 15% das crianças são obesas, o que o coloca entre os quatro países com maior incidência desse problema.
Segundo a nutricionista Adriana Cavalcante Yoshimine, não é difícil para a própria família identificar se a criança pode estar caminhando em direção à obesidade infantil. “Basta observar os hábitos alimentares e estilos de vida. Aquela criança que possui alimentação rica em salgadinhos, doces, pizzas, sanduíches, frituras e alimentos industrializados, pratica pouca ou quase nenhuma atividade física, passa muito tempo em casa assistindo televisão ou ao computador, são fortes candidatas a se tornarem obesas futuramente, caso já não estejam com excesso de peso”, explica.
Além da má alimentação e da falta de atividades físicas, a obesidade infantil também está associada a fatores genéticos, familiares, ambientais e psicológicos. Porém, os hábitos alimentares exercem papel primordial na sua formação. “À medida que uma pessoa ingere mais calorias do que gasta ao longo do dia, a tendência é de armazenar este saldo de energia na forma de gordura”, aponta a nutricionista.
A criança obesa pode desenvolver doenças comuns a pessoas adultas. “Hipertensão arterial, dislipidemia (colesterol elevado), diabetes tipo 2, arteriosclerose, infarto e acidentes vasculares cerebrais são apenas algumas das enfermidades que podem acometer a criança com excesso de peso”, explica a endocrinologista pediátrica, Norma Sueli Marino Alves.
O tratamento de uma criança obesa necessita de acompanhamento multiprofissional, com médicos, pediatras, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física atuando juntos, para contemplar todos os fatores etiológicos da obesidade. Porém, toda a família deverá ajudar no processo. “É importante que os pais também adotem uma dieta saudável. Não há como querer que a criança coma bem se os hábitos da família não são adequados”, reforça a endocrinologista, lembrando que a escola também precisa adotar práticas alimentares adequadas.
A mesma opinião tem Adriana. Para ela, a escola deve se sentir responsável pela educação alimentar dos alunos, fomentando a prática de atividades pedagógicas e educativas relacionadas à alimentação saudável. “Ela precisa sensibilizar não só os alunos, mas também os professores, funcionários e familiares, adequando as lanchonetes, restringindo o comércio de alimentos gordurosos e ricos em açúcar e capacitando profissionais responsáveis pelas refeições dos escolares”, diz.
De acordo com Adriana, as crianças obesas têm 50% de chances de se tornarem adultos obesos, e adolescentes obesos cujo os pais têm a doença, possuem 80% de chances de seguirem o mesmo caminho. “Dados como estes apontam claramente o quanto é problemático e preocupante a situação da obesidade infantil. As complicações e o impacto que estas doenças causam na vida de uma criança vai muito além do que se pode imaginar, interferindo na auto-estima e podendo gerar distúrbios psicológicos, depressão, isolamento, ausência de convívio social, dependência de álcool ou drogas”, alerta a nutricionista.
Comida colorida – Uma criança obesa precisa mudar os hábitos alimentares. Alimentos industrializados, doces, salgadinhos, refrigerante e fast-foods saem do cardápio para dar lugar a uma dieta colorida rica em frutas e verduras. “Costumo ensinar às crianças a colorir seu prato colocando alimentos com pelo menos cinco cores diferentes, o que garante uma variedade nutricional”, ensina a endocrinologista Norma.
Adriana, diz, também, que é indispensável uma boa ingestão de cereais integrais, frutas, verduras, fontes protéicas de origem animal e vegetal. A dieta precisa ser equilibrada em carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, sendo indispensável uma boa ingestão de cereais integrais, frutas, verduras, fontes protéicas de origem animal e vegetal. Contudo, ela explica que a prevenção da obesidade infantil inicia-se com a amamentação exclusiva do bebê até o sexto mês de idade e da introdução correta dos alimentos complementares a partir do sexto mês. “Por isso é tão importante o acompanhamento nutricional da mãe e do bebê nesta fase, pois já é possível prevenir futuras patologias e garantir a saúde da criança”, afirma.
Uma vez adotada uma dieta saudável, associada à prática de atividade física, a criança poderá ter uma vida tranqüila. “E é bom enfatizar que a pessoa que se reeduca e deixa de ser obesa não precisa viver à base de dietas para perda de peso com baixíssimas calorias. Alimentação saudável também envolve prazer em comer, e é possível manter um ótimo padrão alimentar comendo um pouco de tudo. Basta ter moderação e equilíbrio entre a ingestão”, conclui a nutricionista.
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