terça-feira, 4 de março de 2008

DISFUNÇÃO ERÉTIL: Direção segura




A guerra contra a impotência percorre uma estrada sinuosa. Quem procura tratamento tem a chance de descobrir que a disfunção erétil nem sempre vem sozinha. Ela pode ser o resultado sintomático de uma série de problemas em diferentes áreas do organismo masculino. Em homens com menos de 40 anos, cerca de 80% dos casos têm origem psicológica. Dos cinquentões para cima, os mesmos 80% são provocados por distúrbios orgânicos, explica o professor de urologia da Unifesp Joaquim Francisco de Almeida Claro, 42.

Nessa faixa, a impotência está relacionada a doenças hormonais (diabetes, queda de testosterona, problemas endócrinos), neurológicas (lesões na medula, mal de Alzheimer e Parkinson) ou vasculares (hipertensão arterial, aterosclerose). Portanto tratar a disfunção envolve obrigatoriamente a descoberta de sua causa.

A maior pesquisa sobre o tema já realizada no país revelou que 54% dos brasileiros (cerca de 25 milhões) sofrem de algum problema de ereção. O estudo, feito pelo ProSex (Projeto Sexualidade), do Hospital das Clínicas, em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), ouviu 71.503 brasileiros, de 20 e 103 anos. Divulgada no final de maio, a pesquisa, patrocinada pelo fabricante do Viagra (Pfizer), mostra que 1 milhão de novos casos são registrados no Brasil por ano. Segundo o estudo, doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e sedentarismo são fatores de risco. O doente demora, em média, dois anos e três meses para procurar ajuda médica.

Apesar dos avanços na medicina e da diversidade de opções de tratamento, impotência continua sendo um palavrão impronunciável para boa parte dos brasileiros. A estimativa é de que apenas um em cada dez atingidos busque ajuda médica. E não é por falta de opção. Chamados de tratamento de primeira linha, os remédios que ajudam a promover a ereção -são quatro no Brasil- têm ação mais duradoura e cada vez menos efeitos colaterais. O mercado brasileiro é considerado o segundo maior do mundo para esse tipo de droga, atrás dos EUA.

O Viagra (Pfizer) chegou em 1998 e reinou sozinho até 2001, quando foi lançado o Uprima (Abbott). Em maio último, vieram o Cialis (Eli Lilly) e o Levitra (Bayer/Glaxo), que atuam praticamente de mesma forma que o Viagra. É bom deixar claro que nenhum funciona se não houver estímulo sexual. Além disso, não servem para cerca de 20% de pacientes, portadores de impotência em grau mais avançado. A esses restam tratamentos de segunda linha (injeções penianas), com sucesso em até 90% dos casos tratados, e os de terceira linha (prótese peniana), com o mesmo índice de aprovação, diz Joaquim Claro.

Outra ressalva importante diz respeito ao uso indiscriminado e desnecessário desses medicamentos. Inseguros ou seduzidos pela possibilidade de potencializar o desempenho, muitos jovens viraram usuários frequentes. "A superereção que eles conseguem com o remédio pode torná-los dependentes psicologicamente", alerta Sami Arap, 67, urologista do Hospital das Clínicas. Também não adianta encarar as pílulas como panacéia contra uma vida sexual insatisfatória. "Pacientes com relação deteriorada não vão resolver o problema conjugal com esses remédios", alerta o urologista Sílvio Pires, 38, da Santa Casa.
Como funciona a ereção
- Estimulado por apelos visuais, táteis e mentais, o cérebro envia mensagens químicas através dos nervos da espinha dorsal, até o órgão sexual masculino

- Ao chegar ao pênis, essas mensagens provocam a liberação de várias substâncias, entre elas o óxido nítrico, responsável pelo relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos

- O relaxamento faz com que os vasos se dilatem, deixando o órgão mais longo e permitindo que seus corpos cavernosos, ocos, sejam preenchidos por sangue

- A compressão das veias menores faz com que o sangue seja represado, mantendo o pênis ereto

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